sábado, dezembro 31, 2016

- o carteiro -

Diz-se que um escritor escreve sempre o mesmo livro; ou seja, o seu universo, por maior que seja, engloba um número limitado de assuntos acerca dos quais ele tem interesse em escrever. Acho que se passa o mesmo com os realizadores. Em conversa com um amigo falou-se do último filme do Woody Allen. "Não gostei", disse eu. "Eu gostei", disse ele. "Achei que era uma colagem de vários elementos de outros filmes dele", disse eu. "Não se pode esperar que aos 80 anos e a fazer um filme por ano o homem continue tão fresco como no início. Além disso, gostei da mensagem do filme. Fala sobre as coisas que mudam. Tudo muda...", disse ele. Não respondi, mas na minha cabeça o filme era exactamente sobre o oposto, sobre aquilo que nunca muda, sobre os sentimentos que temos e que, por mais mundo que percorramos, nos acompanham. Há até uma frase que diz que podemos mudar tudo o que quisermos à nossa volta, mas nem mesmo isso vai mudar o que quer que seja, dentro de nós. Não me lembro bem... tenho isso anotado num livro... tenho de ver.*
Obviamente nada é para sempre, nem imutável, mas nos filmes do Woody Allen, há coisas que parecem denominadores comuns, coisas que nunca mudam. Ora vamos lá:

passeio de charrete em Nova Iorque:









Woody Allen
Manhattan
1979














Woody Allen
Café Society
2016
 
Reflexões sobre o Judaísmo

Woody Allen
Hannah and her sisters
1986


Woody Allen
Café Society
2016

Final do Ano enquanto cena final do filme (o final de ano deixa tudo em aberto. ou "em fechado", dependendo do ponto de vista)










Woody Allen
Os dias da Rádio
1987











Woody Allen
Café Society
2016

E "assim acontece". Um bom ano!

*Não concordo, mas aqui fica a tal citação: "Pode o deus que em mim vive mover profundamente todo o meu ser; mas nem mesmo ele, que comanda todas as minhas forças, pode mudar o que quer que seja à minha volta". (Nerval - Fausto/Goethe. Editorial Estampa)