terça-feira, julho 22, 2014

- o carteiro -

ora então boa tarde. tudo bem com vocês? eu vou tendo dias. estou como diana ross: in a middle of a chain reaction. bom, hoje trago-vos um post incompleto que não sei se algum dia vou ser capaz de completar. então cá vai: 
estava a falar com um professor (agora ex) que me disse que o Carlo Crivelli tinha uma pintura de São Pedro onde na dalmática era possível observar uns arabescos. Esses arabescos tinham sido identificados por um estudioso que disse corresponderem às palavras da shahada ("Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta"). Ora andei ali às voltas, à procura dos arabescos na dalmática, mas não encontrei nada. A dalmática é impecável, lindíssima, como é toda a pintura. Algumas das partes da pintura são escultura/modelação, como as chaves de São Pedro que são feitas em madeira e o rebordo em corda em torno das figuras da dalmática. Note-se que a pintura pertence ao altar Demidoff que está na National Gallery, em Londres, embora nem mesmo na página da instituição seja feita qualquer referência à shahada. 





















Carlo Crivelli
The Demidoff Altarpiece
1476
National Gallery, Londres


De facto não é na dalmática que se encontram os arabescos, mas no livro que São Pedro tem na mão, debaixo da dalmática. Parecem só rabsicos, sem nenhuma ordem, mas acho que pode ser a shahada. Vejamos a comparação:
































Carlo Crivelli
The Demidoff Altarpiece - São Pedro
1476
National Gallery, Londres


















Carlo Crivelli
The Demidoff Altarpiece - São Pedro (pormenor)
1476
National Gallery, Londres


Vamos rodar e aproximar para comparar































Como Crivelli pinta isto, não sei. Sei que ele era veneziano e viveu na Dalmácia (parecido com dalmática, bem sei), perto do Oriente. Veneza tinha comércio com o Oriente e por isso não seria impossível estes livros circularem. Uma destas três hipóteses pode justificar a presença da shahada numa pintura relativa a um santo católico: ou o Crivelli sabia o que estava escrito e desafiou a norma instituída; ou sabia o que estava escrever e não desafiou a norma instituída porque já às portas do Renascimento havia uma boa convivência entre culturas e essas questões não se colocavam; ou então (e eu inclino-me mais para isso), o pintor não sabia o que estava a pintar e apenas copiou algo que viu e que achou interessante. E assim acaba a história, pelo menos para hoje. Espero ter, em breve, mais para vos contar acerca disto. Entretanto, vou ver se acalmo a chain reaction...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

fora da posta:

http://www.nowness.com/day/2014/7/23/4020/fashion-futures/?utm_source=TW&utm_medium=SM&utm_campaign=TW1001

abraço

antónio

23/7/14 10:43 da manhã  
Blogger Belogue said...

Olá António, tudo bem?
Agora "tuíta", não é? Obrigada por esse link. Apareça mais vezes, nem que seja para deixar só links. Um abraço

31/7/14 12:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

isso isso, agora perco-me por lá :)
AM

21/8/14 8:47 da tarde  
Blogger Belogue said...

é coisa que não me "sóia", como diria o nelo do "nelo e idália". mas tudo bem

22/8/14 7:08 da tarde  

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