quinta-feira, agosto 30, 2012

- o carteiro -

caí nas escadas. na verdade, caí das escadas. para proteger a cabeça, bati com o rabiosque em cada uma das esquinas nos degraus. au, au, au, au, au... fuck! entravada, fiquei sem fazer exercício físico e talvez por causa disso, sem fazer o meu cocozinho. três semanas nisto. e seria isto, que segundo a minha lógica, me teria levado a aumentar de peso. lá estava mais meio quilo. podia de facto ter sido pior: podia ter morrido (ei, que exagero), podia ter partido o cóccix, ou a bacia ou qualquer outra coisa. podia ter engordado mais. mas a razão por que exponho (nunca sei se é "por que" ou "porque") a história é porque o médico me alertou para a forma distorcida como eu a contava. segundo o meu pensamento, uma vez um aumento de peso, para sempre um aumento de peso. logo, se num mês aumentei 500grs, num aumento aumentaria 6quilos, em 10 anos 60 quilos e quando tivesse 80 anos pesaria 280kgs, mais coisa menos coisa. "e tem lógica", disse eu. "mas nem tudo que tem lógica é verdade, enquanto tudo o que é verdade tem lógica", disse ele. não podia argumentar. para mim, a razão para aumentar de peso, é aumentar de peso: a próxima pesagem vai acusar um número superior à anterior simplesmente porque o corpo é cumulativo: quanto mais lhe damos, mais ele quer. e não pára, o raio do coiso. "se fosse assim", disse ele, "você teria descoberto a cura para a fome em África. bastava dar-lhes meio pãozinho por dia, mantê-los quietos e sem fazer cocozinho e passado um mês estavam que nem ocidentais". e eu ainda acredito que é assim.
na praia senti-me um homem, a olhar para o rabiosque as mulheres. claro que nenhuma delas tinha cocozinho entalado nem as dores que eu tinha, mas pareciam-me ter rabiosques lindos. todas elas. não vi celulite, nem flacidez, nem rabos gordos, nem caídos. talvez a minha praia seja um paraíso quando vista pelas lentes da minha imaginação. talvez exista algo "echchchquizito" com o meu corpo.