sábado, outubro 29, 2011

- ars longa vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou como eu não faço ideia daquilo que estou a escrever. não sei, pareceu-me que isto dava um antes e depois, mas já nem sei. em primeiro lugar, Miguel Ângelo e um fresco em particular da capela sistina (agora com o novo acordo ortográfico, vai tudo a minúsculas, como o valter hugo mãe de cuja escrita me coibirei de falar). este fresco refere-se ao conjunto reservado para as figuras do antigo testamento e à genealogia de cristo. diz Mateus (capítulo 1, versículo 4):"E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom". Naassom é a figura masculina do fresco, a que está de costas. embora de costas, as duas figuras são as únicas deste conjunto que olham para a mesma direção, e ambas de perfil. miguel ângelo pintou-as, ao contrário do que aconteceu nos outros casos, sem nenhuma preocupação com a simetria das figuras e do fresco. a mulher está de pé, com um pé assente num dos degraus e a olhar-se para o espelho que segura com uma das mãos, mão que corresponde ao braço cujo cotovelo assenta no joelho levantado. o que é que se destaca? o facto de a cabeça da figura seguir o desenho da luneta, o penteado (rabo de cavalo, não me parece que fosse muito usado) e os brincos de ouro. do outro lado está o nosso amigo Naassom, a ler um livro com uma perna esticada e outra dobrada e de braços cruzados. parece que está a prestar mais atenção ao que o rodeia do que ao livro, ao deitar aquele olho de lado. bem... e se primeiro era o verbo, como diz a bíblia, a seguir vem o substantivo, o poussin. o poussin é assim a modos que uma coisa amorfa: nem é carne nem peixe... é muito académico e demasiado certo. está tudo certo, mas não tem piada. falta-lhe... "sustânça". claro que ninguém lhe pode retirar o domínio do desenho de arquiteturas clássicas que contextualizam uma cena sacra. claro que há uma preocupação em enquadrar as figuras e desenvolve-las ao longo de um triângulo imaginário (com cantos no pé do homem mais à direita, no manto da mulher de amarelo mais à esquerda e na cabeça da Virgem). agora... não me venham dizer que ele está ao nível de um rafael, por exemplo! ora bem, é este homem mais à direita, que não sei se é profeta, ou se é josé (ía mais para o profeta), mas a verdade, é que há ofertas, as ofertas dos reis magos, no chão. se assim for, josé faz sentido. mas então o que é que está aquela mulher a fazer ali? não pode (deve?) ser santa ana porque tem uma criança e santa ana só foi mãe de maria. podia ser isabel, mãe de são joão baptista, mas então o pintor teria feito coexistir no mesmo espaço vários tempos. bem, e com esta me vou. vou ler e fingir um ar inteligente e feliz.

Miguel Angelo

Nahshon
1511-12
Cappella Sistina, Vaticano


Poussin
Holy Family on the Steps
1648
Museum of Art, Cleveland

2 Comments:

Blogger AM said...

o walter hugo mãe comenta no a causa foi modificada
o antes e depois pareceu-me bem
muito bem

30/10/11 9:05 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro António:
a causa foi modificada com letra maiúscula ou minúscula? posso ser sincera? ele e o José não-sei-quê peixoto... não consigo ler... e quando tento, acho aquilo boçal, aborrecido.

mas enfim, também não consigo ler murakami e toda a gente diz que é bom.

22/11/11 12:15 da manhã  

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