quarta-feira, setembro 28, 2011

- o carteiro -

três em um:
[1]
Uma leitora do belogue (não sei se a mesma deseja ser identificada ou não) fez chegar esta manhã à caixa de correio electrónico a digitalização da crónica do Pedro Mexia de que falei no post anterior. Apesar de já o ter feito por email, gostaria de agradecer nova e publicamente e fazer notar aos visitantes que o pedido já foi satisfeito.

[2]
Deixo aqui uma versão dos manuscritos do Mar Morto on line pela Google e pelo Israel Museum.

[3]
ontem quando acordei é que percebi o quão sozinha estou. a boa notícia é que espero ter pronto, até ao fim da semana, um conjunto de posts dignos desse nome e que possam tapar este.

terça-feira, setembro 27, 2011

- o carteiro -

será que algum leitor habitual ou casual, me poderia fazer o favor de enviar para o endereço de email (no cabeçalho) a crónica do Pedro Mexia na Atual do Expresso de 13 de agosto? era para o trabalho de Literatura Comparada. já procurei na biblioteca, mas não guardam os suplementos. agradecida.

sábado, setembro 24, 2011

- si facuisses, philosophus mansisses -
Boécio

Os deuses gregos não moram no Partenon. Quem "mora" no Partenon é Atena. (Quando muito moram no Olimpo)

terça-feira, setembro 20, 2011

quando a minha idade era outra que não esta, a minha idade era de facto outra que não esta. o número que correspondia, em peso, ao número dos meus anos, era no entanto o mesmo que este que trago. 14 anos depois, voltei a ter o peso mínimo e nunca me senti tão abjectamente grande como hoje. o meu corpo ridículo ao espelho fez-me ter vontade de cortar as ancas e servi-las ao médico como rojões do porco de engorda que sou. no banho esfreguei-me para limpar o nojo que me sinto.

segunda-feira, setembro 19, 2011

- o carteiro -

sócios, ando ocupadíssima com os trabalhos de literatura comparada, iconografia e com coisas que me passam pela cabeça. tinha um post sobre as judites na pintura, mas deitei o papel fora. por isso só posso deixar isto:
- The artist is present (jogo sobre a performance homónima de Marina Abramovic)
- King Robbo vs Bansky (documentário do Channel 4 sobre a street art e o graffiti)
peço muita desculpa, mas é o que há.

sexta-feira, setembro 16, 2011

agora vi que o guardian já tinha escrito sobre isto em maio

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou uma coisa assim parecida. sabem que eu gosto da B. que a acho um mulherão, uma boa voz, uma grande artista; ou seja, as letras não são boas, de facto não são, mas são catchy e fazem-nos dançar e a mim deixam-me feliz, pronto! e sabem também que não gosto da Lady Gaga (que nem merecia o nome escrito com maiúsculas) e que até fiz um post em que a comparava com a Roisin Murphy e que mostrava que a Gaga estava a anos-luz da Murphy. com muita parcialidade, é óbvio, digo que a Madonna é uma visionária, capaz de incorporar nos seus vídeos aspectos da filmografia do Fritz Lang, mas que a Gaga é uma copiona. da mesma forma parcial, diria que o mote deste post não é mais do que o resultado dos grandes conhecimentos da Beyonce que pediu ao realizador do vídeo do seu single "Run the world (girls)" (Francis Lawrence) para ter uma visão artística mais vasta e procurar, quem sabe, influências em Pieter Hugo. diria, mas não estou muito convencida disso. é que "em verdade vos digo" (como dizia Jesus nas parábolas), acho que o realizador estava a tomar para o vídeo referências directas sem fazer menção às mesmas e acho que à B. nem sequer passa pela cabeça a existência de um tipo chamado Pieter Hugo. É que em 2005, Pieter Hugo, um fotógrafo da África do Sul tirou esta fotografia na Nigéria. Pelo que percebi do site, as suas fotografias não sendo uma maravilha, refletem sobre a vida em algumas nações africanas como a Nigéria e o Ruanda (as séries que gostei mais foram as do homem com a hiena e dos albinos estrábicos/cegos e outros). ora a fotografia em questão, de um homem com uma hiena pela trela assimila dois momentos que aparecem no vídeo da Beyonce: por um lado a surpresa e estranheza de uma hiena "domesticada" como se fosse um cão, por outro o local; ou seja, um viaduto com os pilares cobertos de posters, onde o chão é areia e que mostra a separação das faixas, com a linha de luz sobre o interveniente. ora, por mais artista que a B. seja, acho que entre tanta unha para fazer, cabelo por esticar e shopping protocolar, não se ia lembrar que um tipo na Nigéria fez uma coisa parecida. ou vice-versa.
Pieter Hugo
Abdullahi Mohammed with Mainasara, Nigéria
2005



Francis Lawrence
Who run the world (girls) 2011

terça-feira, setembro 13, 2011

- 6 anos de belogue -

há seis anos a espalhar a boa nova*:

obrigada a todos. desculpem se não fui tão regular quanto eu desejava. desculpem se às vezes me fugiu o tom para o confessional. desculpem se os posts não foram tão bons quanto queria. o que é que posso dizer... sinceramente, obrigada

*e moda

sexta-feira, setembro 09, 2011

- não vai mais vinho para essa mesa -


quarta-feira, setembro 07, 2011

- original soundtrack -

este post foi escrito dia 2 de setembro. por isso não tem nada a ver com o artigo do Público sobre o yé-yé:

The Lord knows best
When it comes to you,
And you know well that I
Don't give a damn about anything but you.

Oh, yes, you do!

I've traveled through the streets,
And I've walked through the valleys,
The Lord knows best that I
Don't give a damn about anyone but you.

Oh, yes, He does!

The Lord knows best
When it comes to you.
Oh, yes, He does!

(Lord knows best, Dirty Beaches)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

este título podia mudar, mas não conheço nenhum que me pareça, portanto fica este.tinha muito para dizer, mas não posso. por isso, vamos ao post. dizem que Andrew Wyeth foi muito marcado, neste quadro e em outros que datam de cerca deste ano, por uma mudança que ocorreu na sua vida: o pai morreu, 3 anos antes num acidente de viação. [chiça, estou mesmo irritada com esta porcaria!]. a partir daí os quadros de Wyeth mostram pessoas em atitudes muito mais contemplativas e até, "plantivas", pois tal como esta Christina, outras personagens parecem estar plantadas na sua pintura. Este quadro mostra Christina, uma senhora dos seus 50 anos, da família Olson, família que o pintor conheceu no Maine. A casa que vemos ao fundo é a da quinta dos Olson. E o que tinha Christina? Christina, que aparentemente não tem nada, era uma pessoa que padecia de uma doença degenerativa que a obrigava a deslocar-se em cadeira de rodas, ou na ausência desta, rastejando. É o que Christina faz. Se ela por acaso não deixa transparecer os seus 50 anos (mais ou menos) é porque a cabeça foi pintada tendo como modelo, não Christina, mas Betsy, a futura esposa de Wyeth. A composição é quase assimétrica, mas nunca desequilibrada, pois o corpo de Christina, pesado e preso à terra é compensado pelo casario em cima, à direita. E outra coisa que é muito engraçada (ui, que piada!) é que não obstante as distâncias, Christina é tão nítida quanto a relva e a própria casa. Como vimos, o modelo para a cabeça foi Betsy. Ora o nome do quadro de Richter (que na minha opinião apresenta muitas semelhanças com o quadro de Wyeth) é muito parecido com esse: é Betty, não Betsy. E sim, é uma pintura. Acho que tem outra técnica associada, mas segundo o site do autor são pinturas fotográficas (talvez hiperrealismo, mas sem o consumismo e cultura popular associada). Esta Betty, que os entendidos dizem estar a imitar a postura da banhista de Valpinçon de Ingres, de costas para o observador, é a filha do pintor. Ora a diferença entre a pintura de cima e a de baixo, para além do tempo, é a do conceito. Christina olha para o seu mundo, para a sua casa, mas Betty não olha para nada, ou pelo menos não sabemos para onde ela olha. E como ela ocupa toda a tela, e tapa o que quer que seja que observa, torna-se assim o próprio objecto de observação. Quem olha para a tela não vê o que ela vê, mas vê-a apenas. (os críticos dizem que ela não estava a olhar para o vazio, mas para uma das telas do pai. não sei, não opino). Admirável na técnica, o centro do quadro é o ombro rodado, que sobressai devido ao contraste com casaco colorido sobre o fundo negro. Este quadro foi pintado no mesmo ano em que Richter completou o conjunto de pinturas sobre o grupo Baader-Meinhof, de seu nome October 18, 1977. Tanto num caso como no outro, os retratados desafiam a compreensão geral e até mesmo, a capacidade de qualquer observador se solidariarizar com os mesmos:

Andrew Wyeth
Christina's world
1948
MoMA, Nova Iorque


Gerhard Richter
Betty
1988
The Saint Louis Art Museum
- o carteiro -

(continuação)
Qual a razão para os artistas se retratarem? Não é por uma questão de vaidade, assim como não é, apenas por vaidade, que monarcas, clérigos e aristocratas se fazem pintar. Da mesma forma, não é por uma questão de vaidade que soldados, artesãos e camponeses figuram em telas. Ainda que se observem diferenças, ambos os lados da sociedade posam para o pincel dos artistas por questões de perpetuação da memória histórica. Uns são chamados a ficar para a História, outros colocam-se na História (veja-se a Mona Lisa, por exemplo) outros convocam-se e alguns simplesmente não sabem que são retratados (muitos deles sem nome, em representação do grupo). Há porém, no caso dos pintores que se retratam, razões de ordem prática que nem de nos passam pela cabeça. Sir David Wilkie, em The Blind Fiddler acabou por inserir o seu próprio rosto na cabeleira de uma mulher. Francis Bacon dizia que se pintava porque toda a gente à sua volta estava a desaparecer, a "morrer como moscas", o que o fazia entediar-se e decidir por se pintar. Esta ideia de que o artista se pinta, à falta de melhor, é porém enganosa, pois dá a entender que o pintor compreende o seu rosto com facilidade e que é também por isso que se pinta. Ora, na realidade os artistas (incluindo Picasso que era um desenhador fluente) tinham muita dificuldade em fazer uma avaliação imparcial de si a nível físico. Talvez por isso, muitos artistas se tenham retratado como o melhor dos seus antecessores. Van Dyck pintou-se como Rafael num duplo retrato com um amigo, Rembrandt preferiu mimetizar as poses de Rubens e Ticiano, enquanto Otto Dix tomou como modelo Hans Holbein. Whistler tentou a pose de Velázquez em Pablo de Valladolid.

Van Dyck
Sir Endymion Porter and the artist
1632-1641
Museu do Prado

Agora, meus amigos, quando o artista estava sob a alçada de um mecenas e tinha por isso mais tempo (e apoio financeiro), esmerava-se. Todos eles caem na tentação de exibir aquilo que podemos considerar atributos, mas que eram na verdade um cordão de ouro ao peito, cordão esse que marcava o encomendador e o executor. Exemplos surgem-nos de Ticiano (com o seu cordão, presente do Imperador Carlos V); Van Dyck no "Self-Portrait with sunflower" e até Rembrandt, cujo cordão deve ter sido comprado.
Van Dyck
Self-portrait with a sunflower
1632
Colecção Privada

Há porém o caso de pintores que se auto-retrataram não para memória futura, por prestígio ou vaidade, mas porque... teve de ser. De formas diametralmente afastadas Judith Leyster e Poussin pintaram-se porque teve de ser. Ela foi uma pintora muito confundida com Frans Hals, devido ao seu estilo alegre semelhante ao do referido pintor. Talvez como forma de se impor, Leyster compôs este auto-retrato no qual nos convida a entrar na pintura, a puxar uma cadeira e sentar, num estilo informal, tanto que o quadro parece uma fotografia que, por ser para íntimos, pode ser mesmo cortada no cotovelo. Leyster sorri até porque o seu trabalho a isso leva: vejamos que ela pinta cenas alegres e parece partilhar dessa alegria que pinta, inclinando-se para o lado oposto da personagem como se estivessem a dar uma gargalhada. Poussin por seu lado distancia-se da pintura, não porque a esteja a mostrar a rir - ele está aliás bastante sério - mas porque sente o tédio de posar para si próprio. O auto-retrato foi pedido por um amigo de Poussin que tentava há anos (em vão), persuadi-lo a fazer-se retratar. Como disse em carta ao amigo, o pintor vê-se obrigado a pintar-se visto não existir em Roma nenhum outro homem a quem essa tarefa pudesse ser confiada. Poussin é apanhado quase num virar de ombros, mas com os olhos sublinhados de vermelho e o corpo tão rígido que temos de concluir que ele está ali há algum tempo a pintar-se. Houve quem tivesse visto neste auto-retrato uma analogia com a Maçonaria: na inscrição pintada atrás do pintor (datada de 1650, em tom formal na terceira pessoa e que confirma a sua ligação com a arte da Roma Antiga), na pirâmide formada pelo diamante que lhe orna o dedo (também identificada com o Estoicismo) ou no olho presente no diadema da mulher atrás dele. Nunca gostei muito do Poussin, mas depois de ler isto acerca dele passei a gostar um bocadinho. Ele não era um mercenário como muitos pintores da época: as suas composições eram muito ponderadas, as telas demoravam o seu tempo e tudo tinha uma razão de ser. O mais curioso é que ele disse que o seu retrato não poderia ser pintado por mais nenhum ser humano que não ele, mas não por sobranceria. Este foi aliás o único retrato que se lhe conhece. Dele ou de outra pessoa qualquer.

Judith Leyster
Self portrait
1635
National Gallery of Art, Washington

Poussin
Self portrait
1650
Museu do Louvre, Paris

Outros artistas dizem ao que vêm. Murillo por exemplo pintou um auto-retrato onde inscreveu uma mensagem sintética e inteligível: "Bartolomé Murillo a retratar-se para preencher os desejos e pedidos dos seus filhos". Murillo tinha 12 filhos que continuou a criar mesmo após ter enviuvado e os seus quadros tinham a presença constante de crianças, geralmente crianças pobres e órfãs. Estas eram aliás muito apreciadas, tanto que a Espanha teve de proibir a sua exportação ou corria o risco de ficar sem os seus Murillos. E de facto ele era um dos artistas com mais sucesso na Espanha dominada por Velázquez. Neste seu auto-retrato ele aparece numa moldura oval, quase fúnebre, como se fosse uma pintura dentro da pintura.
Murillo
Self portrait
1670-1672
National Gallery, Londres

(continua)

segunda-feira, setembro 05, 2011

não sei o que se passa. não tenho vontade de nada, nem daquilo que anteriormente gostava de fazer. e mesmo sabendo que, mais tarde, me vou arrepender de publicar isto, carregarei no "publicar postagem", e que se lixe.

sexta-feira, setembro 02, 2011

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