quinta-feira, julho 21, 2011

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "mais uma voltinha, mais uma viagem. de carro porque os saltos dos Laboutin não podem ser usados em calçada portuguesa". quando soube que este quadro era de uma pintora e não do Jacques-Louis David, fiquei admirada. tinha mesmo todo o ar de ser dele, mas enfim, é de uma seguidora. foi apresentado no salão de 1800 e ao que parece o público e os críticos gostaram muito. quer dizer, nem todos os críticos. houve um que ficou chocado pelo facto de uma mão branca ter pintado uma coisa preta. ele disse mesmo "such a horror...". de facto, este é um dos poucos quadros do Louvre que apresenta como personagem principal (é aliás um retrato) uma pessoa negra. ainda que a revolução francesa permitisse igualdade, a mesma não chegava a mulheres e negras ainda por cima. se bem que eu ache que a pintora fez um bom trabalho, já que este retrato nada deve a outros anteriores, de mulheres com parte do corpo à mostra. não acho que seja ofensivo. há no entanto pormenores que nos deixam com a pulga atrás da orelha (salvo seja): o tecido que cobre a cabeça é o mesmo que descobre o corpo e a cadeira onde a moça está sentada é do ancien régime. não sei... não fosse o autor uma mulher e eu diria que isto era obra de esclavagista que dormia com a escrava. mas isto já sou eu a inventar. seja como for, mais do que o retrato de uma mulher negra, este é um dos retratos da escravatura da época. quanto ao sapatinho... a modelo parece muito a beyonce sem pinturas se bem que aquelas mamocas estão mais espevitadas que as da beyonce:
Benoist
Portrait of a Negress
1800
Musée du Louvre, Paris


Laboutin
Colecção Outono/Inverno 2011