sexta-feira, junho 24, 2011

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois como como este antes e depois se transformou num "aqui e ali". Passo a explicar: estava eu na minha vida quando fiquei a saber que do tríptico da Tentação de Santo Antão (que já analisamos aqui), existia não um, mas dois exemplares. Um deles no nosso (mais de uns do que de outros) MNAA e outro no MASP em São Paulo. Ora eu não sabia. Não sabia olhem... o que é que se há-de fazer? Não sabia. Isto para mim é preocupante: então querem agora dizer-nos que nós, portugueses, já não temos a prerrogativa do Santo Antão de Bosch? Que teremos de dividir atenções com os paulistas (ou paulistanos, depende)? Isto é quase a mesma coisa que o Louvre (com a devida distância porque o Santo Antão, felizmente, não é a Gioconda) descobrir que existia outra Gioconda. As diferenças são notórias: no primeiro quadro o incêndio é diferente do segundo, não há um conjunto de seres que pairam lá em cima no segundo quadro, não existe a roda no grupo mais à esquerda, o homem que assoma à porta tem na bandeja um objecto diferente, a estrutura que alberga a cruz sofre algumas modificações no segundo quadro. Acho que na versão do MNAA Bosch tornou a pintura mais caótica, tornou o cenário ainda mais apocalíptico. As cores são mais vivas e variadas (não é só uma questão de saturação, é a cor em si), os contrastes também são maiores. E parece-me que o quadro do MASP está mais arrumadinho. Há mais carne à mostra no quadro do MNAA, ou pelo menos aqui a carne parece mais carne.

adenda: há ainda outro num museu nos Estados Unidos.
Bosch
Triptych of Temptation of St Anthony
1500
Museu de Arte de São Paulo, São Paulo

Bosch
Triptych of Temptation of St Anthony
1505-06
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa