terça-feira, junho 29, 2010

- ars longa, vita brevis -

a vita é brevis e trabalha-se em demasia. às tantas uma pessoa anda preocupada em deixar transparecer quão séria é, como a mulher de César... este trabalho faz-me sentir mal comigo, é como uma confissão após a tarde de Domingo na praia. um post feito à pressa, só para não ficar destreinada:

este Verão, para além dos baldes de praia, das forminhas, das toalhas, protectores, revista e, para alguns, uns pastelinhos de bacalhau com um arrozinho malandro de tomate, muna-se da sua deck chair. Diga-o assim, em inglês, para os amigos pensarem que foi para um país exótico enquanto se tentam lembrar do nome de um e esburacam o umbigo. É uma cadeira ás borboletinhas criada não pela Barbie, mas pelo Damien Hirst. Existe com o fundo preto para uma noite de banhos-de-lua, em vermelho para acompanhar a selecção e em amarelo para combinar com o bikini (à venda aqui). Por falar em bikini...



"era um bikini pequenino
às bolinhas amarelas
que eu vi numa loja
ao pé do liceu

um bikini pequenino
às bolinhas amarelas
que eu vi numa loja
e agora é meu"

... dizia a canção. Ora se não tiver um bikini pequenino às bolinhas amarelas, leve os pés cobertos com uma Melissas às bolinhas brancas, pretas, vermelhas and so on. São da autoria de Gaetano Pesce e podem ser compradas aqui. Eu cá desconfio sempre quando existe um sub-título "Plastic Dreams", mas cada sabe o sapato que calça.




Quando vier da praia, antes dos jogos do Mundial e antes de lavar a criançada na banheira da Oura com Pantene, passe pelo Marrachinho e traga as suas compras não na mão, não num saco de plástico qualquer, não nos sacos de compras Pingo Doce, mas sim neste saco de compras Muccia Prada (ou como diria o Nelo do "Nelo e Idália", a "Mucca Parda"). Traga o fiambre da pá do Minipreço na Mucca, umas minis do Lidl na Mucca e três frangos de churrasco (dois com picante, um sem para a canalha, fázfavôr) na Mucca. A Prada faz o favor de colocar à nossa disposição um saco chamado BYO (Bring Your Own), ambientalmente responsável e que pode ajudar a retirar do mundo os inestéticos sacos de plástico de supermercado e assim, pecébe?

Ai que post mais estúpido

segunda-feira, junho 28, 2010

- o carteiro -

gosto muito de vocês, mas fica para amanhã. estou com soninho

sábado, junho 26, 2010

- back to black -

"As obras de arte dividem-se em duas categorias: as de que gosto e as de que não gosto. Não conheço outro critério" - Anton Tchekhov

quinta-feira, junho 24, 2010

- original soundtrack -


Something deep down in my soul said, 'Cry, girl
'When I saw you and that girl walkin' around
Whoo, I would rather, I would rather go blind, boy
Then to see you walk away from me, child, no


Whoo, so you see, I love you so much
That I don't wanna watch you leave me, baby
Most of all, I just don't, I just don't wanna be free, no


Whoo, whoo, I was just, I was just, I was just
Sittin here thinkin', of your kiss and your warm embrace, yeah
When the reflection in the glass that I held to my lips now, baby
Revealed the tears that was on my face, yeah


Whoo and baby, baby, I'd rather, I'd rather be blind, boy
Then to see you walk away, see you walk away from me, yeah
Whoo, baby, baby, baby, I'd rather be blind...


(I'd rather go blind, Etta James)
- não vai mais vinho para essa mesa -

com a Tânia a passar por uma loja:
- eh pá… esta flor é gira!
- e nem é cara: 4,95 euros.
- dá um belo acessório num vestido preto.
- como dizia o Ovídio: o segredo está nos acessórios.
- mas sabes, quando penso que isto lhes deve ter custado para aí 50 cêntimos…
- …
-…
- vamos embora.
- ars longa vita brevis -
hipócrates

ai caneco; dói-me a garganta e o ouvido direito. Apesar desta dor não impedir a postagem, vou ver se me poupo. Ora bem, mais um antes e depois, não é? Pois é… Este é um antes e depois que já há muito tempo pensava postar, mas quando sabia onde estava o “antes”, não sabia do “depois” e acabei por protelar a coisa. Ontem andava à procura do Pasolini e dei de caras com esta imagem, com este antes que me lembrou imediatamente o depois: uma fotografia do Lachapelle. A má notícia é que para mim, quer o Lachapelle quer o Pasolini viram esta imagem, ou semelhante num quadro. Para mim será uma Vénus e Marte, mas não consigo encontrar a imagem, razão pela qual peço aos ilustres colegas que lêem estas coisas (vai uma aposta como ninguém lê?) que me informem caso tenham conhecimento de algo na vossa biblioteca visual. Até diria mais: diria que é um Boticelli, mas já virei e revirei os livros e não encontro nem Boticelli, nem Carracci, nem o Aleijadinho. Mas como quem não tem cão caça com gato, apresento-vos este post arraçado de Sphynx cruzado com trinca-espinhas. O Pasolini filmou as Mil e uma Noites e numa das noites incluiu esta mulher a ser fecundada pela seta disparada por um homem. O filme faz parte de uma trilogia formada pelo Decameron e pelos Cantebury Tales e que teve como objectivo mostrar uma visão do autor sobre livros importantes da literatura medieval. As Mil e uma Noites conta a história de Zumurrud uma escrava que escolhe para seu novo mestre/amante o jovem Nuradin. A ele ensina como se expressar sexualmente sem receio e retira dessa relação a possibilidade de também ela se mostrar sem medo. No decorrer das suas noites Zumurrud vai contando histórias ao amante, histórias simples, pequenas e que desaguam em sexo e mais sexo, mas numa das noites os dois amantes são separados e aí começa a busca de um pelo outro em viagens, estadias, desconhecidos e informações cruzadas com mais sexo. Ufa! Ainda assim Pasolini foi fiel ao original (apesar de tudo) e manteve a noção de matrioska: história que desabrocha e dá lugar a outra e esta a outra e assim sucessivamente. Na primeira parte do filme o realizador fala da já referida necessidade de livre expressão sexual, na segunda parte a mensagem das histórias está relacionada com o destino, mas no seu todo é a história de Nuradin e Zumurrud que se sobrepõe ao destino. Isto quer dizer que apesar de não ter mantido a versão original – em que a escrava protela a sua morte através das histórias que vai contando – e de ter optado por uma versão mais erótica embora não pornográfica, Pasolini acaba por ser fiel ao original uma vez que o filme é um conjunto de histórias que se desdobram em outras histórias.
Quanto a Lachapelle, ou viu Pasolini ou viu, como acredito que aconteceu com o relaizador italiano, um quadro em que esta cena surge pelos corpos de um Cupido e uma Vénus, ou através de uma Vénus com Marte. Visto que o fotógrafo é muito influenciado pela pintura do renascimento, inclino-me para esta hipótese. De qualquer forma, parece-me mais do mesmo: fotografias glossy e kitch, com muito da estética dos anos noventa/dois mil (culturas alternativas, música pop, cultura de massas, marcas como estatuto, erotização dos efebos…). À distância de alguns anos estas fotografias parecem muito marcadas pela época, mas à medida que o tempo avança e quando vemos as fotografias mais recentes de Lachapelle com personagens que antes não estavam na moda, a linguagem de Lachapelle dá um lugar aos que não o tinham na fotografia mais convencional e torna admirável o que era vulgar:

Pasolini
As mil e uma noites
1974



David LaChapelle
isso agora é que não sei
- o carteiro -

"auga fresca, binho bom e cumida à descriçom" (NOTA: este post não tem imagens):

Ora bem… onde é que tínhamos ficado? Estava eu a dizer que a comida na Bíblia pode servir para assinalar passagens importantes (como um casamento, o reencontro de pessoas, a Páscoa) ou passagens se não menos importantes, pelo menos menos óbvias. Por exemplo, quando um acordo é firmado entre pessoas ou entre Deus e os humanos a comida serve como testemunho do compromisso celebrado. Em caso de perjúrio a comida é usada como maldição, como nos mostra os Salmos: “Assim como se vestiu de maldição, como sua roupa, assim penetre ela nas suas entranhas, como água, e em seus ossos como azeite.” (Salmos 109, 18) Quando Deus celebra o seu pacto com Abraão fá-lo com o sacrifício de alguns animais, como a cabra, o carneiro, o pombo e o bezerro: "E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Génesis 15, 9) Já com Moisés os animais sacrificados foram outros: “E enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e sacrificaram ao SENHOR sacrifícios pacíficos de bezerros.” (Êxodo 24, 5) “E com Josué que firmou um pacto com os genobitas partilha com eles as suas provisões: "Então os homens de Israel tomaram da provisão deles e não pediram conselho ao SENHOR. E Josué fez paz com eles, e fez um acordo com eles, que lhes daria a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento." (Josué 9, 14, 15).

Existe essa obrigação de aqueles que celebram um acordo o selarem com a comida, como símbolo desse pacto. No entanto são muitos os que o traem como nos mostra este Provérbio: “Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele. Come e bebe, te disse ele; porém o seu coração não está contigo.” (Provérbios 23, 7) E mesmo como nos mostra o pacto mais conhecido do catolicismo e que se celebra na Páscoa. Na Última Ceia os discípulos e Jesus reúnem à volta de uma refeição. Apesar da amizade que os une e da partilha de ideais um deles acaba mais tarde por trair Jesus; ou seja, Pedro. Em Mateus vemos como Jesus confronta os seus discípulos com esse facto: “E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair." (Mateus 26, 16-17)

E nem mesmo os banquetes e ocasiões menos festivas, mas igualmente importantes, obstam o consumo de álcool em exagero. A mensagem bíblica, como vimos anteriormente, refere-se ao consumo exagerado de álcool como um mal que ridiculariza quem o pratica. Assim vemos que em muitas refeições, algumas delas verdadeiros “almoços de negócios” a bebida é usada para persuadir o outro a fazer o que alguém deseja. Veja-se o caso das filhas de Lot que o embebedaram para com ele se poderem deitar: “Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.” (Génesis 19, 32) Judite faz o mesmo com Holofernes, não para se deitar com ele, mas para deixá-lo incapaz e assim decapitá-lo: "O coração de Holofernes agitou-se, porque ardia de paixão por ela. Come e bebe alegremente, disse-lhe ele, pois encontraste graça aos meus olhos. Ao que respondeu Judite: Eu beberei, senhor, porque nunca em minha vida me senti tão engrandecida como hoje. Mas ela tomou e comeu do que a sua serva lhe tinha preparado, e bebeu com ele. Holofernes alegrou-se grandemente por tê-la junto dele, e bebeu vinho como nunca tinha bebido."
(Judite 12, 16-20)

A pobre da mulher, como todas as pobres mulheres da Bíblia, para além de ter que se haver com o pó de arroz e com o blush e os pregueados do vestido, ainda preparou a refeição. Pelo menos se não foi ela foi uma mulher, pela certa. É que na Bíblia cabe quase sempre à mulher a preparação da comida. Rute (ou Ruth) por exemplo: “E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha. Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da família de Elimeleque." (Rute 2, 14) Sara: "E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos." (Génesis 18, 6) Uma mulher do Antigo Testamento: “Sucedeu também um dia que, indo Eliseu a Suném, havia ali uma mulher importante, a qual o reteve para comer pão; e sucedeu que todas as vezes que passava por ali entrava para comer pão.” (2 Reis 4, 8)
Os homens também servem comida uns aos outros, principalmente quando o que está em causa é a sua hospitalidade; a comida serve para “quebrar o gelo” entre desconhecidos, para estabelecer relações de confiança e cordialidade. Abraão fez isso com dois desconhecidos: “E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram.” (Génesis 18, 8) Lot fez isso com os dois anjos: “E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram.” (Génesis 19, 3) E até José o fez embora com um sentido duplo que procuraremos explicar. José estava cativo do Faraó juntamente com dois serviçais do mesmo: o cozinheiro e o padeiro. Estes disseram ao faraó que José tinha poderes interpretativos e que podia explicar os sonhos que o soberano tinha tido. Este mandou chamar José e José explicou-lhe os sonhos e aconselhou-o, uma vez que os sonhos falavam de abundância e miséria, a poupar durante os próximos sete anos os alimentos produzidos e armazená-los, para que os mesmos fossem úteis em época de fome. No entanto esta escolhe e conselho de José apesar de sábio, fez com que as cidades próximas do Egipto perecessem de fome já que não foram avisadas. “E de todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.” (Génesis 41, 57)

Mas a comida na Bíblia está presente nas abulações, nas festas, nas parábolas, nas maldições e até nos nomes das personagens bíblicas. Adão por exemplo foi aquele que nasceu do “barro vermelho”, barro este que vem de solos onde propícios ao crescimento de certas plantas. O nome Lia, filha de Labão, queria dizer “vaca”. O nome Raquel (também filha de Labão) queria dizer mãe ovelha e de facto foi ela que se tornou a mãe das doze tribos. Tamar mulher de Er tem um nome que quer dizer “palmeira”. Na maior parte dos casos os nomes das mulheres na Bíblia estão associados a animais dos quais se pode retirar leite, peles e carne pelo que podemos concluir que havia a consciência da importância do papel da mulher dentro da sociedade. Por outro lado também podemos pensar que o seu papel era meramente utilitário, prático e de facto para as mulheres fundadoras, parece que sim. No entanto existem outras em toda a Bíblia cujo nome não está relacionado com o de nenhum animal doméstico, mas com animais que associamos a beleza e elegância. Zíbia queria dizer “gazela”, assim como Tabita e Hogla (filha de Zelofeade) queria dizer “perdiz”. Estes nomes são assim metáforas que cada um dos livros bíblicos usou para melhor descrever cada uma das personagens. Mas outras referências a alimentos podem estar contidas em expressões muito simples e recorrentes como aquele que provavelmente já conhecemos: “leite e mel”. Esta expressão “terra de leite e mel” surge no Êxodo 33, 3: “A uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho.” , mas também no Levítico, nos Números, no Deuteronómio, no Eclesiaste, em Jeremias e em Ezequiel; ou seja, no Antigo Testamento. A junção de leite com mel não é casual: são dois alimentos nutricionalmente ricos (muito úteis para terras pobres e para povos pobres) e que só podem ser obtidos após muito tempo de acompanhamento: acompanhamento de uma vaca, por exemplo, o seu tratamento diário, a sua alimentação que podia ser uma dor de cabeça atendendo à pobreza de algusn solos e acompanhamento da produção de mel. No fundo a expressão “leite e mel” está relacionada com a recompensa após larga espera e a prosperidade. Outra metáfora é o cálice. O cálice é o objecto que relaciona a morte com a vida, como vemos em Isaías 51, 17-23: "Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do SENHOR o cálice do seu furor; bebeste e sorveste os sedimentos do cálice do atordoamento. De todos os filhos que ela teve, nenhum há que a guie mansamente; e de todos os filhos que criou, nenhum há que a tome pela mão. Estas duas coisas te aconteceram; quem terá compaixão de ti? A assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! Por quem te consolarei? Os teus filhos já desmaiaram, jazem nas entradas de todos os caminhos, como o antílope na rede; cheios estão do furor do SENHOR e da repreensão do teu Deus. Portanto agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas não de vinho. Assim diz o teu Senhor o SENHOR, e o teu Deus, que pleiteará a causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice do atordoamento, os sedimentos do cálice do meu furor, nunca mais dele beberás. Porém, pô-lo-ei nas mãos dos que te entristeceram, que disseram à tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre ti; e tu puseste as tuas costas como chão, e como caminho, aos viandantes.

Da mesma forma as ovelhas e o rebanho representam a relação de Deus com os seus: os crentes serão o rebanho do Senhor e se uma ovelha desse rebanho se perde, Deus vai à sua procura: "O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias. (Salmos 23)
A fome, o canibalismo e a precariedade está relacionada com o pecado; uma terra abundante é uma terra onde se pratica o bem, tal como o Éden que ficou perdido para sempre para o Homem. Assim o céu seria o lugar que prosperava em alimento e o Inferno a local onde se morreria de fome (caso ainda não se tivesse morrido!). Como prova temos a destruição de Sodoma e Gomorra que antes de caírem em pecado eram locais prósperos: “E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.” (Génesis 13, 10) Insiste-se em toda a Bíblia nesta ideia de que o bem é recompensado com a abundância de alimento e que o mal é punido com a ausência, com a miséria. Se o Homem praticar os ensinamentos do Senhor nunca lhe faltará alimento à mesa e será convidado para os grandes banquetes com os Patriarcas da Igreja numa vida póstuma: “Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá.” (Lucas, 12, 37) Se o povo de Israel proceder segundo os mandamentos, será recompensado com a abundância e a fertilidade: "E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; Bendito serás na cidade, e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.” (Deuteronómio 28, 1-4)

Esta ideia da fertilidade é muito importante pois na sua ausência consiste o grande castigo do Senhor. Assim é dito que a estes, aos que proclamam a palavra do Senhor, ser-lhes-á dado o prometido, mas aos outros, ser-lhes-há retirada até a possibilidade de sobreviverem sem terra fértil para plantar nem animais puros para consumirem: "Eis que estava toda cheia de cardos, e a sua superfície coberta de urtiga, e o seu muro de pedras estava derrubado." (Provérbios 24, 31) "Que habita entre as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; come carne de porco e tem caldo de coisas abomináveis nos seus vasos" (Isaías 65, 4) A miséria será tal, material e espiritual que desorientado e faminto o povo do Senhor comerá mesmo os próprios filhos: “Porque comereis a carne de vossos filhos, e a carne de vossas filhas.” (Levítico 26, 29)

Com isto Deus remete-nos para um estado inferior ao de animal pois os animais não têm consciência e o Homem que teve Deus para o ensinar optou por não aprender propositadamente. É uma sociedade caótica, podre e que não poderá sobreviver pois é autofágica. Quando Adão e Eva comeram do fruto proibido Deus castigou-os. Há quem não consiga deixar de associar o pecado original com o pecado da carne, mas se formos a ver bem não foi o castigo de viver a sexualidade em pecado que Deus deu aos habitantes do paraíso. É Deus que lhes dá algo muito pior que a nudez; dá-lhes a vergonha, pois são eles que se reconhecem nus. Diz os Génesis: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” (Génesis 3, 7). Apesar de o Ocidente tender para considerar pecado tudo o que se relaciona com a sexualidade, na verdade nos Génesis vemos que a sexualidade não é o pecado nem antecede o pecado; a sexualidade é uma consequência do pecado. A Bíblia também não enfatiza o facto de Adão e Eva terem comido, mas apenas de não terem sido fiéis às ordens do Senhor. No entanto a ideia que as civilizações ocidentais fazem deste episódio bíblico é que ele é uma chamada de atenção de Deus ao Homem para que este seja comedido na ingestão de alimento, algo que se prende com o facto de o alimento não ser abundante e de desempenhar um papel muito importante no dia-a-dia destes povos estando presente de forma simbólica em todos os actos. Esta ideia vem também das palavras que Deus pronuncia mal sabe que Adão e Eva pecaram. À serpente Deus diz: “Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” (Génesis 3, 14). A Adão diz: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” (Génesis 3, 17). Vemos que para a serpente e para Adão o castigo está também naquilo que comem: pó. Ao vetar o acesso do Homem à árvore da vida Deus está a impedir o Homem de questionar, de colocar em causa e de tomar opções diferentes das ditadas. Ele diz: “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Génesis 2, 16-17) ; ou seja, quando o Homem souber distinguir o Bem do Mal terá por um lado conhecimento do Mal e poderá praticá-lo. Por outro lado poderá praticar o Bem ou o Mal – terá livre escolha – e por fim o Homem poderá praticar o Bem sem necessitar de Deus para o orientar. Comer da árvore do conhecimento é triplamente mau.

Uma vez que consumiram desta árvore Adão e Eva são expulsos do paraíso e obrigados a trabalhar para comer – agricultura – tanto que enquanto no início dos Génesis homem e mulher tinham de ser praticamente vegetarianos, mais à frente no mesmo livro é dito que: “Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.” (Génesis 9, 3). A única restrição feita é, como se sabe, à ingestão de sangue.
Não há livro bíblico, seja no antigo ou no Novo Testamento que não tenha uma referência, por mais pequena que seja à comida, algo que é justificável pelo facto de as sociedades daquele tempo dependerem grandemente das condições do tempo. Mas nem mesmo isto retira importância ao que lá está: a comida tem muita relevância no nosso dia-a-dia e será para reflectir a proliferação recente de livros, programas de televisão, revistas e cursos de culinária, de novos alimentos, formas de confeccioná-los, bem como dietas alimentares temáticas, num tempo em que 1,02 biliões de pessoas no mundo passa fome.
- o carteiro -

Este Verão há exposições pró menino e prá menina, para o pai do menino, para a tia do menino, para a irmã mais velha, para a avó do menino, para o avô e para aquele primo rebelde que só vemos nas comunhões e baptizados, mas nunca dentro da igreja. Ora muito bem… Para o menino e para a menina temos a exposição de Takeshi Kitano, “Gosse de Peintre” na Fundação Cartier em Paris até 12 de Setembro. É uma boa exposição para os meninos e para as meninas porque Kitano não pretende fazer nenhuma crítica social (ele é cómico, actor e uma figura conhecida da televisão japonesa), mas apenas regressar à infância, algo que se nota não só no nome da exposição (“gosse” é rapaz em francês), mas também no facto de as suas obras terem alguma nostalgia e apontamentos autobiográficos. Se lhe pudermos apontar uma pertinência mais global, podemos dizer que vista no seu todo a obra de Takeshi Kitano pretende também apontar o dedo ao seu país que vive em demasia a seriedade e a honra, fruto de alguns clichés que o artista tenta desmontar.

A irmã mais velha da menina vai gostar de ver a exposição de Sonia Rykiel na Galerie Catherine Houard (não há link), Paris, de 4 de Junho (não sei quando me vai apetecer postar isto por isso aqui fica a data de inauguração) até 24 de Julho. A irmã mais velha da menina vai gostar de saber que Sónia Rykiel não é só uma cabeleira hirsuta e em brasa, mas também uma conhecedora da arte (que tenta incorporar isso na roupa que desenha (interessada pelo design e pela ilustração, tendo mesmo publicado nove livros e colaborado em projectos de decoração. Ainda que isto não me leve, a medalha da Legião de Honra desfaz-me a dúvida. Foi dada em ano de colheita presidencial boa (Mitterrand). Mais: a senhora celebra 40 anos de carreira e esta mostra é inédita: estes desenhos nunca foram expostos.

A tia do menino pode ir até Bruxelas enquanto a família passeia por Paris nos Campos Elísios a balançar a máquina fotográfica no pulso, e aí chorar baba e ranho por a cidade das luzes não lhe ter deixado um príncipe encantado no sapatinho. Enquanto medita nestas e em outras pequenas tristezas da vida, entrará no Royal Museum of Fine Arts da Bélgica para ver a exposição “Le Symbolisme en Belgique” que ela achará muito inspirador para a sua condição de solteirona romântica. A exposição, que ela verá até ao dia 27 deste mês terá como foco a arte belga do fim do século XIX antes mesmo da entrada do Surrealismo que a solteirona não apreciará tanto por achar uma arte invasiva. Professora de francês com tendência à retenção de líquidos e prisão de ventre, fã dos clássicos da literatura a tia do menino poderá ver Khnopf, Rops e Spilliaert, todos influenciados pela literatura dos Pré-Rafaelitas, pela música de Wagner e que levaram ao nascimento da Arte Nova, movimento no qual a Bélgica teve um importante papel.

O pai do menino, que é dado a estas coisas do “désaine” fará uma perninha na net para aproveitar simultaneamente as férias em família em Paris e visitar Nova Iorque sem ter de lá ir, coisa que dava muito trabalho e custaria muito dinheirinho, ainda para mais a ele, que não confessa, mas é sovina. Ele irá ver no site da Phillips de Pury as peças de Marc Newson que adoraria adquirir, mas como já anda com o divórcio na ideia, preferirá esperar para tempos de vacas gordas. Oscilará entre comprar a Pod of Drawers de 1987 a Event horizontal table já de 1992 ou a Voronoi Shelf de 2006, opção a ponderar para engatar umas miúdas deslumbradas, mal saiam os papéis.

O primo rebelde que gosta de “cenas estranhas e é ‘emo’ porque é um tipo emocional e especial, ‘tás a ver” fará uma perninha à pala da mãe que gosta é de vê-lo pelas costas e tentar fotografar as montras para depois levar à Mirinha as fotografias e ver se ela faz igualzinho. O miúdo argumenta que assim como a tia solteirona pode ir a Bruxelas, ele pode ir a Basel. A mãe dá-lhe dinheiro, o pai diz-lhe que com 15 anos ele tem idade é para sair com miúdas e charrar-se no banco de trás do carro enquanto ouve Beatles e não andar a gastar dinheiro em paneleirices como “arte”. O primo argumenta que não gosta de Beatles e o pai remata dizendo que não gosta de maricas. Nem arte. O rapaz lá vai ver a exposição “Basquiat” na Foundation Beyeler, dedicada a Basquiat, um tipo que se fosse homossexual era gay e não maricas porque os pobres é que são maricas. Os artistas são gays. O miúdo terá razões em ir: é a primeira retrospectiva, introspectiva dedicada a Basquiat em solo europeu e por cá ficará até 5 de Setembro. Ele é mais de 100 pinturas, mais objectos, mais papéis e mais coisas que nem ao diabo lembraria. O miúdo ficará desapontado e com receio de ser descoberto ao saber que a exposição seguirá posteriormente para Paris. “Que se lixe, o cota não liga a estas cenas, ‘tas a ver? Tipo…”

A avó do menino que pariu o pai do menino no ido ano de 1959 vai deleitar-se com esta exposição: “Mean to Me, 1936”, de McDermott e McGough na Galerie Jerome de Noirmont. Não que a avó do menino tenha ido alguma vez a um drive-in, ou tenha vestido um vison, sabido da chegada do homem à Lua em directo ou lavado os dentes com pasta medicinal Couto, mas qualquer forma, saberá bem gozar por instantes aqueles tempos medeiam o ano em que nasceu (1936) e o ano em que deu à luz (1959). A exposição destes dois artistas que são muitas vezes relacionados com os anos 50 e 60, regressam por outros caminhos a esses anos. Vão buscar a inspiração que os anos 50 e 60 tiveram e que lhes cehgou do fascínio exercido pelas estrelas de Hollywood e pelos filmes de Fritz Lang e Hitchcock; ou seja, o período da Depressão americana pré-pré-pop arte.

O avô do menino, que é um melómano deslocado no espaço embora nunca no tempo, irá dar um tempo à avó que muito ama em todas as suas rugas e deslocar-se-á até ao Musée de la Vie Romantique em Paris para poder apreciar, até 21 de Julho a exposição dedicada a Chopin entitulada: “Frédéric Chopin, La Note Bleue”. Esta exposição que tem como propósito celebrar o bicentenário do nascimento de Chopin. “O espaço da exposição foi anteriormente a casa do pintor Ary Scheffer que chegou a receber Chopin como seu convidado, bem como outras figuras da cultura da época”, dirá para si, em tom sapiente o avô de menino, ao entrar no museu. A exposição focará os anos em que Chopin viveu em Paris e todo o ambiente que envolveu essas quase duas décadas de 1831 a 1839. O avô do menino observará com toda a perspicácia e razão que esta exposição estará direccionada tanto para Chopin como para outro qualquer, já que os cerca de noventa quadros foram realizados por Corot, Courbet, Delacroix e “à excepção da mão e dos seus retratos, as pinturas das mulheres com quem Chopin se relacionou não eram motivo suficiente para integrá-las numa exposição. Mas por outro lado, pelo lado de quem a organizou, tudo isto faria sentido. Sim, faz sentido. Mais sentido do que aquele em que fiquei quando ouvi os “violinos de Chopin”. Eh caramba é que Chopin a compor para violino é como Pedro Passos Coelho a ler a Fenomenologia do Ser de Sartre! Bom, mas que sei eu? Um velho incontinente no mijo e no pensamento”

E assim acontece!
- o carteiro -



Foi uma leitura longa e, como dizer isto… desconcertante? “Desconcertante” é o termo que se usa quando não se sabe que termo usar. O livro é de facto excepcional, não sei se o “melhor da década”, como o classificaram, mas entusiasmante, com uma escrita fluida e permanentemente triste, bem contextualizada pelo desertos e paisagens espirituais e físicas áridas típicas do México, bem como pela modorra que atinge as personagens e as impede de resolver os crimes de Sonora. Está dividido em cinco partes que se ligam através dos crimes cometidos nessa cidade imaginária que se reporta ao que de facto aconteceu em Cuidad Juaréz: cerca de 500 mulheres foram assassinadas com violência nos últimos 15 anos, sem que a polícia ou o governo tenham conseguido deter ou encontrar (ou tenham mesmo mostrado vontade para tal), o(s) culpado(s).

Como disse, a história está dividida em cinco partes: a primeira conta-a sob o ponto de vista de quatro professores universitários que partilham o gosto pela escrita de Archimboldi, um escritor pouco visto, pouco lido, mas permanentemente na calha para receber o Nobel da Literatura. Com vontade de seguir os passos a Archimboldi que nunca ninguém ou apenas uma ou duas pessoas viram, os professores seguem até ao México pois possuíam pistas de que Almafitano estava ou havia estado naquela terra inóspita. Caem também eles no torpor dos dias quentes e no tédio que é a ausência de divertimento. Lá ouvem falar dos assassinatos de Sonora e chegam à fala com Almafitano, também professor a quem é dedicada a segunda parte do livro. Quando o conhecemos, Almafitano encontra-se entre o fastio daquilo que já não lhe interessa, a educação da sua filha e a obsessão com as palavras numa clara alusão de Bolano à literatura. O livro está aliás repleto de referências a Borges, mas também (na última parte principalmente) aos grandes escritores sul-americanos. A cidade imaginada por Bolano é como a cidade de Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez. Almafitano descura Rosa, fixado que está na possibilidade de o vento operar num tratado de geometria que o próprio pendurou numa das cordas para a roupa, a função de leitor, virando e revirando as páginas ao seu sabor. Esta “acção artística” foi baseada numa outra de Marcel Duchamp. Esta parte é pautada pela incursão de Almafitano por um universo paralelo ao dele, muito provavelmente relacionado com os crimes e pela presença de uma carrinha referida várias vezes e que surge mais tarde na parte dedicada aos crimes. Segue-se a parte de Fate (que dá vida a um jornalista que Bolano realmente conheceu). A parte dos crimes é de uma descrição que causa vergonha pois embora não queiramos admitir, o que nos faz lê-la com tanta avidez é a necessidade de penetrar naquela miséria, “Twin Peanesca” É o nosso pezinho a fugir para o mórbido, dentro de um livro, sujeito às criações de cada leitor, em vez do tradicional desastre de estrada de Sábado à tarde. Por fim, na parte de Archimboldi chegamos ao momento da quase conclusão, uma vez que apesar das diversas pontas caçadas, muitas outras continuam por caçar. E após um capítulo tão intenso como o da descrição dos crimes, é de uma grande ingenuidade pensar que o leitor não vai querer desvendá-los mesmo que na última página e que feliz se vai render apenas ao génio da obra.

Esta forma circular ou como que a lembrar os filmes em mosaico, não é nova, mas a riqueza com que Bolano o fez, lembrou-me de imediato a transpiração que me afecta (em sentido figurado, claro) quando estou perante uma folha em branco. Bolano escreve com uma fluidez e sem artifícios sentimentais, sem poesias de puxar à sensibilidade que faria qualquer escritor de hoje corar. Tem a capacidade de enlaçar não só a grande narrativa como as pequenas desenvolvidas em cada uma das partes de forma a deixar-nos agarrados ao livro. O pensamento não viaja quando lemos 2666 porque a descrição é feita sem artimanhas de tal forma que a nossa mente é literalmente guiada por Bolano (com as devidas diferenças criativas de cada um, claro está); parece que não a controlamos e nem mesmo esta expressão me parece digna de mim quando a escrevo após a leitura de Bolano. A escrita com “rodriguinhos” não é para ele e nem ele provavelmente a quereria. Só há três críticas, uma maior que outra e outra que não é ao livro, que tenho de fazer porque… sim. A história tem um final aberto o que é contraditório até com o carácter circular da escrita e da organização das partes. Ainda que se argumente que a obra fechada é romântica e muito hollywoodesca, é muito frustrante para o leitor não a ver. A bem da verdade, na vida também a história dos crimes de mulheres não teve conclusão e na nossa vida, no dia-a-dia muitas pontas permanecem soltas. Mas para isso é que temos a literatura. Ainda para mais após a parte tão exaustiva e perturbante dedicada aos assassínios, o leitor merecia um final ou um vislumbre de final. A outra crítica prende-se com quantidade de personagens com grande espessura que ficam pelo caminho. Almafitano é abandonado na sua loucura, os três catedráticos e a professora espalham-se pelas suas cidades de origem, Fate desaparece e com estes, que são os principais, desaparecem muitos mais. Por fim, dizer que muitas vezes é-nos imposta a concordância com os críticos. Ao pesquisar acerca do livro na internet deparei-me com blogs e com notícias que estupidificam e esconjuram com o fantasma da idiotice aqueles que não gostaram ou até os que não leram 2666. Para esta crítica concordar com a excelência da obra é uma obrigação, o que me irrita. A crítica deve parar quando começa a dar-se ares de insulto com sobranceria.
- não vai mais inho para essa mesa -


- uma outra face do Mundial. A face e o corpo, principalmente a parte da caixa torácica a que me refiro, é a das mulheres dos jogadores de futebol. Faz-me pensar se essa história da "importância da beleza interior" não é algo que se diz às mulheres feias. Um 38 é mesmo importante?
- fácil. demasiado fácil, até.
- previsível... este "antes" aos 0:06, e este "depois" aos 2: 24m