quinta-feira, julho 23, 2009

- não vai mais vinho para essa mesa -

A Sinfonia Incompleta de Schubert:

« Uma brigada especializada em métodos de organização e administração visitou a Universidade de Liverpool para inquirir sobre a eficácia ou falta dela no gabinete do vice-cancelário. A visita coincidiu com um dos concertos da Real Orquestra Filarmónica de Liverpool a que sempre assistia o vice-cancelário. Nesta ocasião, contudo, ele não podia assistir ao concerto e, com a sua habitual generosidade, ofereceu o bilhete ao chefe da brigada, que nunca tinha assistido a um concerto ainda que tivesse recebido na escola educação musical. A obra principal do programa dessa noite era a Sinfonia Incompleta de Schubert. Na manhã seguinte, quando o vice-cancelário perguntou à sua visita se tinha gostado do concerto, com grande espanto viu que esta lhe entregava um relatório com duas páginas dactilografadas onde se lia:
1- Durante períodos consideráveis, os 4 tocadores de oboé não tinham nada que fazer. O seu número deveria ser reduzido e o trabalho distribuído mais convenientemente pelo concerto todo, eliminando assim as pausas de actividade.
2- Todos os 12 violinos tocavam as mesmas notas. Isto parece uma duplicação desnecessária. O pessoal desta secção deve ser drasticamente reduzido e se, realmente se deseja um volume de som maior, isto pode ser obtido por meio de um amplificador electrónico.
3- Gastou-se grande esforço em tocar semifusas. Isto parece um refinamento excessivo e recomenda-se que se reduza o valor das notas a fusas. Se isto se fizer, será possível usar estagiários e, até, trabalhadores menos especializados.
4- Parece haver muitas repetições de passagens musicais. Nenhum objectivo se consegue repetindo com os metais uma passagem que já tinha sido tocada nas cordas. Se todas estas passagens redundantes forem eliminadas, a duração total do concerto que foi de 2 horas, seria reduzida a 20 minutos e não haveria necessidade de um intervalo.Além disso, se o compositor tivesse considerado estes pontos, possivelmente teria podido acabar a sua sinfonia.»" (Diário de Lisboa de 21.10.1073)