sexta-feira, novembro 28, 2008

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

[Mugabe 0 - 1 Mhlanga]
A organização filantrópica ArtVenture decidiu entregar o prémio Freedom to Create ao escritor e crítico Cont Mhlanga, que por acaso tem sido um forte opositor ao presidente do Zimbabué, Robert Mugabe. O trabalho de Cont Mhlanga tem sido censurado pelo regime de Mugabe, mas o prémio vem provar que o sentido de humor e a persistência podem ser mais fortes que a força física. O prémio foi partilhado com o grupo zimbabueano Women of Zimbabwe Arise Group que se dedica a lutar pela igualdade de géneros.

[A cavalo dado não se olha o pivot]
A pintura de Matisse intitulada "Le Mur Rose" e que já pertenceu ao exército nazi (para destruir, com certeza pois esta gente não dava "ponto sem nó"), pertence agora a uma instituição de caridade que ajuda a angariar ambulâncias para Israel. "Le Mur Rose," pertencia a um judeu alemão chamado Harry Fuld Jr. Em 1937 as tropas nazis confiscaram-lhe esta obra e depois da guerra, em 1948 a polícia francesa encontrou o quadro perto da casa do oficial nazi Kurt Gerstein, que foi o responsável pela carnificina em Auschwitz através da gaseificação. A pintura entrou na posse da França e integrou a colecção do Centro de Arte Moderna George Pompidou, pertencendo a uma das 2000 mais valiosas daquele país. Foi porém doada a uma instituição de caridade britânica que espera com a sua venda conseguir angariar fundos para a rede Magen David Adom comprar ambulâncias, pagar paramédicos e construir centros de tratamento em Israel. O mês passado a pintura esteve exposta no Museu do Judaísmo em Paris numa mostra intitulada "A quem pertencem estas pinturas?" Esta pertence agora à Terra Prometida".

[Dores de crescimento]
Depois dos mega hotéis e das cidades e ilhas artificiais para ocidentais, eis que o mundo árabe se prepara para enfrentar o seu maior ponto fraco: os tabus religiosos e sexuais. Foi o que aconteceu na Embaixada Francesa em Riade. A embaixada foi invadida por sauditas e estrangeiros que queriam ver as obras de arte ali expostas da autoria de sete mulheres sauditas artistas. Uma delas expôs num quadro um seio nu, o que deve ter enfurecido os arautos da moral e dos bons costumes muçulmanos, uma vez que da porta da embaixada para dentro a polícia religiosa não pode entrar. Na Arábia saudita o interesse pela arte (por aprender arte e por conceber arte) está a aumentar com mais cursos de arte e possibilidade dos alunos e interessados irem estudar para o estrangeiro. A primeira sociedade artística não governamental foi fundada há um ano e conta com 4 mulheres entre os seus 10 membros, o que já não é mau. Há uns tempos atrás isso não só seria impossível como ridículo pois a sociedade, o governo e a polícia política teve sempre tendência a considerar a arte, principalmente a abstracta, indigna de apreciação. Em 2001 por exemplo, só uma aluna acabou o curso de escultura, uma vez que para a lei islâmica a escultura viola o princípio da não representação de ídolos.