sexta-feira, agosto 29, 2008

- o carteiro -
recebido por e-mail:
"É por isso que tenho de ir aí. Já viste bem isto? "Habilitações a mais"! Ou então “Não tem perfil”. O Gerard Depardieu não tem perfil e até é um bom actor. Mas “habilitações a mais?” O que é isso de "habilitações a mais"? Desde quando é que habilitações são a mais? É a mesma coisa que uma mulher ir ter com um homem e dizer “quero ficar contigo e não peço nada em troca” e ele, que a vê como a mulher perfeita, como a mulher de quem gosta, com todos os atributos dizer “gosto muito de ti, és perfeita, mas és muito para mim”. Como se eu pedisse para ser remunerada consoante as minhas habilitações! Às vezes escondo que tenho um Mestrado. E até já escondi que tenho uma Licenciatura. Para todos os efeitos só frequentei dois anos de faculdade, venho do Algarve e trabalhei em lojas de pulseiras e brincos e essas m*****. (…) E mesmo assim, nunca são habilitações na proporção certa: às vezes tens a mais, outras tens a menos. Só te dá vontade de morderes o braço de alguém por teres escondido as que tens. Temo mesmo que um dia destes venha ser analfabeta, coxa, e burra que é para conseguir lamber o chão de uma repartição pública em troco de uma senha para refeições na cantina. (…) e quando me perguntam se pretendo ter filhos! Eu sei lá! É cada pergunta! Como se alguém tivesse alguma coisa com isso. Eu posso sair por aí a fornicar como uma coelha que ninguém tem nada com isso. Eu posso ter um filho sempre que pisco um olho que ninguém tem nada com isso. Desde que não falte ao trabalho para tratar dos meus 2484 filhos, nem leve para o trabalho os problemas deles, quem me pode censurar por isso? Olha, acabei de ter mais um filho. 2485. Número actualizado.
(...)
pediram-nos para escrever o mais número de palavras começadas pela letra "M", num minuto. (Isso também já te aconteceu, não foi?) Será que sabiam o significado de "merlão"? e será que "Micado" vale? Será que isso avalia a capacidade de alguém para dobrar roupa?
(…)
Não compreendo isto de “mais especialização”. Para quê? Tenho um Mestrado que não foi por Bolonha e daqui a nada temo que me penalizem também por isso e que passem a aceitar apenas mestres por Bolonha. São os bolonheses, deste país que é uma bolonhota. Não levo esperança nenhuma para esta entrevista. Nem sei se quero levar. Primeiro porque já achei que era a pessoa perfeita para o papel e nada e depois porque não é aquilo que quero fazer com a minha vida. (…) Acima de tudo aborrece-me a falta de espinha dorsal desta gente. Que também é a minha gente. Mas há que ter valores. Valores e espinha dorsal firme e hirta. (…)”