quinta-feira, julho 31, 2008

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "como eu gosto dos dois. Passados os primeiros tempos de um fauvismo prioneiro e provavelmente, primário, Matisse dedicou-se à pintura, ao desenho, à gravura e à escultura que acabou por ser umas das maiores manifestações artísticas do século XX, talvez só comparável à que ocorreu no século XVI. Uma das maiores vantagens e características de Matisse e daquilo que ele produzia era que a sua arte, o que fazia falava tanto e de igual forma aos leigos como aos mais conhecedores; ou seja, não era uma arte elitista, e era compreendida por todas sem se tornar kitsch. Ele consegue aliar nas suas pinturas sensualidade, expressão, cor, forma, contexto, composição e tudo isto com um equilíbrio que não é comum, pelo menos no período a que nos referimos. A moda utiliza muitas vezes a pintura de Matisse quando as tendências mudam para uma paleta de cores mais diversificada e este não é o único exemplo de um editorial de moda inspirado nos fauves ou em Matisse directamente. E as suas obras com cores vivas são-no assim não apenas porque ele se insere dentro de uma tendência artística que por si utilizava cores primárias e pincelada dura classificada por Vauxcelles como pintura de fauves (feras), mas porque ele foi, com todo o seu trabalho (que durou até aos últimos momentos de vida), o pintor da felicidade do século XX, uma vez que Renoir havia sido o pintor da felicidade do século XIX. Mas não é a felicidade dos campos com flores ou das meninas com gatinhos; é a felicidade de uma sociedade comum – ou até o retrato de algum exotismo que não era nada de desconhecido na pintura, até Delacroix o havia feito -, mas a felicidade consciente não obstante a era bárbara que era esperada. O pintor fauve, era já conhecido pela sua obra e continuava a frequentar os cursos nocturnos de artes em Paris, sempre assíduo e com uma produção admirável e intensiva. Os seus desenhos que retratam as já citadas cenas do dia-a-dia, não são de exposição de uma tensão entre aquele que posa e o que observa ou entre aquele que posa e o que o rodeia. Matisse aposta nessa joie de vivre:"

Henri Matisse
Odalisque with Red Culottes
1921
Musee National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris


Michael Thompson
Vogue Itália

Na altura em que pintou esta Odalisca, as mãos ainda lhe obedeciam, mas quando isso começou a ser cada vez mais raro, optou por recortar os seus arabescos e foi assim, recortando e jogando com os gouaches découpés que Matisse produziu algumas das mais puras e belas obras de arte do seu tempo e porque não, de todos os tempos.

Henri Matisse
Ramo de folhas
1953
Wight Art Gallery, University of California