terça-feira, julho 31, 2007

- o carteiro -

Contra os maus humores (quatro os do corpo humano: bílis, atrabílis, fleuma e sangue), nadar, nadar...
- o carteiro -

miss you.

segunda-feira, julho 30, 2007

vou ali e venho já.
- original soundtrack -

depende do ponto de vista...

Just a perfect day,
Drink sangria in the park,
And then later, when it gets dark,
We go home.
Just a perfect day,
Feed animals in the zoo
Then later, a movie, too,
And then home.

Oh its such a perfect day,
Im glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on.

Just a perfect day,
Problems all left alone,
Weekenders on our own.
Its such fun.
Just a perfect day,
You made me forget myself.
I thought I was someone else,
Someone good.
(…)

(Perfect Day, Lou Reed)
- não vai mais vinho para essa mesa -

- Então tens um blog e não tens contador?
- Não.
- Mas o que é que tu queres da vida? Será que não te ensinei nada?
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "a menina mudou de sexo? Por mim tudo bem, mas olhe que está mais para Robert Saint-Loup do que para Olímpia":

Manet
Olympia
1863
Musee d'Orsay, Paris


Mario Sorrenti
Yves Saint Laurent para Rive Gauche
1998
- mãe, a maçã tem bicho -


Jardim, amigo, não te inibas. Pede a independência da Madeira, que o povo está contigo.

- o carteiro -
Caro AM:
Aproveito o comentário para lhe “dar a resposta” em jeito de post. Começo pelo fim: obviamente o Alentejo teve e tem exemplos de arquitectura barroca. Não lhe posso dizer quais são em concreto (teria de consultar os apontamentos), mas teve. O que aconteceu no Alentejo, assim como em Braga, Porto, Aveiro e Coimbra foi que a arquitectura barroca se manifestou de forma diferente daquele que a proximidade dos grandes centros proporcionava. Sejamos sinceros, não temos uma arquitectura tipicamente italiana; não temos Borromini, mas temos a adaptação possível ao contexto nacional. Em Lisboa temos Sta. Engrácia, no Porto os Clérigos (só para dar dois exemplos mais conhecidos). Pois então e o Alentejo? E o resto do país/reino? O que se pode verificar é a existência de pequenos núcleos com carácter quase regional nas cidades referidas. O Barroco português caracteriza-se (ou “caracterizava-se”, nunca sei qual o tempo verbal a utilizar) por três tipos de construções: ou de raiz, própria dos grandes centros, ou aproveitando pré existências e dando-lhes o devido revestimento barroco (não é de desdenhar, a arquitectura tanto é o que está dentro como o que está fora. Este tipo é mais comum no Norte do país), ou ainda, de raiz optando neste caso por edifícios de pequenas dimensões e assentes em planta poligonal centralizada (circular, quadrada, pentagonal, hexagonal e octogonal). Estas últimas mais pobres, mas formando um núcleo curioso nas regiões referidas. Alentejo incluído. Deixo-lhe aqui o exemplo da planta de uma igreja em Elvas cujo nome não recordo.


Dizer que o Barroco não teve repercussões no Alentejo, é semelhante a dizer que na Idade Média, idade das trevas, não houve espaço para a arte, esquecendo com isto as iluminuras, por exemplo, ou o desenvolvimento das guildas. Ou até semelhante à atribuição do epíteto de “maior período da História da Arte” ao Renascimento obnubilando o facto da escultura de Donatello não ter expressão e dos quadros de Pinturrichio ficarem a dever muito ao bom gosto. Nada que apague grandeza do Renascimento nem a escuridão da Idade Média.

Quanto à comparação com a pintura Mariana in the Moated Grange do Millais, como disse foi só uma comparação do espaço: um banco frente a uma janela com vitrais, duas jovens… Reconheço as diferenças, não era suposto ser um “antes e depois”, mas tenho para mim que este tipo de pintura, deste espaço em concreto era muito comum. Só não descortinei ainda a importância que o mesmo tinha dentro da casa.

E agora o Gótico em Itália… Reitero o que escrevi acima: limitar o Gótico à França, Inglaterra e Alemanha seria um erro, mas a verdade é que as construções góticas em Itália contam-se pelos dedos das mãos: do Gótico “puro” (o Gótico dos contrafortes, dos arcobotantes, das ogivas, dos vitrais, do eixo vertical), encontra-se em Milão, na catedral. Temos depois outros tipos de Gótico, assim como no Alentejo, em Coimbra, em Aveiro, no Porto e em Braga tínhamos outro tipo de Barroco. A catedral de Florença assenta numa planta apelidada de gótica (para mim é um Gótico tardio e só o é pelo número de naves pois acho que a arquitectura italiana passa quase do Românico para o Renascentista. Repare bem, é tão tectónica!). Há outro exemplo como o Castel del Monte na Apúlia, com planta octogonal e uma espécie de 16 torres de menagem oitavadas, uma por cada vértice exterior. Mas em Portugal também tínhamos fortalezas em pleno período Barroco, como o Forte de Sta. Luzia em Elvas (bem sei que não tenho grande repertório). Quanto a Assis, dou a mão à palmatória.

E sim, o post era sobre Maria e a Sulamita, mas estas questões também devem ser esclarecidas. Aviso-o no entanto que a minha formação não é esta, não percebo nada, mas mesmo nada, de arquitectura e que este longo comentário serve mais para me redimir perante o “especialista” (valha-nos Deus, eu a tentar “ensinar o Pai Nosso ao vigário”) e os dois ou três leitores do blog, do que para provocá-lo.

sexta-feira, julho 27, 2007

- ófaxavôr, eram umas férias.
- é para embrulhar ou para comer agora?
- original soundtrack -

é fechar a cristaleira

J'ai vu passer l'hirondelle
Dans le ciel pur du matin:
Elle allait à tire d'aile
Vers le pays où l'appelle
Vers le pays où l'appelle
Le soleil et le jasmin.
J'ai vu passer l'hirondelle!
J'ai longtemps suivi des yeux
Le vol de la voyageuse
Depuis mon âme rêveuse
L'accompagne par les cieux
Ah ! Ah ! Ah! Ah ! Au pays mystérieux!
(...)

(J'ai vu passer le hirondelle, Erna Sack)
- mãe, a maçã tem bicho -
El Solitário e de Juana
Não sei se é um problema com as tapas e com o bonito, mas a alimentação frugal dos espanhóis não torna estas greves de fome muito credíveis.
- não vai mais vinho para essa mesa -

- Vestes-te bem, tens estilo, és gira, és inteligente, és culta e és uma pessoa muito querida, queres o quê? Tens é de te sentir bem!
- Adoro as tuas prioridades.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "mais uma corrida, mais uma viagem", ou "ó Sr. Yves, olhe que mostra muito pouco da roupinha"

Gustave Courbet
The Sleepers, or Sleep
1866
Musee du Petit Palais, Paris


Mario Sorrenti
Yves Saint Laurent para Rive Gauche
1998
- o carteiro -
(hoje com correspondência aborrecida)
A pintura de Overbeck inspirou-se no conto e na pintura de Franz Pforr "Shulamit and Mary". Nesta pintura Pforr separa o mundo Italiano do mundo alemão através da comparação entre o Antigo e o Novo Testamento: Maria, no lado direito da composição representa o Novo Testamento e Sulamita, o Antigo testamento. Sabemos que é maria, não só por comparação com Sulamita, mas também porque sobre ela encontramos um símbolos da crucificação de Cristo (a cruz inscrita num círculo) e um pássaro negro que poderá representar a morte anunciada do filho de Maria. Esta pintura tem semelhanças, no interior, com a de Millais, “Mariana in the Moated Grange”.

Franz Pforr
Shulamit and Maria
1810-11
Private collection

Quanto à Sulamita, que muito tempo me demorou a descobrir quem era, é um pouco o oposto de Maria. Surge no Antigo Testamento no Cântico dos Cânticos que é um poema de oito capítulos em que três personagens principais falam sobre o amor que une os noivos: Salomão (daí o outro nome do "Cântico dos Cânticos" ser “Livro de Salomão”); ou seja, o noivo, Sulamita, a noiva e as filhas de Jerusalém que são de certa forma aias da noiva e descrevem o amor desta pelo noivo. E aqui entra a diferença entre Maria e Sulamita: Sulamita amava o marido enquanto Maria, não sabemos, o amor de Sulamita pelo futuro marido vai evoluindo passando de paixão para companheirismo ao longo do poema, enquanto em relação a Maria e José não há qualquer referência ao tipo de relação que tinham. As descrições do amor entre os dois é muitas vezes tida como demasiado sensual. Já em relação a Maria e José não se fala nem da relação e muito menos em termos que possam indicar alguma sensualidade. Na pintura de Pforr Sulamita surge como uma mulher ligada à natureza e sensual, fazendo justiça às descrições bíblicas: “sai-te pelas pisadas das ovelhas” (Cântico dos Cânticos 1,8), dança em Maanaim (Génesis 32, 2), no seu jardim crescem Mandrágoras perfumadas (Cântico dos Cânticos, 7, 11-13). Mais uma vez e em oposição com o que acontecia com Maria, os símbolos acima de Sulamita são virginais e primaveris até, indicando uma possível boda, com a coroa de flores e um pássaro colorido que olha para a futura esposa de Salomão. Talvez possamos encarar Sulamita como uma antecipação da própria Virgem Maria, mas com uma dose de sensualidade que o Novo Testamento eliminou devido ao seu carácter premonitório da morte e escatológico.

John Millais
Mariana in the Moated Grange
1850-51
Private collection

Enquanto isso, Overbeck elimina a divisão e cria o efeito de irmandade. Por isso também o título mudou cinco anos mais tarde para “Italia e Germania”, aproveitando assim características das duas mulheres bíblicas que o pintor considerou adequarem-se ao tema em questão. O que mudou foram as paisagens, as roupas, as grinaldas. Arriscaria escrever que a personagem da esquerda é a Itália, devido à cor do cabelo, ao traje mais simples e à apisagem que parece ser retirada da Toscana. Já a Alemanha seria a personagem da direita, loira com trajes mais elaborados que confirmam a ideia de um certo Renascimento mediavel alemão também referido em pano de fundo na paisagem, com edifícios que se erguem em direcção ao céu, construções próprias do gótico que em Itália, para além da Catedral de Milão (um espanto de bonita), não teve expressão. O rosto das representantes dos dois países foi pintada consoante a ideia de Overbeck relativamente a cada um deles. Pela data vemos que não se trata de uma pintura do Renascimento Italiano nem Alemão, mas antes de uma pintura próxima dos pré-raphaelitas com os seus temas religiosas retratados com a ortodoxia própria de quem considerava toda a arte pós rafael, arte salubre.

Friedrich Overbeck
Italia and Germania
1815-28
Neue Pinakothek, Munich

quinta-feira, julho 26, 2007

- original soundtrack -


Chirac, entends-tu le vol noir des patrons
Dans nos caisses ?
Chirac, entends-tu les cris sourds du prolo
Qu'on agresse ?
Au pieds ! enseignants, ouvriers, intermittents
C'est l'alarme.
Ce soir, ces pouilleux connaîtront le prix du sang
Et des larmes .
Roulez limousine
Flambez à la corbeille, Camarades.
...Foutez sur la paille
Le petit, sa marmaille
La mitraille
Ohé ! les traders
C'est bien le son du canon
Vendez vite.
Ohé ! l'initié
Le tuyau n'est pas crevé
faut acheter...

C'est nous qui soudons
Les barreaux des prisons
Pour la plèbe.
Sarko à vos trousses
Et Perben qui vous pousse.
La misère.
Et dans ce pays
Le président est un pote
La corruption
Ici, nous, vois-tu,
On arrête on embastille
On baillone

Ici, chacun fait
Comme il veut, ou il veut
Quand il passe.
Ami, si tu tombes,
Un juge te sort de l'ombre
C'est la grâce.
Demain du sang neuf
Remplira les fonds d'pensions
Dividendes
Prenez, compagnons,
Sans ennui la liberté
Est à vendre...
(variante)
Chirac, entends-tu le vol noir des patrons
Dans nos poches ?
Chirac, entends-tu les cris sourds du prolo
Qu'on amoche ?
Au pieds ! enseignants, ouvriers, intermittents
C'est l'alarme.
Ce soir, ces pouilleux connaîtront le prix du sang
Et des larmes.

(Le Chant des Courtisans, Crrocs)




link
- não vai mais vinho para essa mesa -

insuportável mesmo é a cobardia, a falta de espinha dorsal, o medo de enfrentar a verdade.
- o carteiro -
- um designer

- um intérprete com nome de grupo

- uma galeria de arte

- um museu especial (não é Jackson)
- um filme
- o carteiro -
[do respeitinho]
Ainda a propósito deste post, descobrimos hoje no Belogue que a Human Rights Watch tem vindo a avisar o Museu do Louvre e o Guggeheim a propósito das extensões das duas instituições em Abu Dhabi. (Abu Dhabi rules!)

Em causa estão os direitos dos trabalhadores dos futuros museus. A HRW argumenta em carta endereçada à Fundação Solomon R. Guggeheim que os trabalhadores dos Emirados Árabes são geralmente mão-de-obra ilegal e que labuta em condições desumanas. Mais ou menos a mesma coisa que deslocalizar empresas para a China ou para o Paquistão pois a moral laboral é outra. Estes trabalhadores são privados dos seus passaportes e direitos elementares e também de um governo capaz de actualizar a lei e legalizar direitos como o direito à greve. O Guggenheim abre em 2011 em Abu Dhabi e o Guggenheim ainda não respondeu.

[cadê o pavilhão?]
O Pavilhão existe no mundo virtual, mas não no mundo real: ou seja, como muitas coisas hoje em dia, o Pavilhão do Panamá para a edição deste ano da Bienal de Veneza, só existe nos fios, mas não no percurso da cidade flutuante. Richard Prince, um dos artistas referidos no site do pavilhão diz qual a razão para o pavilhão não existir, razão essa que nos deixa na dúvida… Ou se trata de uma brincadeira para justificar a inércia dos organizadores ou… é verdade. Reza a história de Prince que a ideia era pedir ao Estado da Florida cujo governador é o irmão de George Bush, Jeb Bush para libertar o General Noriega com o objectivo de levá-lo à Bienal. Como a ideia não foi aceite pelo governador, o artista justifica-se dizendo que em vez disso decidiu fazer um poster de enfermeiras lésbicas polacas. E termina com uma piada: “já ouviu falar das enfermeiras polacas lésbicas? Não gostam de mulheres.” O poster é este:
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "se era para mostrar a roupa do senhor do lado direito, que tal ter escolhido outro quadro. não sei, era uma sugestão...":

Jean-Baptiste Regnault
Les Trois Grâces
1797 - 1798
Museu do Louvre, Paris



Mario Sorrenti
Yves Saint Laurent para Rive Gauche
1998

quarta-feira, julho 25, 2007

- o carteiro -

mutatis mutandis embora ainda e apenas teoricamente. estaremos por aqui.

terça-feira, julho 24, 2007

- não vai mais vinho para essa mesa -

sentiu-se acossado, nunca mais apareceu lá. sentiu-se injustiçada, prometeu que nunca mais ninguém a magoaria.
- original soundtrack -


You can call me a sinner
and you can call me a saint
Celebrate me for who I am
Dislike me for what I ain’t
Put me up on a pedestal
Or drag me down in the dirt
Sticks and stones will break my bones
But your names will never hurt

I’ll be the garden, you’ll be the snake
All of my fruit is yours to take
Better the devil that you know
Your love for me will grow
Because

This is who I am
You can like it or not
You can love me or leave me
Cause I’m never gonna stop, no no
(…)

(Like it or not, Madonna)
- não vai mais vinho para essa mesa -

não quero saber, não me afecta, não me interessa, não é nada comigo, já nem estou aqui, não estou a ouvir, estou a tapar os ouvidos, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá...
- mãe, a maçã tem bicho -

(...)
A notícia não fala dos quadros interactivos que o governo também pretende levar até às escolas do país, não sei se todas. A verdade é que as parangonas são precipitadas, uma vez que em relação aos quadros interactivos ainda nem o concurso para a criação do software foi lançado. A sensação com que ficamos ao ver Sócrates a entrar numa sala simulada, com alunos vindos de um casting que tudo vai começar a funcionar imediatamente, mas sexta feira passada o Ministério da Educação recebia os possíveis candidatos a concurso e quem sabe, os vencedores.
- o carteiro -

“Que força é essa amigo?”*

- Polo do Hermitage em Lisboa em 2010
- O Louvre do Deserto ou o Louvre-Abu Dhabi estará pronto em 2012 com projecto de Jean Nouvel(?)
- O Centro de Arte Contemporânea de Veneza de François Pinault com projecto de Tadao Ando ficará pronto em 2009. O concurso para o mesmo lugar foi disputado entre Pinault e a Guggenheim Foundation com projecto de Zaha Hadid. O inimigo visceral de Pinault, Bernard Arnault e a Fundação Louis Vuitton em Paris planeiam um novo museu com projecto de Frank Gehry que será a Museu Fundação Louis Vuitton e estará pronto entre 2009 e 2010 no Parque de Bois de Bolougne, em Paris. Estes são só alguns dos projectos na forja para a construção de novos museus um pouco por todo o mundo. Notamos aqui duas atitudes diferentes: a iniciativa privada do Guggenheim, de Pinault e de Bernard Arnault e a polinização de museus conhecidos mas instalados em países com problemas de suborçamentação (Caso do Hermitage de São Petersburgo com um polo em Las Vegas) que procuram a expansão não através da associação com países e museus que poderiam proporcionar de facto um valor acrescentado e dar visibilidade à colecção, mas antes com países que sofrem do mesmo mal, como é o caso português. Há também o caso do Louvre de Abu Dhabi; ou seja, a exportação de um modelo com sucesso para um país dos mais ricos dos Emiratos Árabes, mas sem comparação quando colocado ao lado do Qatar. Neste exemplo o próprio museu fica de certa forma a perder pois tem de cumprir as condicionantes impostas pelo museu receptor o que neste caso se traduz por obras que não exponham nus nem cenas religiosas.

Mas o que é que faz mover as instituições nesta febre museológica, ou de marketing museológico? Há os exemplos referidos, mas há outros que ficaram prontos recentemente como a expansão do Whitney Museum por Renzo Piano e a extensão do Denver Art Museum por Daniel Libeskind.

Uma coisa é certa; uma obra de arte não desvaloriza. Ao contrário de um carro ou de uma casa, uma obra de arte com formato mais ou menos convencional, com uma ideologia conceptual mais ou menos ortodoxa, mais ou menos compreensível, é sempre um investimento. Pode não valorizar grandemente, mas não desvaloriza. Porque ao contrário de uma casa e de um carro cujos critérios de escolha estão ao alcance de cada um de nós e fazem parte do conhecimento comum, uma obra de arte tem uma face e uma vida associadas, e os critérios de apreciação são estéticos e por isso subjectivos. Não são quantificáveis, mensuráveis e assim, de difícil alcance. Existe também o factor “privados”. Os grupos privados como bancos e fundações encontraram na arte um investimento seguro que pode ter muitos parceiros e que, tal como numa moda, está a atingir o seu auge (The Bubble). O retorno é de tal forma compensador que não é difícil encontrar quem deseje participar num fundo de investimento em arte. Para além do valor monetário, há o valor simbólico.

Desconheço o peso do mercado e das transacções de arte para a economia dos países, mas em 2000 a Comissão Europeia calculava que o mercado de arte contribuia com 8 biliões de euros anuais. A consulta do Bloomberg também não me permitiu obter valores concretos para o anos mais recentes, mas para as economias europeias, a espanhola por exemplo, o mercado de arte é uma parte importante das receitas obtidas anualmente.

*José Mário Branco
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "o primeiro de uma série de muitos da autoria de Mario Sorrenti":

Anónimo (Ecole de Fontainebleau)
Gabrielle d'Estrees et la duchesse de Villars
1594
Musée du Louvre


Mario Sorrenti
Yves Saint Laurent para Rive Gauche

1998

segunda-feira, julho 23, 2007

impressionante a quantidade de gente que em vez de estar a trabalhar, está no messenger. em menor número, há quem esteja a postar...
- original soundtrack -


The youngest was the most loved
The youngest was the shielded
We kept him from the world's glare
And he turned into a killer
Retroussé nose
Turned up and mischievous
Forget-me-not eyes that cried if we ever left his side

There is no such thing in life as normal
There is no such thing in life as normal

The youngest was the most loved
The youngest was the cherub
A small boy from a poor house
Who turned into a killer
A blush arose if he had to say ‘hello’
A lopsided grin strained to keep the shyness in

There is no such thing in life as normal
There is no such thing in life as normal
(...)

(The youngest was the most loved, Morrissey)
- não vai mais vinho para essa mesa -

back to business
back to black
back to basics?
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois:

Raoul Hausmann
Cabeça Mecânica (O Espírito dos nossos Tempos)
1919-1920
Musée National d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris


Fritz Lang
Metropolis
1927


James Whale
Frankenstein
1931
- o carteiro -

Vincent Van Gogh
Fifteen Sunflowers in a Vase

1888
National Gallery, London

"Delia was a gambler"


Quando a minha idade era outra que não esta, a minha tia Adélia, a quem o meu tio por perrice chamava de Delia, tinha-me em casa sentado e entretido com o roçar de saias das visitas que lá iam beber chá e comer biscoitos. Mais comer do que beber porque a ditadura dos espartilhos assim o determinava. A minha tia Adélia não tocava nos biscoitos até chegar a sua colega de gulodice a Dona Celeste de Noronha que partilhava com ela a opinião que o espartilho era bom para receber visitas mas inútil para além disso, principalmente se como elas, eram chamadas de “mulheres na reserva”. O corpo, o marido e a sociedade não pedia filhos, a vontade não pedia amantes e os biscoitos não pediam espartilhos. Ainda estávamos longe dos Ballets Russes e da libertação do corpo feminino cujas linhas sugeridas em túnicas de bailarinas agora profissionais e senhoras dignas do respeito dado à arte, tinham inspirado o aparecimento da Arte Nova.

A tia Adélia ouvia as palavras de consolo da Dona Celeste e sorvia a ponta dos dedos onde segurava as migalhas que ía tirando do peito de rola, muito farto e redondo, como se estivesse constantemente com o cio, mas sem o toque do marido. Era por isso que o espartilho de nada servia; “devia ser multado o homem que inventou o espartilho por ser homem e por ter criado nas mulheres como elas falsas expectativas”, dizia ela. As migalhas que não via era como se não existissem porque não queria pensar no desperdício. E sacudia o peito que aos safanões com as costas da mão respondia com a imobilidade tal era a força do espartilho.

As conversas eram sobre as infidelidades do meu tio que a minha tia não tinha por um santo, mas jurava ser apenas “infidelidade” e não “infidelidades” como dizia a Dona Celeste. “Olhe que quem faz com uma faz com duas, Dona Adélia”, dizia-lhe. “Eu sou uma, a outra é duas. Ele só tem a outra. Eu bem sei que para o fim ele mal se aguentava… bem… sabe do que eu estou a falar. É só uma e é aquela Delia. Ai que raiva essa rameira ter um nome parecido ao meu. Como é que ela ousa, que atrevimento, que perfídia, que ultraje”, dizia a minha tia em crescendo, já de pé e perto da janela a pronunciar “ultraje” como uma Medeia da moral. A Dona Celeste que adorava biscoitos de canela com pedacinhos de uva passa – um luxo para a altura – aproveitava o momento para atiçar a minha tia com vista a protelar a altura de também ela sacudir as migalhas, roçar a saia nos móveis e despedir-se com a luva a acenar da porta. Dizia-lhe então medindo mais um biscoito antes de tirá-lo do prato: “e aquela música?! Hã?”

Quando o meu tio chegava a casa – eu às vezes ficava lá para jantar pois a minha tia apreciava a companhia de alguém jovem -, vinha a cantarolar sempre a mesma música: “Delia was a gambler…”, o que irritava severamente a minha tia. Era uma afronta ao seu nome, ao casamento e também, embora achasse que nada lhe servia isso, ao seu coração que continuava a bater descompassado dentro do espartilho.

Um dia, ao passearem pelo parque por alturas de um aniversário de casamento (uma das poucas ocasiões em que se mostravam em público sem ser em missas e seus derivados (para o meu tio), nem em festas e seus sucedâneos (para a minha tia), a bela mas já gasta Delia passou pelos aniversariantes lado a lado. A minha tia, segundo o que a própria contou a Dona Celeste, sentiu-se enrubescer e jurou mesmo que um dos seios lhe saltou do espartilho. Delia sorriu para o meu tio com olhos cabisbaixos e ele retribuiu com um sorriso maroto. Ia a minha tia rebentar dentro do espartilho, já pronta para dar uma descompostura de palavras educadas ao senhor seu marido quando este lhe diz: “Sabia que esta rapariga, rapariga é como quem diz, esta senhora, se assim lhe pudermos chamar, me deve dinheiro, muito dinheiro?” A minha tia estacou: “Dinheiro? Porquê? O que é que ela anda a fazer para precisar do teu dinheiro. Oh meu deus isto é pior do que aquilo que eu pensava. Nunca mais vou poder sair à rua, nunca mais vou poder estar em casa, terei de abandonar tudo…” dizia ela no seu desvario que a levava a procurar não a janela, mas o espaço entre duas árvores para arfar melhor. “Que está para aí a dizer Adélia? Ai a mulher! Adélia, aquela senhora é jogadora. Joga para se manter já que a pensão do marido entrevado não dá nem para a água da chuva. Ó Adélia, não me faça uma cena, venha para cá.”, respondeu o meu tio. Nesse momento a minha tia colocou o seio para dentro e respirou em seco, em parte por causa do espartilho, em parte por ter desacreditado o “homem bondoso, carinhoso e fogoso com quem casou”. Afinal “Delia was just a gambler” (para a minha tia), “do seu próprio corpo” (para o meu tio).

sexta-feira, julho 20, 2007

- não vai mais vinho para essa mesa -

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.

(Eugénio de Andrade)

*caramba, isto hoje não está a correr bem

quinta-feira, julho 19, 2007

- original soundtrack -

Carry me caravan take me away
Take me to portugal, take me to spain
Andalusia with fields full of grain
I have to see you again and again
Take me, spanish caravan
Yes, I know you can
Trade winds find galleons lost in the sea
I know where treasure is waiting for me
Silver and gold in the mountains of spain
I have to see you again and again
Take me, spanish caravan
Yes, I know you can

(Spanish Caravan, The Doors)
- não vai mais vinho para essa mesa -

Hoje não tenho nada para lhe dizer. Faça como quiser, só não insulte a minha inteligência.
- o carteiro -
A exposição “Vade retro: arte e omosessualità" (Vade retro: art and homosexuality), que iria estar patente no Palazzo della Ragione em Milão foi definitavamente cancelada. O que não impede que a mostra possa ser levada para outro lado e exibida com maior o menor polémica. No centro do cancelamento e reacções negativas várias estão duas imagens. Numa delas “Miss Kitty”, o escultor milanês Paolo Schmidlin despiu o Papa, ou pelo menos uma figura muito parecida com Bento XVI e colocou-a numa pose provocante e com um penteado e uma expressão sugestivas. Quando falo de sugestivas, falo apenas dentro do contexto: dentro do tema da expsoição o Papa é tratado artisticamente como um travesti ou um homossexual. Entretanto, Vittorio Sgarbi, o vereador da cultura da Câmara de Milão que é também historiador e coleccionador de arte e que comprou esta obra por 20 mil euros recebeu agora a feliz notícia de que a mesma já vale 100 mil euros.

Paolo Schmidlin
Miss Kitty


A outra imagem que suscitou polémica foi "Ecce Trans" de ConiglioViola. Esta imagem reintrepreta uma outra (verdadeira) em que um político conhecido (Romano Prodi) foi visto a conversar com um transexual. Na visão do artista esse transexual seria Cristo.
A exposição em si faz jus ao título uma vez que as obras tanto se referem à homossexulaidade feminina como masculina. Houve uma censura inicial a “Miss Kitty”, depois a exposição ficou interdita a menores de 18 anos, em seguida mais 12 trabalhos que teriam uma natureza pedófila e pornográfica foram censurados até que a exposição foi cancelada.
Independentemente de achar a censura despropositada, uma vez que só vai ver quem quer, estas duas obras parecem-me “a little bit too much”. Na realidade não me parece imprescindível retratar o Papa ou qualquer outro líder religioso daquela forma para contar um pouco da homossexualidade na arte. Quanto a Prodi, faço minhas as palavras de John Wayne aquando da eleição de Kennedy (Wayne era apoiante de Richard Nixon): “I didn’t vote for him, but he’s my president and I hope he does a good job.” Claro que Prodi não é o meu presidente, mas não vejo relevância neste caso para o mesmo ser trazido a uma galeria de arte.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "como o primeiro e o segundo levam ao terceiro, embora não faça ideia de onde vem o homem na imagem de Recuenco, uma vez que na história de Marat ele não aparece":

Anónimo
Charlotte Corday


David, Jacques-Louis
Death of Marat
1793
Musees Royaux des Beaux-Arts de Belgique


Eugenio Recuenco
Madame Figaro

quarta-feira, julho 18, 2007

- original soundtrack -


(...)
They tried to make me go to rehab but i said 'no, no, no'
Yes I've been black but when i com e back you'll know know know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab but i won't go go go

The man said 'why do you think you here'
I said 'I got no idea
I'm gonna, I'm gonna lose my baby
so I always keep a bottle near'
He said 'I just think your depressed,
kiss me here baby and go rest'

They tried to make me go to rehab but i said 'no, no, no'
Yes I've been black but when I come back you'll know know know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab but i won't go go go
(…)

(Rehab, Amy Winehouse)

- não vai mais vinho para essa mesa -

- Sabes que a Amy Winehouse casou?
- Casou?
- Sim.
- Com quem? Não foi com aquele tipo… O Johnny…
- O Johnnie Walker?
- não vai mais vinho para essa mesa –

Deixe-me dizer-lhe que você tem um talento especial para magoar pessoas. Já pensou fazer disso profissão?
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "não será uma cópia, nem um after Delacroix, after Goya, after Vermeer em tom de homenagem. Será antes a denúncia de uma inspiração que vem da arte e da pintura holandesa, em especial de Vermeer (não é a primeira vez que Erwin Olaf faz fotogarfias deste tipo), e mais em relação ao espaço e às personagens do que aos jogos de cor, mais em relação à condição social, ao mistério de quem é retratado do que em relação à sombra e luz. Não o podemos aproximar de Sherrie Levine e das suas cópias de Warhol sem o "after Warhol", que são mais uma crítica que uma homenagem. Estas são adimiração e respeito.":

Vermeer
Woman in Blue Reading a Letter

c. 1663-1664
Rijksmuseum, Amsterdam


Erwin Olaf
- o carteiro -
Arte contemporânea nas igrejas.
A propósito desta notícia e da arte religiosa nas Igrejas (as relíquias, os frescos, as arquitecturas efémeras para casamentos reais, os baldaquinos, a escultura, a própria arquitectura do edifício em si, todas estas áreas já foram visadas pela arte. É conhecida a relação e mesmo a forma como a Igreja se serviu da arte, sendo em alguns dos casos a única mecenas, com vista a alfabetizar religiosamente os crentes).

Depois de um período em que os artistas pareciam afastados da produção artística nas igrejas por o princípio que presidia à sua existência não se coaduar com características e objectivos da arte contemporânea, um novo conjunto de trabalhos dentro e para igrejas foi entregue a artistas. O espnahol Miguel Barceló criou um trabalho em cerâmica para a capela gótica de Palma de Maiorca. Ainda que numa dimensão menor, Barceló passou 3 anos a dedicar-se inteiramente à catedral, tal como Gaudí. Além disso proporcionou, porque o seu trabalho implicava o uso de cerâmica, o desenvolvimento de algumas manufacturas em França e Itália. Gerhard Richter criou um trabalho de vidro para a catedral de Colónia na Alemanha. Ao contrário de Barceló, cujo trabalho era de raiz, Richter teve de reconstruir painéis de vidro destruídos durante a Segunda Guerra Mundial e cujos planos também se perderam. Mas para Richter não era a primeira vez que trabalhava o vidro. Pedro Calapez criou um trabalho para o interior da Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, que tinha como objectivo abrigar os crentes e não-crentes. Não foi a primeira vez que Calapez trabalhou para uma encomenda da Igreja, uma vez que já tinha trabalhado nas pinturas dos Mosteiros de Jerónimos. Há outros exemplos como a artista Alison Watt que irá apresentar uma pintura abstracta de grandes dimensões para a Capela de São Paulo em Edinburgo, ou Susanna Heron que irá conceber uma plataforma reflectora em granito preto para a Catedral de Liverpool. Stephen Cox foi o escolhido para criar o novo altar da Capela de Santo Anselmo. Alexander Beleschenko concebeu uma janela para um edifício religioso do século XII. Jeff Talman colocou uma instalação Sonora na Catedral de Colónia em 2004 e antes já o havia feito na Catedral de St. James em Chicago.
Obviamente os tempos são outros: os artistas têm maior liberdade criativa e verfica-se o contrário da Renascença: não é o artista que se sente honrado com o convite, é a Igreja que se mobiliza para contratar este ou aquele artista pois são um sinal de prestígio.Nota-se igualmente uma aposta nos materiais mais próximos da natureza e de conceitos mais inovadores que não se prendem com o figurativismo sugerido pelos Evangelhos, em detrimento dos matariais tradicionais. Dá-se protagonismo à luz e à água, fingem-se espelhos e novos elementos para a representação de histórias com mais de 2000 anos.

terça-feira, julho 17, 2007

devido a problemas de saúde, a regularidade e quantidade dos posts vai sofrer uma redução. a hora também vai mudar. os comentários e mails, caso os haja, terão resposta à hora da postagem. o telemóvel, isto para os mais chegados, não será atendido. poupe-me as misericórdias e voltem sempre. se não for para ver as novidades, que seja para ver as antiguidades. é breve, espero, e tem a vantagem de estar bem localizado.

segunda-feira, julho 16, 2007

boas notícias:

toda a gente sabe "Lua Nova trovejada, 30 dias é molhada". E a Lua Nova de Junho foi trovejada, no dia 15, sexta-feira. Está a acabar. A Lua Nova de Julho foi Sábado.
- original soundtrack -

O pato vinha cantando alegremente, quém, quém
Quando um marreco sorridente pediu
Pra entrar também no samba, no samba, no samba
O ganso gostou da dupla e fez também quém, quém
Olhou pro cisne e disse assim "vem, vem"
Que o quarteto ficará bem, muito bom, muito bem
Na beira da lagoa foram ensaiar
Para começar o tico-tico no fubá
A voz do pato era mesmo um desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final quando caíram n'água
E ensaiando o vocal
quém, quém, quém, quém
quém, quém, quém, quém
quém, quém, quém, quem

(O Pato, João Gilberto)

ou o Concerto Brandeburguês da Sapucaí
- não vai mais vinho para essa mesa -

é chegado o grande dia. o dia que o Sr. irá fazer.
- o carteiro -


E as tendências para a estação são...


para além das skinny com saltos altos, os calções bem curtos e a pele tratada independentemente da coloração dada pelo sol, a tendência da estação são as exposições sobre arte sacra. Apesar das revistas nos fazerem sempre interessantes reportagens sobre a alimentação de Verão e as mulheres que praticam sexo com descopnhecidos (ver "Sábado" e "Visão" desta semana), quem não estiver para ler isso, que no fundo é uma repetição das matérias em igual período do ano transacto, pode sempre pegar em si com ou sem hot-pants, e experimentar as duas tendências nas exposições mundiais

Arte religiosa: Em Londres, a British Library exibe "Sacred" uma exposição de livros sagrados da religiões Cristã, Islâmica e Judia. Até 23 de Setembro. O British Museum abre ao público a exposição "Gods, Guardians and immortals: Chinese religious paintings". Até 5 de Agosto. Na Turquia, o Sakip Sabanci Müzesi apresenta "In Praise of God: Anatolian Rugs in Transylvanian Churches, 1500-1750.", uma exposição de tapetes otomanos trazidos para a Europa por mecadores venezianos que acabaram por decoram as paredes das igrejas da Transilvânia. Até 19 de Agosto. Em Hong Kong é o Hong Kong Heritage Museum que abre ao público até 9 de Setembro a exposição "Splendour and Mystery of Ancient Shu: Cultural Relics From Sanxingdui and Jinsha"; ou seja, uma exposição sobre as relíquias em jade, ouro, bronze e marfim em Sanxingdui. Em França, Lille, é o Palais des Beaux Arts que até 15 de Agosto tem patente a exposição “Philippe de Champaigne: Politique et Spiritualité". Philippe de Champaigne (arghhh!!!), trabalhou sob a influência da austeridade jansenista. Para contrariar tanta abstinência recomenda-se, num registo oposto, a exposição no Coliseu de Roma denominada "Eros: Il più Potente Degli Dei". É, tal como as anteriores, sobre uma entidade religiosa, mas desta vez o Deus do Amor, da representação própria do imaginário grego que o retratava como um adolescente, à representação renascentista sob forma de putti. Até 16 de Setembro.

A outra tendência deste Verão são os Impressionistas e Pós-Impressinistas. Já eram um dos alvos dos leilões deste ano, e agora voltam a ser escolhidos para levar famílias em férias aos magotes, aos museus de todo o mundo. Em Inglaterra, na Royal Academy pode ver-se a exposição "Impressionists by the Sea", até 30 de Setembro. Não podia ser uma exposição mais apropriada (embora Londres não possua praias), sobre a pintura impressionista que se debruçava sobre as cenas de veraneio e praia dos anos 60 a 80 do século XIX. Há pinturas de Boudin, Manet, Monet, Whistler e Jean-Charles Cazin. No Canadá, na National Gallery of Canada e até 7 de Setembro vai estar patente a exposição "Renoir Landscapes, 1865-1883”. Esta exposição celebra um “efeméride” pois há 10 anos a mesma galeria exibiu uma exposição sobre os Impressionistas franceses. Em Marselha, no Museu Cantini são apresentados desenhos de Bonnard numa exibição apelidada de "Dessins de Pierre Bonnard: Une Collection Privée”, curioso, uma vez que o lado de Bonnard que melhor conhecemos é o de Bonnard pintor. Podemos ver então nus, cenas da vida quotidiana, retratos e naturezas-mortas. Até 5 de Setembro. Também em França, mas no Musee D’Orsay está patente até 16 de Setembro a exposição "De Cézanne à Picasso: Chefs d'Oeuvre de la Galerie Vollard”. Estão lá todos os Impressionistas que passaram pela mão de Ambroise Vollard. Na Alte National Galerie , na Alemanha, podemos visitar a "Frankreich in der Alten Nationalgalerie: Französische Kunst und Deutscher Impressionismus in der Sammlung der Nationalgalerie" até 7 de Outubro. Trata-se de uma exposição sobre o Impressionismo alemão. Salvaguarde-se a ideia que este não é propriamente igual ao Impressionismo francês ou inglês. Em Florença, e até 29 de Julho pode ser vista a exposição "Cézanne a Firenze: Due Collezionisti e la Mostra del Impressionismo nel 1910”. Refere-se a um conjunto de pinturas que pertenceram a dois coleccionadores exilados em Florença. Há Cézanne, Pissarro, Van Gogh, Matisse, sargent, e Mary Cassat. É no Palazzo Strozzi . Há Impressionismo em Kyoto, no Kyoto Municipal Museum até 14 de Setembro. A exposição "Masterpieces From the Philadelphia Museum of Art: Impressionism and Modern Art”, mostra 62 pinturas de Matisse, Monte, Manet, Cézanne e Wyeth. No Seoul Museum of Art apresenta-se a exposição "Monet: From Instant to Eternity” que enfoca os Water Lilies de Monet. Até 26 de Setembro. No Thyssen- Bornemisza e até 16 de Setembro, a muito divulgada exposição "Van Gogh: Los Últimos Paisajes” que retrata em pinturas o período compreendido entre a saída do hospício e o suicídio de Van Gogh. Na América há duas exposições sobre Impressionismo: a da National Gallery of Art , até 5 de Agosto e que tem como título "Eugène Boudin at the National Gallery of Art". Foi este o artista que mostrou a pintura de plein aire a Monet. Por fim, a exposição "American Impressionism" apresenta-se no The Phillips Collection até 5 de Agosto com os artistas americanos Childe Hassam, Maurice Prendergast, Theodore Robinson, Robert Spencer, Augustus John Henry Twachtman, e Julian Alden Weir.

Depois de tanta tendência, é natural que digam que este blog é fútil.

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois:

Miguel Ângelo
Pieta
c. 1498-99
Basilica of St Peter, Vatican


Maria Abramovic
Pietá
1993
La Fabrica Galeria, Madrid

sexta-feira, julho 13, 2007

e enquanto o programa não converte o ficheiro, vê-se na net a temperatura do local, os locais a visitar, as vistas...
- não vai mais vinho para essa mesa -


- Isso não é justo! Não vamos, ainda temos de ajudar... E o que é que temos em troca?
- Podem ver as meninas de biquini!
- Ah, isso já é outra coisa. Mas olha, nós temos 7 mulheres para cada homem, é impossível ficar só com uma. É impossível ser fiel!
- 7? Que fartura! Estás a ver, vocês são uns felizardos.
- É bom, não é?
- Deve ser. Mas olha que talvez não seja essa a proporção. Se começares a eliminar hipóteses deves ficar com pouco mais de 2 mulheres por cada homem. Fica mais difícil ser infiel...
- Porquê? Como?
- Se colocares de parte as mulheres que não estão no teu espectro de idades que te interessam, mais aquelas que não partilham a mesma opção sexual que tu, as que estão no outro hemisfério e as que não pertencem à tua rede de telemóvel, ficas com um campo de escolha mais reduzido.
- Essa do hemisfério não vale!
- Ai vale, vale! Se 6 forem do outro hemisfério e uma do teu, fica muito mais difícil ser infiel. Estou a ajudar-te a orientar a tua vida!
- Pois é...
- Então envia-me por mail o ficheiro, já que estou com a "mão na massa". Se não passar, grava na pen. Agarra!
- Pedro, era para agarrares!- Estava a pensar naquilo das mulheres.

- original soundtrack -


Knocked up nine months ago
And what she's fittin' to have she don't know
She wants neo soul cause hip hop is old
She don't want no rock'n roll
She want platinum, ice and gold
She want a whole lot of somethin' to fold
If you're an obstacle she'll just drop you cold
Cause one monkey don't stop the show
Little Mary's bad
In these streets she done ran
E'ry since when the heat began
I told the girl look here
Calm down I'm gonna hold your hand
To enable you to keep the plan
Because you'se quick to learn
And we can make money to burn
If you allow me the lay this game
I don't ask for much but enough to room to spread my wings
And a world fittin to know my name, just listen to me
(...)

(The Seed, The Roots)


- não vai mais vinho para essa mesa -


- É giro esse vestido! Por acaso tens uns vestidos muito giros.
- Este é o meu "com um simples vestido preto eu nunca me comprometo".
- E o vermelho?
- O vermelho é, segundo aquilo que ouvi, o vestido de "estás a pedi-las" ou do "está disponível". Como se alguém estivesse disponível por usar isto ou aquilo... Mas melhor mesmo é o "está a pedi-las". Dá vontade de dizer, "olhem, desculpem lá eu vestir aquilo que gosto. Não volta a acontecer. Não quero indispor os senhores. Até vou respirar para o outro lado."

- o carteiro -

cabeças coroadas sem coroa (continuação)

A polémica das coroas veio para ficar (eu pelo menos não me cansei de investigar). Já sabemos que a coroa era usada pelos soberanos, quando muito, uma vez na vida, no dia da coroação. Essa razão prende-se com os rituais próprios de unção dos quais daremos mais pormenores assim que possível. Certo é que em Portugal, nos reinados anteriores a D. João VI, não havia tradição do uso de coroa na cabeça nas poses para retratos reais. E depois de 1640, muito menos, já que a monarquia passou a ser dual. Nos outros países como Espanha, França, Inglaterra, as excepções são raras: D. Luís, e a rainha D. Vitória que quase sempre andava com uma coroa muito pequena, feita de propósito para ela.

El Greco
St. Louis, King of France
1587-97
Musée du Louvre, Paris




Recentemente entre os soberanos europeus vemos a monarca Isabel II posar de coroa quer para pinturas quer para fotografias. Depois de posar para a objectiva de David Dawson num lugar com pouca luz e nada digno de uma rainha, Isabel II zangou-se com Annie Leibovitz. É notícia no El Mundo e é a prova como a tradição já não é o que era. A fotógrafa pediu à rainha para posar sem a coroa por, juntamente com o traje real, tornar a imagem demasiado ataviada. A rainha respondeu que não e saiu da sala.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "para falar a verdade, não gosto de nenhum":

Diego Velazquez
Las Meninas
1656
Museo del Prado, Madrid




Picasso
Las Meninas (after Velazquez)
1957
Museu Picasso, Barcelona

quinta-feira, julho 12, 2007

- original soundtrack -

não encontro a letra, não tenho a certeza que seja de Otis Redding, mas acho-a um portento:


(Remember Me, Cat Power)
- não vai mais vinho para essa mesa -

I guess you'll never know. E eu também não.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois, ou "de onde esta veio, há muito mais", ou "essa janela é minha miúda", "eu pensava que só tinhas direito ao andar de cima e eu ao de baixo", "nada disso, sou mais velha, tenho direito aos dois", "mas eu tenho o cabelo comprido", "e eu ainda mais, percebes agora a razão de ficares pelo rés-do-chão?":

Frank Cadogan Cowper
Rapunzel

1900


Dakota Fanning fotografada por Karl Lagerfeld para Vanity Fair (Janeiro 2007)
- o carteiro -

Aquilo que alguns chamam de Sectarismo, podemos chamar nós de idiossincrasias artísticas e temporais que condicionam a forma como os mesmos temas são tratados de formas diferentes consoante o país, a religião, as encomendas e quem manda. Já aqui tínhamos falado do S. Mateus e o Anjo de Rembrandt por oposição ao S. Mateus e o anjo de Caravaggio. Um protestante e outro, que não sendo o melhor exemplo de um católico devoto, retratava a forma como se entendia essa passagem religiosa, mostram como a religião condiciona a visão do mesmo tema. O S. Mateus de Caravaggio como um analfabeto, um tipo de campo, com as unhas sujas e os dedos grossos, confuso e um anjo diligente que lhe pega na mão. Uma provocação de Caravaggio, também. O S. Mateus de Rembrandt, mais autónomo, pensativo a expressar essa relação directa e privilegiada com Deus própria do protestantismo. Mas este exemplo é apenas um entre vários.

Enquanto Botticelli (1445-1510) pintava figuras idealizadas, já a prenunciar o Renascimento, belas e proporcionadas, enquadradas por uma beleza idílica e perfeita que não ofuscava no entanto as os deuses e as ninfas e mesmo as figuras religiosas, Dürer (1471-1528), um coetâneo, pintava as mesmas figuras religiosas sem preocupações com a serpentinatta, nem com a proporção das 10 cabeças, nem mesmo com a concordância entre o ambiente e o ser exposto. Dois exemplos: Botticelli pinta uma Vénus, Dürer pinta, no máximo, Adão e Eva. Temos aqui diferenças religiosas, mas também da própria vivência dos autores. Note-se que não se trata de estilos artísticos diferentes que coexistiram no tempo em reinos diferentes. Estávamos no início do Cinquecentto, não havendo portanto e ainda movimentos artísticos balizados temporalmente nem com características únicas.

Outro exemplo é o que nos chega de Espanha, onde a encomenda artística era acima de tudo clerical. Ao contrário do que aconteceu em Itália com Caravaggio - que pintava todos os temas religiosos conforme lhe aprazava - em Espanha, pintores como Zurbarán limitaram-se ao que era pedido, em parte devido à Contra-Reforma que como sabemos, e perante a ameaça iconoclasta e anabatista do protestantismo, procurou enfatizar a imagem como forma de impressionar e persuadir os crentes. A imagem "falava", uma vez que a maior parte das pessoas não sabia ler e o acesso aos livros era restrito. Era uma forma de promover os símbolos da fé.
- não vai mais vinho para essa mesa -

Jumbo - Hiper de estimação

Fácil, é como encontrar-este-este-e-este-por-dez-euros-os-três-na-tromba-de-um-elefante.

quarta-feira, julho 11, 2007

- original soundtrack -

Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo
Me absorvendo
E de repente
Eu me vi assim completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não há caminho
Eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia

Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho
Mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção se fez mais clara
E mais sentida
Quando a poesia realmente fez
folia em minha vida
Você veio me falar dessa
paixão inesperada
Por outra pessoa

Mas não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Eu tenho, sim
Não tem desespero, não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz
(Sonhos, Caetano Veloso)

terça-feira, julho 10, 2007

- o carteiro -

(em actualização)
[1] Ai se eu mordesse a minha língua ao ler o último parágrafo

[2] Se só debaixo de telha, é andar de telha debaixo do braço.

[3] O Al Gore da vida social.

[4] Olhe, adorei a tradução. (ver as letras pequeninas)

[5] Por uma língua em crise.

- original soundtrack -



If I should leave you
Try to remember the good times
Warm days filled with sunshine
And just a little bit of rain
And just a little bit of rain

And if you look back
Try to forget all the bad times
Lonely blue and sad times
And just a little bit of rain
And just a little bit of rain

And if I look back
I'll remember all the good times
Warm days filled with sunshine
And just a little bit of rain
And just a little bit of rain

If I should leave you
Try to remember all the good times
Warm days filled with sunshine
And just a little bit of rain
And just a little bit of rain

(Little bit of rain, Karen Dalton)
- não vai mais vinho para essa mesa -

"You make me wanna be a better man." – Jack Nicholson para Helen Hunt em “As good as it gets”.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "isto anda com muita imagem e pouca palavra. hummm....":

Vermeer
Woman in Blue Reading a Letter
1663-64
Rijksmuseum, Amsterdam


Tom Hunter
Woman reading
1998
The Staatchi Gallery, Londres

segunda-feira, julho 09, 2007

à procura:
- Pinus Sylvestris (muito comum)
- Pinus Parviflora (parvo é você)
- Pinus Wallichiana (Wagner, és tu?)
- Pinus Apacheca (vem dos Apaches?)