sexta-feira, dezembro 28, 2007

- original soundtrack -


Hear the lonesome whiperwill
He sounds too blue to fly
The midnight train is whining low
Im so lonesome I could cry

Ive never seen a night so long
When time goes crawling by
The moon just went behind a cloud
To hide its face and cry

Did you ever see a robin weep
When leaves begin to die
That means hes lost the will to live
Im so lonesome I could cry

The silence of a falling star
Lights up a purple sky
And as I wonder where you are
Im so lonesome I could cry

(I'm so lonesome I could cry, Hank Williams, interpretado por Johnny Cash e Nick Cave)
- não vai mais vinho para essa mesa -

Então adeus e saúdinha
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou “ que me desculpe o caro João Barbosa, mas ao contrário do prometido não vou postar as imagens que me enviou. mudei de ideias e apeteceu-me postar esta fotografia de Robert Wilson e o respectivo quadro de Nicholas Hilliard. ou será ao contrário? não interessa. na fotografia temos Jean Moreau bastante vestida e com um ar muito sério e na pintura temos a Mary rainha da Escócia. acho que esta é que era a Bloddy Mary… há duas versões deste quadro mas só esta é de corpo inteiro. o quadro está repleto de pormenores que não são perceptíveis assim, mas estão lá. foi pintado cerca de 20 anos após a execução da rainha dos escoceses em 1587 por ordem da sua prima Elizabeth. o artista baseou-se num pequeno retrato feito da rainha quando esta estava feita prisioneira em Inglaterra. é o típico retrato que a família usou para reabilitar a imagem da monarca. note-se que Mary tinha na mão um crucifixo e um rosário preso no cinto decorado com uma cena de Susana e os Velhos, uma cena do Antigo Testamento já referida aqui e que fala das falsas acusações de que a jovem foi alvo por parte de dois velhos chegando quase a ser condenada. uma alusão que se tenta fazer à suposta inocência de Mary”:

Nicholas Hilliard
Mary, Queen of Scots

1610 (1578?)
National Portrait Gallery


Robert Wilson
Jean Moreau
- não vai mais vinho para essa mesa -

este é o logo dos Jogos Olímpicos de Beijing 2008. uns gostam mais, outros menos, eu até gosto do de Londres 2012. o processo criativo de um logo, ainda mais se for um logo que terá uma grande visibilidade e terá de ter uma linguagem universal é bastante difícil. tem de existir um estudo prévio de outros logos, aprender alguma coisa com eles, ver aqueles que não funcionaram e porquê, conceber algo (mais do que trabalho de computador, de Illustrator e Freehand, é um trabalho conceptual) que seja entendido por milhões de pessoas, por todo o mundo (e neste mundo não incluo apenas o mundo do desporto), que não seja ofensivo para ninguém, que não tenha duas leituras antagónicas e que não se complementam, enfim, o logo para os Jogos Olímpicos de um país tem de ser a imagem desse país no mundo e um cartão de visita para que muitos possam usufruir das ofertas desportivas - e não só - que este tem para oferecer. por isso deixo aqui o logo de Beijing 2008, bem como o seu processo criativo. e espero que ninguém na China se ofenda.

logo Jogos Olímpicos de Beijing 2008


processo criativo do logo de Beijing 2008
- o carteiro -
Mulheres, bós soindes todas umas indrominadeiras:
Porque o fim de um ano se aproxima e o início de outro… também se aproxima, queria deixar aqui as previsões astrológicas, a leitura do futuro nas folhas de chá, os búzios, as cartas de Tarot e a minha conversa com Iemanjá ainda hoje de manhã quando estava na natação. Porque Iemanjá só se manifesta na água. Mas não foi possível e “I was not in the mood” para previsões (e o futuro somos nós que o fazemos) e por tudo isto ficam aqui as inúmeras formas de endrominar um indivíduo que deposita um bocadinho de esperança e dinheiro na mão de videntes, astrólogas, mães de santo e leitoras compulsivas de mãos.
A primeira é a vidente de Caravaggio com a cabecinha de lado, porque há outra versão em que a vidente tem um ar menos sedutor. Nesta, o jovem deixa as suas reservas de lado e aceita que lhe leiam a sina em parte devido ao sorriso da cigana. Deixa-se encantar e quase sem ela lhe ler a mão para ler, ele já começa a acreditar. Este quadro de Caravaggio tem a particularidade de conter muitos modelos de quadros anteriores: a cigana é parecida com a Virgem Maria do pintor Cavaliere d'Arpino, a composição é semelhante à dos “Jogadores de Cartas” da colecção do Cardeal Del Monte, o elemento masculino tem qualquer coisa de Narciso.

Caravaggio
The Fortune Teller
1596
Musei Capitolini, Roma

Na segunda versão Caravaggio que era um pintor italiano introduz na pintura italiana um tema que até aí só era conhecido nos Países Baixos. É uma cena de género, da vida de todos os dias, mas que esconde um significado para o enriquecimento do observador. Os temas funcionam como educadores do público. Para além destes dois quadros Caravaggio pintou uma outra obra relativa ao jogo de cartas que se perdeu. Aqui o jovem também dá a mão à cigana para ela lhe dizer o que o futuro lhe reserva, mas a expressão dela não deixa antever nada. É misteriosa ao contrário da cigana do quadro anterior. Mais uma vez ele deixa-se influenciar pelo poder que ela parece ter de decidir a vida dele e está tão inebriado que não nota a cigana a surripiar-lhe o anel. E não será um anel qualquer, um anel de pobre. As duas personagens estão tipificadas através das roupas: o jovem tem chapéu com plumas, luvas, a espada embainhada e as mangas em balão, e a cigana com a sua blusa exótica não engana. No entanto, nada à volta, nada em background nos diz o sítio onde decorre a acção porque não é o sítio que interessa. O sítio não acrescenta nada ao nosso conhecimento da cena e dá-nos uma sensação de superioridade porque a compreendemos independentemente do resto.

Caravaggio
The Fortune Teller
1596-97
Musée du Louvre, Paris


Caravaggio
The Fortune Teller (pormenor)
1596-97
Musée du Louvre, Paris

Diz-se que foram estas cenas que influenciaram o Fortune Teller de George de La Tour.

Georges de La Tour
The Fortune-Teller
1632-35

The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque

No fundo deste quadro podemos ler a inscrição "aegiptia. vulgo. zingara. fatvi. cerdonis. divinatrix. a. Simoe. Voet. ad. vivum. depicta. MCDXVII" que quer dizer: “A mulher egípcia vulgarmente conhecida por “a cigana que lê a sina ao artesão tolo, pintada por Simon Vouet em 1617”. A composição é simples e baseada na de Caravaggio, só que com três figuras. Tal como em Caravaggio as figuras emergem do fundo negro, mas há sempre o contraste entre novos e velhos. E a velha é a figura que falta em Caravaggio, ou que pelo menos está aqui em Vouet e que tem a mesma função da cigana de Caravaggio. Neste quadro a cigana lê de facto a sina, enquanto a velha rouba o jovem colocando a mão no seu bolso para lhe tirar a carteira. A mão direita que está no ombro do jovem faz figas, um gesto considerado vulgar na Toscânia e foi mesmo referido na Divina Comédia de Dante (Inferno XX, 2).

Simon Vouet
The Fortuneteller
1617
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Roma

Por fim fica aqui este Valentin que pertenceu a Luís XIV. O quadro mostra o mesmo que mostram os anteriores, mas com um estilo que não é nada típico da pintura italiana da época.

Valentin de Boulogne
The Fortune Teller
1628
Musée du Louvre, Paris

quinta-feira, dezembro 27, 2007

- original soundtrack -


You say you've got to go home 'cos he's sitting on his own again this evening.
I know you're gonna let him bore your pants off again.
Oh God, it's half past eight you'll be late.
You say you've never been sure tho' it makes good sense for you to be together.
Still you bought a toy that can reach
the places he never goes & now it's getting late.
He's so straight. Do you remember the first time?
I can't remember a worse time
but you know that we've changed so much since then
Oh yeah, we've grown.
Now I don't care what you're doing
No I don't care if you screw him just as long as you save a piece for me
Oh yeah now, you say you've got to go home.
Well at least there's someone there that you can talk to
And you never have to face up to the nite on your own.
Jesus, it must be great to be straight.
Do you remember the first time?

(Do you remember the first time? Pulp)
- não vai mais vinho para essa mesa -

ano novo, nova tentativa e nova promessa de nova vida. d.eviam mudar o dito que apesar de espirituoso e inspirador é muito volátil
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "last but not least, Jean Harlow e Marilyn Monroe. a fotografia não é a mesma e Jean Harlow posava tantas vezes com este glamour de estrela dos anos 30, que é difícil dizer se a fotografia de Avedon se baseou no filme ou na vida da actriz. acho que fica melhor Jean Harlow a fazer dela mesma do que Marilyn a imitar a rival. não eram propriamente do mesmo tempo, mas no território das mulheres desejadas, tudo é rival, potencial rival. mesmo quando já se está morta. há até em Harlow ainda resquícios de uma beleza arcaica, com a testa muito grande, os lábios muito pequenos... dizem que no Renascimento as senhoras arrancavam os cabelos da testa um por um (quer dizer, talvez houvesse nesse tempo uma goma, uma cola qualquer que fizesse as vezes da cera, mas de qualquer forma devia ser doloroso!), de forma a ficar com uma testa maior. isso sim, isso era ser bela. e a falta de pelo, de sobrancelhas... a Mona Lisa não tem sobrancelhas, poucas personagens femininas, vindas da mitologia ou representantes de oligarquias que se prezassem, não tiravam retrato com pelo. ('quer que faça integral ou à brasileira'?)":


Jean Harlow
Dinner at eight
1933


Richard Avedon
Marilyn Monroe interpreta Clara Bow
1958

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
"Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua faz uma viagem de três passos pelo céu da boca abaixo e, no terceiro, bate nos dentes. Lo. Li. Ta." (Vladimir Nabokov, Lolita, p. 1)

Demorou meio livro para formar uma opinião, para catalogar o Humbert Humbert, professor que se apaixona pela filha da sua senhoria, uma Lolita muito experiente de 12 anos. Não obstante os exemplos que a personagem dá, exemplos de Rahab que no reinado de Jaime I era prostituta aos 10 anos, as filhas do faraó Akenaton e da rainha Nefertite eram noivas aos 10 anos, Dante que se apaixonou por Beatriz quando ela tinha 9 anos (1274), Petrarca que se apaixonou por Laura de 12 anos, o professor era pedófilo. Quer dizer, segundo as descrições ele apenas queria drogá-la para acariciá-la. Não queria tirar-lhe a "inocência". Mas ela já a tinha perdido e ele perdeu por consequência parte do interesse nela. Porque Lo só tinha interesse com aquela espécie de ingenuidade malévola que mesmo no último minuto quando as bocas já estão muito próximas se revela ser verdadeira. Mesmo assim, mesmo sendo o objecto do seu interesse apenas as lolitas, e não todas as crianças, o facto inegável é que eram crianças e por isso desprovidas da capacidade de entender o interesse dele ou de usufruir do mesmo voluntariamente, como foi o exemplo de Lo, Dolores, sem mácula. Mesmo assim, não posso negar que as descrições dos encontros entre lençóis (quem diz lençóis diz carro, chão, mesa), são muito boas.
- o carteiro -

notícias do mundo da arte que não interessam nem "ao Menino Jesus":
[1]

Alonso Sanchez Coello
Portrait de Don Diego, fils de Philippe II d'Espagne
1577
Liechtenstein Museum, Viena
O retrato andava a ser disputado pelo Reino Unido e pelo Museu Liechtenstein, pertencendo no entanto a este último. Trata-se do Portrait of Don Diego, do pintor espanhol Alonso Sanchez Coello, datado de 1577 e que a National Gallery queria comprar há algum tempo. Em que moldes aconteceu não se sabe ao certo, mas eis o que se sabe:

O quadro era portador de uma licença passada pelo príncipe do Liechtenstein, que permitia a sua circulação e retorno, obviamente, à origem, licença essa que foi considerada inadequada e inválida pela ministra da cultura inglesa justamente quando se encontrava em território inglês. O quadro encontra-se agora retido na National Gallery a aguardar o fim de uma investigação que pode demorar anos a ver uma conclusão. Acontece que quem dita os moldes da licença é uma entidade inglesa e a ocultação de informações relevantes que deveriam constar na mesma podem ser o suficiente para que esta se torne obsoleta. O problema que se levanta é o seguinte: estando a National Gallery há muito tempo interessada no quadro, terá o organismo que elabora os trâmites da licença sido omisso para beneficiar a galeria?

Para além disso, a investigação também terá de recair em Simon Dickinson, um negociante de arte que foi preso a 13 de Setembro devido a irregularidades na exportação de obras de arte e nos grupos organizados de exportação de pinturas de grande valor, nas quais podemos incluir este quadro de Coello. Simon Dickinson estaria encarregue da venda de algumas pinturas da colecção do príncipe do Lichentenstein. O problema está não só na retenção do quadro em Inglaterra, como se não fosse um bem com um dono, em saber se alguma entidade redigiu propositadamente mal as condições de empréstimo com vista a que o quadro ficasse em território inglês e por fim, ver se o valor pelo qual foi avaliado, dentro de um “pacote” de pinturas várias, não fica aquém do seu valor real.
[link]
[2]

Toda a gente conhece Bansky. Quem não conhece arrisca-se a conhecer e a ficar conhecido porque o artista de rua oferece os trabalhos que faz. Mas nem toda a gente gostaria de conhecer Bansky e talvez ele não gostasse de conhecer todos para quem pinta. E porque estamos em clima de festa, porque é Natal, nada melhor que juntar Bansky e Belém. Ocorrem-me muitas traquinices para Bansky fazer em Belém, muitos trocadilhos, muitas piadas com a virgindade de Maria e o ar sério do Menino que acabou de nascer e o sono de S. Pedro… mas Bansky escolheu a região por outros motivos; por motivos políticos. E os naturais de Belém não gostaram. Como tal cobriram o desenho de Bansky que deveria ser para representar a luta dos autóctones. Bansky pintou seis imagens em toda a cidade de Belém que tinham como objectivo aumentar o turismo em época baixa (todo o ano excepto no Natal), bem como dar a conhecer as condições em que os palestinianos viviam na zona ocupada. Num dos desenhos era possível ver um soldado israelita a fazer vistoria nos papéis de identificação de um burro, imagem que causou a ira em alguns residentes em Belém, uma vez que consideravam que na imagem eles eram os burros. E tanto na sociedade palestiniana como na nossa, ser chamado de burro é ser chamado de idiota! Havia quem conseguisse ver o mural por outro lado considerando ofensivo para os israelitas que perdiam tempo com burros em vez de o verem como ofensivo para palestinianos.
Belém é um território cercado de postos de controlo israelitas que os consideram essenciais para a defesa da cidade. Os palestinianos que nela habitam consideram que estes postos de controlo limitam o crescimento económico da cidade e afugentam o turismo.
[link]
[3]


O ano que passou foi pródigo em novidades no mundo da arte. E feiras. E polémicas. E nomes que foram surgindo… Nem todos merecidos, na minha opinião e nem todos bem investigados… Um desses nomes que talvez não valha duas linhas e que aqui vai levar muito mais, é o de Lluis Barba, o artista espanhol que esteve presente este ano na Arte Basel Miami Beach – o supermercado de arte dos milionários – e que apresentou obras com uma clara piscadela de olho à cultura pop. Ora o que me incomoda não é essa piscadela de olho, é a forma como ela é desprovida de qualquer propósito maior, como não pretende nada a não ser o entretenimento, a elevação a um estado pseudo-interessante e promissor, como não induz ao pensamento crítico, como não é crítica… Enfim, tudo isso me aborrece ao ver que um artista (e não coloco entre aspas porque nunca questiono o valor de uma pessoa até prova em contrário) como Lluis Barba não se dá ao trabalho mínimo de colocar as personagens certas nos lugares certos.
O que Lluis Barba faz é na prática tomar quadros de relevo como “O nascimento da Primavera” de Botticelli, coloca uma máscara em tudo o que não lhe interessa e muda os protagonistas da história substituindo-os por pessoas do jet-set internacional. Se eu quisesse ver pessoas do jet-set internacional e eu não fosse uma delas, não fosse um dos retratados, comprava revistas, não ia ver a obra dele.
Mas dando o benefício da dúvida (como se Lluis Barba precisasse dele para alguma coisa) ao artista, lá parti para a observação mais atenta do redesenho do “Garden of Earthly Delights” de Bosch pintado originalmente em 1504. Nesta versão e no painel dedicado aos demónios, algumas personagens do original foram substituídas por outras mais conhecidas, pertencentes ao mundo da arte, estrelas de cinema e aspirantes a tal, modelos e amigos do próprio pintor. Segundo o autor esta seria a sua crítica ao fechado mercado da arte. Segundo eu, não funciona! Kate Moss surge no quadro por para Barba é tão importante para o nosso tempo como Warhol foi para o dele. Mossa perece na parte dedicada ao Paraíso, em calções curtos e com o seu ar inocente, Elton John. Madonna, Brad Pitt e Pavarotti surgem no mundo terreno e no mundo subterrâneo dedicado às personagens estranhas estão pessoas relacionadas com o mundo da arte. Por exemplo, Jay Jopling, o galerista que vendeu a caveira de Damien Hirst, fala ao telemóvel enquanto entra alegremente para o Inferno. E como ele outras pessoas que por ali passeavam enquanto se viam no quadro de Bosch que agora é de Barba. Uma criança perguntava ao pai: “porque é que estavam lá pessoas que vieram no nosso avião?”
[link]

quarta-feira, dezembro 26, 2007

- original soundtrack -


outside there's a box car waiting
outside the family stew
out by the fire breathing
outside we wait 'til face turns blue
i know the nervous walking
i know the dirty beard hangs
out by the box car waiting
take me away to nowhere plains
there is a wait so long
here comes your man

big shake on the box car moving
big shake to the land that's falling down
is a wind makes a palm stop blowing
a big, big stone fall and break my crown
there is a wait so long
you'll never wait so long
here comes your mant
here is a wait so long
you'll never wait so long
here comes your man

(Here comes your man, Pixies)
- não vai mais vinho para essa mesa -

isto hoje é levezinho porque eu queimei o rabiosque ali na lareira e pareço uma vaca marcada.
- não vai mais vinho para essa mesa -


China
a) Proibido fazer explodir o seu carro
b) Proibido circular com carros iluminados pelo Espírito Santo
c) Proibido fazer de tocha da Estátua da Liberdade


Japão
a) Lugares reservados a pessoas que estão a ter uma erecção, sexo com crianças, comeram a Bola da Nívea e que comeram um pão-de-Ló de Margaride ficando por isso com uma disfunção eréctil
b) Lugares reservados a pessoas que não sabem mexer no braço da cadeira, que se esqueceram de comprar bilhete para o miúdo, que comeram um cometa e que exercem um cargo político de relevo.
c) Lugares reservados a pessoas que comeram uma lanterna acessa, que não conseguem domar o miúdo, que estão quase a dar à luz, que estão mesmo a dar à luz.

China
a) Proibido chover
b) Proibida a entrada a nuvens carregadas
c) Proibida a passagem a outras nuvens


Dingue

a) Atenção: Viatura oferecida por Deus
b) Atenção: carrinhos telecomandados voadores sem educação
c) Atenção: aproximação de zona de ira da Ferrari
- o carteiro -


Vincent Van Gogh
Fifteen Sunflowers in a Vase
1888
National Gallery, Londres

Desiludido? Triste? Acha que o Natal já não tem a mesma piada? Spleen? Nós temos a cura. Temos a doença e temos a cura. Tome três pílulas Afirmasim ao jantar e deite-se na sua cama Clímax. Para que descanse com toda a tranquilidade oferecemos-lhe a possibilidade de adquirir este lindíssimo jogo de cama da nossa linha Luísa, colecção Outono/Inverno, lençóis cardados e com aquecimento central e radiante. Acorde radioso, pouse os pés no tapete da gama Espécimen da sua loja Altruísta com postos de venda em todo o país e em implementação na Lua, não sem antes abrir os olhos graças ao nosso super despertador Ouvirlindo que reage a luz exterior emitindo sinais semelhantes ao de uma queda de água para provocar o seu xixizinho matinal. Faça-o na nossa casa de banho Limpez da Lopez e Gimenez com loiça branca premiada no estrangeiro, acabamentos de série e assento de sanita estofado para seu maior conforto. Os acabamentos ficaram a cargo de Borromini e são a talha dourada. Pese-se na sua balança com controlo remoto para que não tenha de sair do lugar, rádio digital e três posições para aquecer os seus pés caso deseje mesmo pesar-se indo à balança. Esta fantástica balança que pode mudar a sua vida para sempre é da Free From Fat, marca que nos orgulhamos de representar. Já não precisa de sair do conforto da sua casa de banho porque nós, que tudo lhe damos, damos também um espelho que aquece o café ou o leite e tem ligação à Internet para, caso deseje, encomendar o seu café da manhã ou até consultar as receitas de pequenos-almoços de todo o mundo. Para ouvir as notícias da manhã pode sempre sintonizar o canal pretendido accionando o chip informático que instalamos na sua têmpora (este serviço será feito mediante pagamento prévio embora, se telefonar agora possa gozar de um desconto considerável). Para accionar o dispositivo tem de piscar o olho referente à têmpora onde o mesmo está colocado, três vezes. Não há interferências com o despertador nem a informação começa a ser debitada se esfregar os olhos ao mesmo tempo. O volume é regulado colocando o dedo no ouvido. Este serviço é oferecido pela XL View que em breve será XXL View. Antes de sair de casa coloque os seus óculos de sol da linha Cru da marca Olhonu, que lhe permite ver “no osso” a sua vizinha do quarto esquerdo. Tire os óculos quando passar pela Dona Amélia do rés-do-chão. Já tem 83 anos, valha-nos a Santa Tecnologia!

E se acha que isto não faz falta, olhe que faz, e fica mais barato. Não paga a primeira prestação e só começa a pagar em 2008 que é daqui a uma semana. Telefone já antes que esgote.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "com o devido respeito pelas vossas inteligências, mas foi a melhor imagem da Bow (wow wow) que consegui arranjar. Foi no Silentladies (dedicado às damas do cinema mudo claro. pensou que era dedicado às "que calam"? não, mas esta Clara deve ter calado porque foi abusada sexualmente na infância. para quem está a ler o "Lolita" do Nabokov este é o post ideal. mal é estar a meio do livro e oscilar entre ficar com pena da Lolita ou do seu padrasto). até acho que a imagem da Marilyn não veio mesmo da Clara, mas antes da Betty Boop":


Clara Bow



Richard Avedon

Marilyn Monroe interpreta Clara Bow

1958

- o carteiro -

[1]
São Paulo faz franchising: duas estátuas foram roubadas de uma zona de alta segurança do aeroporto de Dhaka. As estátuas do deus Vishnu que iam ser levadas até França para uma exposição no Museu Guimet em Paris e faziam parte de um conjunto de 143 artefactos enviados para a mesma exposição. A sua recuperação é muito importante pois carregam consigo mais de 1500 anos de vida e história. A polícia deteve algum pessoal de solo do aeroporto de Dhaka, mas até agora não há sinal de suspeitos consistentes.
[2]
Espanha faz franchising: a moda da tradução parece ter chegado à Ucrânia. Um tribunal ucraniano decretou que os filmes distribuídos naquele país não podem falados em outra língua que não o ucraniano. Quer isto dizer que qualquer filme, deverá ser dobrado, para evitar que filmes russos ou dobrados em russo sejam distribuídos no território. Mas apesar dos esforços por manter a nacionalidade, uma sondagem avançou que 42% dos ucranianos defendem que o ucraniano deve ser a língua oficial e a única falada no país, contra 30% que defendem dever ser o russo.

sábado, dezembro 22, 2007

- o carteiro -

como não quero que vos falte nada neste Natal, aqui vão os meus votos bordados a ponto-de-cruz vectorizado:

sexta-feira, dezembro 21, 2007

- original soundtrack -


I wanna kiss you in Paris
I wanna hold your hand in Rome
I wanna run naked in a rainstorm
Make love in a train cross-country
You put this in me
So now what, so now what?

Wanting, needing, waiting
For you to justify my love

Hoping, praying
For you to justify my love

I want to know you
Not like that
I don't wanna be your mother
I don't wanna be your sister either
I just wanna be your lover
I wanna be your baby
Kiss me, that's right, kiss me

Yearning, burning
For you to justify my love

What are you gonna do?
What are you gonna do?
Talk to me -- tell me your dreams
Am I in them?
Tell me your fears
Are you scared?
Tell me your stories
I'm not afraid of who you are
We can fly!

Poor is the man
Whose pleasures depend
On the permission of another
Love me, that's right, love me
I wanna be your baby

I'm open and ready
For you to justify my love
To justify my love
Wanting, to justify
Waiting, to justify my love
Praying, to justify
To justify my love
I'm open, to justify my love

(Justify my Love, Madonna)
- não vai mais vinho para essa mesa -

não me parece Natal. desculpem, mas não parece. "ah e tal, na segunda vais...", "segunda? o que é que vai acontecer na segunda?". nem escrevi a carta ao Pai Natal. nem postei piadas sobre o Pai e a Mãe Natal (o tempo não está de feição para isso). nem vi o Natal dos Hospitais. nem sei as listas de "os melhores do ano em...". nem sei bem em que mês estamos. para mim, "emoções Fnac", por favor. tudo o resto, o Pai Natal não me pode dar.
- não vai mais vinho para essa mesa -

cúmulo do exagero:
Menina do check-in: Desculpe, a menina vai viajar sozinha? É maior?
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou “mais uma Marilyn, desta vez a fazer de Theda Bara, uma das sex symbols do cinema mudo. À excepção da fotografia relativa ao Anjo Azul com Marlene Dietrich, com as restantes é mais difícil de fazer analogia com o original. Neste caso, Theda Bara posa como Cleópatra, filme em que participou em 1917 e isso torna a relação mais fácil, mas as que se aproximam serão mais difíceis. Por isso quero desde já avisar que é possível, e eu assumo a responsabilidade, os próximos antes de depois serem discutíveis e partirem mais de uma proximidade feita da intuição, da observação subjectiva do que da objectiva. serão aceites reclamações mas só em papel azul 25 linhas”:

Theda Bara
Cleopatra
1917



Richard Avedon
Marilyn Monroe interpreta Theda Bara
1958
- o carteiro -
Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais…
O retrato d’”O casamento dos Arnolfini” já é bem conhecido aqui no Belogue, embora os outros dois quadros não sejam. “O prestamista e a sua mulher” é o título de uma pintura relativamente conhecida (“muito conhecida”, não quero subestimar o conhecimento que os leitores do Belogue têm de pintura), e já o Santo Eligius foi uma surpresa. Elas têm em comum a origem geográfica da produção, já que a cronológica embora seja semelhante, não é a mesma: duas na primeira metade do século XV e uma no século XVI. São todas de artistas flamengos e em todas se nota o gosto pelo pormenor, pelo quotidiano da época e por mostrar esse quotidiano quer através de rituais ou actividades quer através de objectos. E o objecto que liga estas três pinturas (provavelmente ligará muitas mais, mas estes têm em comum esse gosto pelo pormenor), é o espelho.
O uso do espelho vem, na minha opinião da redescoberta no Renascimento do vidro doméstico, quer nas janelas, quer nas garrafas, sob a forma de cristal. É também aí por essa altura que se descobre o espelho vindo de Veneza. Como protestantes ou a viver sob o regime draconiano da Reforma, os artistas não podiam retratar determinadas cenas, como por exemplo, a morte de Cristo. A morte de Cristo era muitas vezes substituída pelas Vanitas, palavra esta que, como sabemos, quer dizer Vaidade. Talvez esta tenha sido a passagem para o uso do espelho, embora a explicação mais plausível seja uma mistura destas três: o espelho reflectia (esta é a altura da arte em que a arte é “espelho”; ou seja, reflecte algo) a realidade que os pintores pretendiam dar a conhecer e capacitava-os para a elaboração de pinturas mais pormenorizadas e mais ricas sob esse ponto de vista.
Entre as três pinturas a primeira onde o espelho foi usado como elemento fornecedor de mais informações sobre aquilo que não se via na pintura, mas que estava lá (só que de lado do observador), foi “O casamento dos Arnolfini”. Atrás dos noivos podemos ver um espelho pendurado na parede que funciona como ponto de fuga da composição: o nosso olhar dirige-se sempre para lá. Ele reflecte os nubentes, de costas (e isto é que torna “O casamento dos Arnolfini” tão importante, porque o quadro mostra um lado que até aí não era para ser mostrado. E fá-lo como se tudo decorresse numa caixa fechada, uma vez que não reflecte o observador nem esse palco aberto que é a pintura), o próprio pintor e talvez a testemunha para o casamento (ora sabe-se que nesta altura bastava um homem e uma mulher para um casamento se realizar. Não havia a necessidade de um elemento do clero). Para nos dar toda esta informação e mais ainda, o espelho não podia ser plano e por isso Van Eyck pintou-o convexo. Só um espelho convexo nos poderia mostrar como é o tecto e o chão bem como o que se passa no exterior e que se pode ver olhando pela janela. Neste caso o espelho, pela sua posição e por aquilo que reflecte, é tanto o ponto que suga a composição, como poderia ser o “olho de vidro” de uma parede por onde alguém espreita o quarto onde decorre a boda.

Jan van Eyck
Portrait of Giovanni Arnolfini and his Wife
1434
National Gallery, Londres


Jan van Eyck
Portrait of Giovanni Arnolfini and his Wife (pormenor)
1434
National Gallery, Londres

O segundo quadro é de um artista menos conhecido, mas que até nos traz uma temática nova: Santo Eligius (nome que provavelmente terá equivalente em português, mas desconheço qual seja), era um santo que trabalhava bem o ouro. Deverá ter sido essa a sua profissão em vida e o seu nome terá ficado ligado ao trabalho do ouro. No quadro de Petrus Christus (que herança de nome!) estamos igualmente na presença de um par de noivos que chega até ao santo com algum ouro com o propósito que este possa ser derretido e transformado em alianças, as suas alianças. Tal como no quadro anterior também aqui houve uma preocupação em mostrar ao pormenor o espaço e a acção que nele decorre usando para isso os objectos. Entre esses objectos encontra-se um espelho convexo, tal como em Van Eyck. Este espelho reflecte não o casal que está junto do santo, mas um rectângulo, uma moldura de janela por onde passam pessoas. E o pintor retratou exactamente o momento de passagem de algumas. Mas enquanto no quadro de Van Eyck o uso do espelho tinha propósitos mais profundos, neste apenas reflecte o exterior. É como se o pintor à guisa de mostrar o seu talento, não o tenha doseado e tenha pintado o espelho num acto de vaidade, para provar que era capaz, mas o espelho em si não tem a função do de Van Eyck. Funciona como símbolo da actividade, como talismã que protege o ourives da ganância dos seus clientes e como elemento de trabalho uma vez que aí, com vaidade, os clientes poderiam admirar-se a usar as suas jóias novas. Mais uma vez a Vanitas.

Petrus Christus
St Eligius in His Workshop

1449
Metropolitan Museum of Art, New York


Petrus Christus
St Eligius in His Workshop (pormenor)

1449
Metropolitan Museum of Art, New York

O último quadro é de Massys e mostra o Prestamista e a mulher a contar dinheiro. Há alguma lentidão de movimentos e embora não tenha postado o pormenor das mãos, se observarmos com atenção veremos que as mãos parecem cansadas e contam o dinheiro com uma delicadeza que não é própria de quem está habituado a trabalhar com ele. Há elementos de uma natureza morta feita com pessoas e que podemos ver no livro que a mulher desfolha, no espelho, nas próprias moedas, nos acessórios, nos vidros... O espelho reflecte aqui o mundo exterior e uma pessoa dentro do espaço. De facto este espelho muda a concepção inicial que fazemos da composição. O Prestamista e a mulher parecem enclausurados num compartimento pequeno pois os seus corpos ocupam toda a composição. Mas o espelho mostra que a divisão da casa é maior, uma vez que está lá mais alguém, talvez a rezar ou a desfolhar um livro religioso como a mulher do Prestamista. O espelho mostra também que se trata de uma casa rica com os vidros superiores decorados como vitrais e ainda vai ao ponto de revelar um pouco da arquitectura exterior que tanto pode ser a da casa como de uma outra habitação que desta forma identificaria um “bairro”.

Quentin Massys
The Moneylender and his Wife

1514
Musée du Louvre, Paris


Quentin Massys
The Moneylender and his Wife (pormenor)
1514
Musée du Louvre, Paris
- o carteiro -

zangam-se as comadres...

Cézanne
Sainte-Victoire vue de la route du Tholonet
1895-1900
Musée de l'Ermitage, Saint-Petersbourg


Esta notícia do The Guardian veio mesmo a propósito (ou terá sido ao contrário?) deste post do Belogue. A arte e a política não andam de mãos dadas. No exemplo que postámos aqui era possível constatar que os políticos americanos não se sentiam à vontade perante determinadas obras de arte e que os seus gostos artísticos poderiam mesmo ser pontos a favor ou contra a campanha eleitoral. As próprias galerias faziam o trabalho prévio de “separar o trigo do joio” e mostrar apenas as obras que não suscitassem a polémica. Agora sabemos que a arte também pode servir de arma de arremesso para vingar pendências entre países. Neste caso, a Rússia (cujo presidente sucedeu a Bush na capa da Time como homem do ano em 2007) retrocedeu na decisão de levar até Londres a exposição “From Russia –French and Russian Master paintings, 1870-1925, From Moscow to St Petersburg” Sabe-se que a decisão é política porque a exposição, como se pode ver já estava planeada e anunciada e porque muitas das pessoas que gerem os países em questão são também gestores de museus. A retaliação de Moscovo à expulsão de território inglês de quatro diplomatas depois da morte de Alexander Litvinenko não se fez esperar. Ou melhor, como toda a vingança, serviu-se fria. A semana passada o Kremlin ordenou o encerramento de dois consulados britânicos, um em São Petersburgo e outro em Yekaterinburg. O governo russo disse que manteria as portas dos consulados abertas se Londres desistisse da investigação da morte do espião russo, e Londres recusou. Do lado russo diz-se que o museu inglês não garantia a devolução da colecção após o término da exposição, do lado inglês argumenta-se que não há conhecimento oficial do cancelamento, que ninguém foi avisado de nada e que se o problema é o receio de Londres reter a colecção, os ingleses comprometem-se por carta a devolver a mesma.

Fiquei a pensar em duas coisas: a primeira é que o que é da Rússia não sai da Rússia (os espiões, as investigações, as obras de arte) e a arte é um bem universal muito pouco respeitado. Tal como a venda de produtos durante os voos. Como o ar é de toda a gente, não se cobram impostos sobre o que é vendido. Então em território britânico, e segundo a Rússia, as obras ficavam desprotegidas. Eu já ouvi falar em courriers. Vocês não? E penso na política de intransigência de Londres que não está a levar Brown a lado nenhum: não o trouxe a Lisboa, não por respeito para com os que sofreram às mãos de Mugabe, mas por políticas internas, pela questão das colónias inglesas em África; e não o levará à Royal Academy of Arts.
- o carteiro -

[1]
foi captado na américa? foi fotografado em casa? não, foi no atelier
Quem já viu o trabalho de Richard Estes e alguns exemplos do hiper realismo compreende a incredulidade que estas imagens provocam em nós. a vontade é ir lá e ver de perto, mexer, tentar negar a realidade: são pinturas e não fotografias. Ralph Goings é um representante pouco divulgado do Hiper realismo e do Foto Realismo dos anos 60 que passa para a tela (a técnica deve ser o acrílico para conseguir este brilho e plasticidade) a vida diária da América. Os seus temas estão relacionados com isto; com o mundano e perecível, com o fast-food, o interior de restaurantes, as pick-up americanas e a comida apresentada sob a forma de natureza morta.

Ralph Goings
Maple And Chocolate
2004

[2]

é um álbum de fotografias? é uma viagem ao passado? não, é um museu.
O museu skarabej, de escaravelho, é um site onde cada um de nós pode deixar fotografias da sua infância ou momentos muito distantes (a maior parte das fotografias mostra isso) de infâncias que não eram nossas, perpetuando assim pedaços da vida que podiam acabar no lixo. a vantagem é a longevidade do digital face ao analógico, embora eu nem saiba até que ponto a net não estará esgotada em breve. As imagens também podem ser de desconhecidos, encontradas no lixo, em livros trocados, na gaveta de um móvel adquirido em segunda mão, não importa. O que importa é que uma vez que todos nós mais cedo ou mais tarde vamos morrer, é bom guardar uma parte do passado. E o escaravelho representa isso, uma vez que representam um papel importante na assimilação de resíduos orgânicos. No passado o escaravelho era também como símbolo oficial imperial pois representava a renovação e a ressurreição.

[3]
é um hotel? é uma encenação para uma revista? não, é uma prisão?
não sei bem se é uma prisão para crimes de colarinho branco, mas toda a gente sabe que os criminosos austríacos têm outro allure que os portugueses não têm. Por isso é natural que tenham uma prisão à sua medida. A imagem que mostro aqui é a das celas, mas se forem ao site, podem ver todos os espaços de lazer, de reuniões, a cantina... E como me é difícil ler em alemão ou austríaco ou seja o que for, podemos sempre ver as imagens. com prisões assim até o maior criminoso confessava.



[4]
Jimi com Pablo e Lola
[
link]

quinta-feira, dezembro 20, 2007

- original soundtrack -

At first I was afraid, I was petrified
I kept thinkin' I could never live without you by my side
But then I spent so many nights just thinking how you've done me wrong
And I grew strong, I learned how to get along

And so you're back from outer space,
I just walked in to find you here with that, that look upon your face
I should have changed my fucking lock I would have made you leave your key
If I'd have known for just one second you'd be back to bother me.

Oh now go, walk out the door
Just turn around now, you're not welcome anymore.
Weren't you the one who tried to break me with desire?
Did you think I'd crumble? Did you think I'd lay down and die?

Oh not I, I will survive
Yeah, as long as I know how to love, I know I'll be alive.
I've got all my life to live,
I've got all my love to give,
I will survive

I will survive
Yeah, yeah...

It took all the strength I had just not to fall apart,
I'm tryin' hard to mend the pieces of my broken heart
And I spent oh so many nights just feelin' sorry for myself,
I used to cry
But now I hold my head up high.

And you'll see me with somebody new
I'm not that stupid little person still in love with you.
And so you thought you'd just drop by and you expect me to be free,
But now I'm saving all my lovin' for someone who's lovin' me,

Oh now go, walk out the door.
Just turn around now, you're not welcome anymore.
Weren't you the one who tried to break me with desire?
Did you think I'd crumble? Did you think I'd lay down and die?

Oh not I, I will survive
Yeah, as long as I know how to love I know I'll be alive,
I've got all my life to live,
I've got all my love to give,
I will survive

I will survive
Yeah, yeah…

(I will survive, Cake)
- não vai mais vinho para essa mesa -

"é impressionante, mas nunca te vais ver da mesma forma que nós te vemos" - Rita
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "como esta foto da Marilyn me parece photoshopada", ou "mais uma corrida, mais uma viagem", ou "realmente, nem dava para adivinhar que irias escrever isso", ou "qual é o problema? toda a gente sabe que vou postar as fotografias do Avedon nos próximos ars longa, vita brevis", "toda a gente, é uma força de expressão, mas daquelas com mais força do que com expressão", ou "qual é o teu problema? vai dar uma volta de bicicleta para desanuviar", ou "quando tu queres sabes mesmo magoar uma pessoa", ou "porquê?", ou "bem sabes que não sei andar de bicicleta, só nadar":

Lillian Russell


Richard Avedon
Marilyn Monroe interpreta Lillian Russell
1958
- o carteiro -
Ars e politeía

Não é só aqui, no nosso país que a relação entre o poder político e a arte não é a melhor. Quer dizer, não é nenhuma, não há! De vez em quando, e para encher o olho ao povo, os dirigentes da nação inauguram uma exposição aqui ou lá fora, geralmente coisa que dê que falar. Mas mesmo a abertura da exposição da Colecção Berardo que obrigou os convidados ilustres a passar por um Adão e Eva, nus, em tamanho real e deitados no chão não causou qualquer perturbação. Quando muito, suscitou o sorriso envergonhado, mas nunca o espanto, a indignação e, por esta ordem de ideias, a censura. Já nos Estados Unidos a proximidade das eleições presidenciais levou a que os museus e galerias afiassem o seu lápis azul antes da visita dos candidatos às instituições. Em Maio, a Galeria Richmond's Plant Zero retirou das paredes algumas pinturas de James Boling que retratavam a fase "no osso" (sem roupa interior) de Britney Spears, bem como a imagem de uma mulher que envergava uma t-shirt onde se podia ler "Kill Abe", antes da visita de um angariador de fundos da campanha de Barack Obama.

James Boling
Snake Charmer
2007
Plant Zero Art Center, Richmond

No mês passado o “Soliloquy VII” de Sam Taylor-Wood, uma imagem de um homem nu e deitado captada numa perspectiva muito semelhante ao Cristo Morto de Mantegna desapareceu misteriosamente das paredes da colecção do democrata Tony Podesta, antes de Hillary Clinton por lá aparecer numa acção de campanha.

Sam Taylor-Wood
Soliloquy VII
1999
Jay Jopling / White Cube, Londres


Nem mesmo o esforço da associação Artsland que tem por objectivo aproximar os candidatos à arte, tem dado frutos. O bom exemplo deste trabalho foi o quadro "Oval Office" de Roy Lichenstein que poderá ter dado uma ajudinha para aligeirar o tom durante o escândalo sexual Monica Lewinsky em 1992. E quando falamos de arte, não falamos apenas das chamadas Belas Artes ou das artes plásticas; este ano, nem um concerto digno de referência foi organizado, como era hábito. Os candidatos americanos não mostram o seu gosto artístico e quando o fazem são criticados, como aconteceu com Hillary ao mostrar um De kooning nas paredes da Casa Branca nos anos em que era Primeira-Dama.

Roy Lichtenstein
Oval Office
1991
Pollock Fine Art, Londres


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