terça-feira, outubro 02, 2007

- o carteiro -
Os estudos sobre o aquecimento global debruçam-se nos dias de hoje sobre a evolução do clima através da observação de pinturas de séculos passados. Um dos escolhidos foi Turner que pintou inúmeras paisagens. Outros foram aqueles que retrataram períodos de erupção vulcânica os pós vulcânica. Ao saber como o tempo evoluiu ao longo dos tempos, os cientistas esperam melhorar os modelos de computador usados para simular o aquecimento global.

No Observatório Nacional de Atenas as obras dos mestres estão a ser usadas para calcular o nível de poluição lançada para o ar durante as erupções vulcânicas, principalmente durante a erupção do vulcão Krakatoa em 1883. Não sei se a patine conta, mas os cientistas acham possível conjugar o que é observado nas telas (as variações de cor e nuances nas sombras antes e depois das erupções), com os relatos da época que diziam que neste caso e após alguns anos o céu ainda reflectia alguma luz devido a partículas expelidas na atmosfera. Os estudos servem para explicar um fenómeno que se chama global dimming; ou seja, a poluição do ar que tapa a luz do sol.
A equipa de cientistas estudou 181 artistas que dedicaram obras ao retrato do pôr-do-sol entre 1500 e 1900. Foram investigadas 554 pinturas de artistas como Rubens, Gainsborough, Rembrandt e Hogarth. O que foi procurado nestas pinturas foi a quantidade de partículas de pigmento vermelho que existia na linha do horizonte pintada. Quanto mais vermelho, mais “sujo” o pôr-do-sol logo, mais poluição. Se existisse uma grande quantidade de pigmento verde isso indicaria exactamente o contrário. Os cientistas concluíram que as obras que possuíam mais pigmento vermelho junto à linha do horizonte; ou seja, aquelas que indicavam um céu mais sujo eram datadas de até 3 anos após uma erupção vulcânica. Turner por exemplo estava vivo aquando a erupção do Tambora (1815), do Babuyan (1831) e do Cosiguina (1835), todos eles em países muito afastados de Inglaterra. Mas os cientistas notaram um aumento de vermelho depois das erupções por oposição ao verde que existia em maior quantidade nos quadros pintados antes das erupções.

A equipa de cientistas planeia agora fazer o mesmo com obras do século XX, tendo para isso encetado diálogo com a Tate Gallery em Londres.