quarta-feira, outubro 31, 2007

- original soundtrack -


I backed my car into a cop car the other day
Well he just drove off sometimes life's ok
I ran my mouth off a bit too much oh what can i say
Well you just laughed it off it was all ok

And we'll all float on ok
And we'll all float on ok
And we'll all float on ok
And we'll all float on any way well

Well, a fake Jamaican took every last dime with a scam
It was worth it just to learn some sleight-of-hand
Bad news comes don't you worry even when it lands
Good news will work its way to all them plans
We both got fired on the exactly the same day
Well we'll float on good news is on the way

And we'll all float on ok
And we'll all float on ok
And we'll all float on ok
And we'll all float on alright
Already we'll all float on
Now don't worry we'll all float on
Alright already we'll all float on
Alright don't worry we'll all float on

And we'll all float on alright
Already we'll all float on
Aliright don't worry even if things end up a bit to heavy
we'll all float on alright
Already we'll all float on
Alright already we'll all float on
Ok don't worry we'll all float on
Even if things get heavy we'll all float on
Alright already we'll all float on
Don't you worry we'll all float on
All float on

(Float On, Modest Mouse)
-o carteiro -

estou na Formiga Bargante. também estou aqui...
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "eu não gosto de Renoir. nada, nada, nada, nada. faz-me lembrar os quadros do menino com a lágrima no olho ou os da menina com gatinhos ou pior ainda, aqueles bibelots em que uma mulher nua deita água por um jarro, água que cai em fios e nunca mais acaba. fascinante! também não gosto do Neil Folberg porque não acho particularmente interessantes as suas fotografias. há umas com mais piada do que outras, mas se há uma coisa que podemos dizer sobre os dois, sobre o pintor e o fotógrafo é que a obra de ambos rasa o mau gosto e que por isso devem estar aqui no Belogue onde há espaço para todos excepto para os Scorpions e para a Celine Dion":

Renoir
Portrait of Berthe Morisot and daughter Julie
1894
Private Colection


Neil Folberg
Renoir: After the portrait of Berthe Morisot and Julie
2003-2005
- o carteiro -
OMG!
Se Hillary Clinton ganhar as eleições americanas o eleitor fica desde já a saber com o que pode contar. E é informação de confiança!. Hillary fez anos ontem; é Escorpião. Esta informação não é de desdenhar, pois é tão importante informar o eleitor acerca da vida privada do candidato quanto da sua personalidade astrológica, o seu dia da semana, as cores da sorte e como vai ser o mês em termos de amores. O mapa astral da candidata indica, uma coisa que todos sabemos o diálogo com Clinton era difícil uma vez que os Escorpiões guardam bem os seus segredos. Para a esposa deve ter sido difícil, mas para a nativa de um signo que também guarda bem os segredos dos outros, ficou tudo entre amigos no reino animal (ela Escorpião e ele Leão) dos Clinton. Como bom Escorpião Hillary não pensa desistir da corrida nem pensa perder. E mais, não entraria nela se fosse aconselhada a isso porque a senhora só faz o que quer. Hillary não é ingrata, como não o são os Escorpiões; os Clinton desde sempre recompensaram bem quem lhes foi fiel. No caso dela deve ter sido difícil não castigar quem lhe foi infiel! Exemplos de Escorpiões no poder? Eis: Theodore Roosevelt, Bobby Kennedy, Condoleezza Rice, Ted Turner, Bill Gates e Larry Flynt. São todos bons indicadores para pensar que Hillary será boa presidente com resoluções que misturarão a crueldade com a justiça, e a intolerância com a capacidade de resposta rápida. (Aqui nesta parte já estou a inventar, confesso!). E isto com as mulheres já se sabe: não basta ser séria, tem de parecê-lo; ou seja, não basta ser Escorpião, é necessário não voltar a apelar ao voto com este tipo de decote.
OMG!!
Seja qual for o resultado das eleições presidenciais na América, certo é que a campanha não se dirigiu apenas para o objectivo desejado de informar as pessoas. Com tantas artimanhas e manobras de entretenimento, com tanta roupa suja a ser lavada em praça pública, especulação e intriga, a campanha faz o favor a Bush de desviar as atenções sobre ele numa altura em que 68% da população americana admite ser contra a Guerra no Iraque. E Bush para além de não ter ainda prestado contas sobre isso, ignora ser esse o desejo do povo americano. Ao dizer que o Congresso se tem perdido em votações desnecessárias sobre a Guerra no Iraque, o Presidente Americano parece esquecer que essa é a vontade de mais de metade do povo que ele comanda. Só não o deixem sair para assumir um cargo importante, por favor!
- não vai mais vinho para essa mesa -

sou eu ou o blog?

terça-feira, outubro 30, 2007

- não vai mais vinho para essa mesa -

isto hoje não está grande coisa, mas entrem, entrem por favor. E limpem bem os pés!

Boaz Arad
Nazi Hunter’s Room
2007
- original soundtrack -


My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable, unphotographable
Yet you're my favorite work of art

Is your figure less than greek
Is your mouth a little bit weak
When you open it to speak, are you smart

Don't, baby don't
Don't change you hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay
Each day is valentine's
Each day is valentine's day

Stay little valentine stay, stay, stay
Each day is valentine's
Each day is valentine's day
Valentine's day

(My Funny Valentine, Chet Baker)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou “mais uma corrida, mais uma viagem ou, nada a declarer, é mais um Van Gogh inspirado num antecessor. O melhor deste trabalho é que o antecessor por seu turno também foi buscar inspiração a um antecessor que por acaso era coetâneo de Van Gogh, o que quer dizer que todos eram contemporâneos uns dos outros e que o espaço que separa as pinturas é de meses. Esse antecessor do antecessor é Gauguin que pintou na Provença inúmeros quadros com este tipo de temática. A vibração da cor vai-se perdendo consoante a adaptação feita por cada um dos sucessores:"

Emile Bernard
Breton Women in the Meadow (Pardon at Pont-Aven)
1888
Colecção Privada


Van Gogh
Breton Women
1888

Civica Galleria d'Arte Moderna, Milão


Paul Gauguin
The Vision After the Sermon (Jacob Wrestling with the Angel)
1888
National Galleries of Scotland, Edinburgh
- não vai mais vinho para essa mesa -

manias: só usar fatos de banho de natação vermelhos, nunca usar roupa interior vermelha.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
O Royal College of Arts em Londres todos os anos angaria fundos de uma forma que é uma autêntica lotaria. Uma vez por ano vários artistas, alguns consagrados e outros ainda desconhecidos, bem como estudantes criam cartões que assinam nas costas. Os cartões são “uma obra de arte em potência”, uma vez que são o trabalho do artista. Este ano foram criados 2 500 cartões que serão comprados às escuras, uma vez que quem compra não sabe a quem pertence o trabalho, a menos que reconheça um estilo. Este ano os convidados são Yoko Ono, Peter Blake, Christo, o estilista Paul Smith, o realizador Mike Leigh e o fotógrafo David Bailey, cada um com quatro trabalhos para venda. Os interessados em adquirir uma obra de arte por uma pechincha são tantos que este ano o Royal College introduziu um sistema de senhas dadas aos 50 primeiros lugares que se podem inscrever em www.rca.ac.uk/secre
(link)
- o carteiro -
Vitrúvio, 10 e Bom Jesus de Braga:
Estava aqui a ler um resumo do Tratado de Vitrúvio. Dito assim até parece coisa de eruditos, para meia dúzia de iluminados, mas era apenas o resumo de cada um dos livros. O tratado está dividido em 10 livros cada um deles dedicado a uma temática embora não tendo todos o mesmo peso dentro do tratado em si. No primeiro, Vitrúvio faz considerações genéricas, no segundo fala de Geometria, no terceiro de Ética, no quarto de Aritmética, no quinto de História no sentido do conhecimento da mitologia, no sexto de Música, no sétimo dedica-se à Medicina, no oitavo à Jurisprudência, no nono à Astrologia e no décimo à Filosofia. Era o conhecimento de tudo isto que permitia ao arquitecto ser supremo na realização do seu papel. O próprio nome, “10 Livros de Arquitectura” faz a alusão a um número quase mágico, como são todos. (Grande parte das obras do saber ocidental estão divididas em dez partes.) O número 10 resulta da soma dos quatro primeiros números: 1+2+3+4=10. Há também outras razões para este número ser tão importante. O número 10 tinha grande importância para os platonistas e os neo-platónicos do Renascimento recuperam-na. Era igualmente significativo pois era a unidade para a construção do corpo humano ideal. O nosso corpo, numa linha vertical, é preenchido com 10 vezes a nossa cabeça. Era por vezes defendido que o módulo deveria ser o pé ou a mão, mas para o desenho de corpo humano ainda continua a valer a regra das 10 cabeças.

Este sentido de proporção e simetria passa também para o Cristianismo: para a Igreja Cristã que toma os cinco sentidos numa hierarquia de mais e menos pecaminosos. A visão, por exemplo era o sentido mais intelectual, não só por se situar na cabeça, mas também por dar a conhecer a realidade. Mas como a realidade permite várias interpretações, a visão está ligada à actividade cerebral. É também o sentido menos pecaminoso porque não pode tocar nas coisas, ao contrário do tacto e do gosto. Mesmo as artes dentro das igrejas são feitas para repelirem o tacto: a pintura não apela ao tacto, a escultura pós-tridentina é demasiado vestida e parece não ter corpo e a arquitectura serve como Bíblia, como um livro.

Um exemplo de como a arquitectura portuguesa não foi marcada por essas decisões é a escadaria do Bom Jesus em Braga. A escadaria das fontes tem cinco paragens em cinco patamares e cada uma delas possui uma fonte (elemento iniciático e purificador) representando um sentido. Mais em baixo, mais perto do profano está a fonte do tacto repleta de alusões ao mesmo: tem representado Salomão e uma bilha de onde jorra água. Salomão tem a seu lado Isaac e Isaías, duas personagens bíblicas cuja história está relacionada com os sentidos.

Segue-se a fonte do gosto que tem uma estátua de José segurando um prato, talvez numa alusão à venda da progenitura por um prato de lentilhas.

Na fonte do olfacto está relacionada com o Antigo Testamento e com a Natureza, uma vez que Sulamita é o equivalente a Maria no Antigo Testamento e é uma personagem ligada à Natureza e daí a relação com os cheiros.

A fonte do ouvido está interligada à música. Santo Agostinho falava de uma ordem universal tendo como ponto de partida as cordas de uma guitarra.

Por fim, a fonte da visão vem fechar o ciclo, uma vez que já na fonte do tacto havia uma alusão a Isaac cego. Aqui, na fonte da visão uma estátua lança água pelos olhos e ao lado tem Moisés (quando partiu Deus lançou as dez pragas e foi Moisés quem segurou a tábua com os dez mandamentos) e Jeremias.

segunda-feira, outubro 29, 2007

- original soundtrack -


How does it feel to treat me like you do?
When you've your hands upon me
And told me who you are
I thought I was mistaken
I thought I heard your words
Tell me, how do I feel
Tell me now, How do I feel

Those who came before me
Lived through their vocations
From the past until completion
They'll turn away no more
And I still find it so hard
To say what I need to say
But I'm quite sure that you'll tell me
Just how I should feel today

I see a ship in the harbor
I can and shall obey
But if it wasn't for your misfortune
I'd be a heavenly person today
And I thought I was mistaken
And I thought I heard you speak
Tell me how do I feel
Tell me now, how should I feel

Now I stand here waiting...
I thought I told you to leave me
While I walked down to the beach
Tell me how does it feel
When your heart grows cold

(Blue Monday, New Order)
- não vai mais vinho para essa mesa -

para o Jimi com um beijo repenicado de parabéns:
presente
- não vai mais vinho para essa mesa -

aqui ao lado, dá para ver pelos vidros da sala, não há luz acesa. ou os vizinho se deitam cedo ou fazem tudo às escuras. do outro lado, quando me levantei para ir à varanda inspirar um bocadinho, também estava tudo apagado. os caros passam com velocidade que a estrada é propícia a isso e as horas adivinham urgências ou sonos atrasados. a casa não podia estar mais silenciosa: repetem a piada do Jay Leno pela quarta vez, o Dr. Phil aconselha, os telejornais repetem as mesmas notícias desde ontem, o História e o Odisseia desconcentram-me, o People and Arts foi chão que já deu uvas e infelizmente não há Mezzo. não me apetece as meninas sem roupa da MTV; hoje não. Daqui a nada a luz estará desligada e em vez de ouvir no colchão o regimento de cavalaria que antes era o eco do meu coração a bater na escuridão, não de medo mas de outra coisa, agora nada ouvirei. nenhum mal contraído, apenas o hábito, a apatia, uma certa tristeza Poussiniana.
- não vai mais vinho para essa mesa -

Oh-Meu-Deus!
Para quem não sabe, existe um Museu de Relações Amorosas Desfeitas. Chama-se Museum of Broken Relationships e se lhe adicionei “Amorosas” foi porque o conteúdo do museu, situado no Tacheles Cultural Centre em Berlim, está relacionado com este tipo de ligações: as amorosas. E o museu é mesmo de todos, uma vez que toda a gente já teve relações amorosas que deram para o torto e são essas mesmas pessoas que doam os seus despojos de relação ao museu. Tem fotografias antigas, um livro que ele/ela lhe deu, guarda os bilhetes da primeira vez que foram ao cinema? Então se quer passar para um nova fase da sua vida entregue tudo ao museu. O museu oferece-lhe um prazo de 3, 6 ou mais meses para recuperar. Quando estiver bem, a sua doação volta para si. Os visitantes não são apenas os de coração desfeito; casais passeiam-se pelo Museu das Relações Amorosas Desfeitas, e algumas das peças foram emprestadas por pessoas que foram e continuam a ser bem felizes com elas. É o caso de uma senhora que entregou o seu vestido de casamento, pretendendo reavê-lo após a itinerância.
Oh-Mary-Mother-of-Jesus!
O grupo conservador americano Family Security Matters anunciou no seu site as 1º organizações mais perigosas do país. Em segundo lugar estão as universidades e os colégios dos Estados Unidos, o que é um grande indicador de como andam as coisas por terras do Tio Sam. Note-se que este grupo de estudo é pró-repúblicano e que por isso não é de estranhar que os restantes elementos da lista pareçam ter sido escolhidos com base num suposta perseguição de que o grupo diz ser alvo.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "digam que eu não percebo nada de nada, que não percebo nada de arte, de rentabilização de museus, de gestão cultural…, mas acho preferível ver Vik Muniz no Museu da Electricidade em Lisboa do que ir ver a Colecção do Hermitage no Palácio da Ajuda Nada contra a Srª Ministra da Cultura, a não ser habitual, mas não havendo pertinênciazinha, não devia haver exposiçãozinha. Ou então assumia-se a inexistência de relação entre a colecção e Portugal. É que com o artista brasileiro não foi necessário procurar analogias históricas e ligações rebuscadas para montar uma exposição. Não sei se este trabalho está no Museu da Electricidade, mas é um antes e depois raro, porque quase não há “depois” de obras de Dürer":

Albrecht Durer
Study of Praying Hands
1508
Graphische Sammlung Albertina, Vienna


Vik Muniz
Equivalent SeriesDürer's Praying Hands
1993
- o carteiro -
Poussin, Blunt e Schubert:
O século XVII pode ser visto pela mão de dois pintores que têm duas visões completamente diferentes da pintura e do século em si: Poussin e Rubens. O Maneirismo não fez uma ruptura completa com o Classicismo, mas antes uma diferença na continuidade, uma excepção na regra introduzindo uma outra ideia na Arte. Em vez desta ser a janela para o Mundo, passa a ser Ideia, intectualização dos processos que cada vez se tornam mais elitistas. Um exemplo disso é Arcimboldo, com uma linguagem muito própria que se poderia ter lugar num cenário de abertura e aceitação da individualidade criativa. Por isso recuperam-se certos pontos de vista como se pode notar nas figuras serpentinadas e exageradamente alongadas e Guido Reni, a primazia no ornamento sobre qualquer temática ou técnica, a desnaturalização da Natureza proposta da qual os jardins maneiristas são bons exemplos: curvas, grutas, elevações, alegorias fantasmagóricas.

Mas isto servia apenas para dizer que Poussin e Rubens representam os dois lados do novo estilo: congregavam a Ideia e o Barroquismo. Poussin – que é quem nos interessa para este post – representava a imagem do pintor erudito, aquele que encarava a pintura como “cosa mentale”, como dizia Leonardo da Vinci. Entre a Ideia e o Barroquismo, Poussin é representante da Ideia, na sua tristeza contida e prisioneira que de uma forma estranha explode, ao contrário do pintor em si que era um estóico e por isso não tinha nunca tomado uma posição de revolta. Poussin nasceu nos finais de 1500 e era filho de camponeses e militares. O pai era um militar que se casou com uma viúva e foi para a Normandia. Sabe-se pouco sobre a vida de Poussin, o que levou Balzac a dourar a mesma. De qualquer forma pensa-se que por volta dos 20 anos Poussin já estivesse em Paris. Acompanha a Escola de Fointanebleau, mas nunca pintou por encomenda para a Igreja mesmo quando esteve em Itália. Recusava isso e preferia a vida de pintura de atelier, pintura com temática do autor e para uma elite com poder económico e grande capacidade de como ele, reflectir sobre a arte. A mais valia de não ser um pintor de encomendas religiosas nem reais era que sendo um pintor independente teria tempo para pintar ao seu ritmo. Um pintor de corte não se limita a pintar; faz os cenários efémeros para os diferentes eventos reais, decora palácios, desenha jardins… Poussin precisava de paz e tempo para viver a sua vida como um diabo, escuso, acometido por tremores, e ainda assim com uma esposa que o ajudava no contacto com o mundo externo. A sua pintura reflecte sobre o rigor e a austeridade, sobre a frigidez, sobre a apatia e ausência de vida, a melancolia… Mas são também quadros com uma grande capacidade de dar lições, com carácter propedêutico e pedagógico que até vai de encontro aos pressupostos tridentinos para a arte.
Dois dos estudiosos de Poussin foram Claude Lévi-Strauss e Anthohy Blunt, este último já no século XX. Certamente já ouvir falar nele, ou pelo menos podem ler aqui o que foi a sua vida, mas faremos um resumo. Blunt era um inglês que trabalhou como espião ao serviço da Rússia durante a Segunda Guerra Mundial. Fazia parte de um grupo denominado Grupo de Cambridge formado por quatro homens (há quem fale na existência de um quinto elemento), todos eles homossexuais, bons alunos, ricos, de boas famílias. Eram elitistas mas defendiam no entanto as classes mais baixas até lhes ser possível, uma vez que com a entrada da Europa na Segunda Guerra Mundial, a espionagem dupla dificultava o movimento a quem queria passar despercebido. Após a Segunda Guerra Mundial e com a separação de americanos e soviéticos, Blunt teve posição privilegiada pois tinha acesso ao programa atómico americano que desviou para os Russos. No entanto a sociedade inglesa nunca se escandalizou com isto, nunca acreditou nisto, baseou sempre o tratamento dado a Blunt na palavra das partes e na honra associada ao acordo verbal. Poussin é uma espécie de aler-ego de Blunt porque era proporcional, regular, contido e frio, não só na obra como na vida.
E para terminar, avançamos no tempo até ao século XVIII e descobrimos Schubert e a sua “Viagem de Inverno” que acompanha o Inverno de Poussin. Até nem gosto de Poussin, mas que está mais frio, lá isso está.

Poussin
Autumn
1660-64
Musée du Louvre, Paris

sábado, outubro 27, 2007

- back to black -

hoje divido o post em duas partes que não são duas metades. Quem canta isto ("We only said good-bye with words/I died a hundred times/You go back to her/And I go back to black") com este vozeirão merecia o post inteiro, mas a razão de ser é o manifesto Futurista e quero honrar (credo, que prosa!) o compromisso deixo para a Amy Winehouse um terço do post e os restantes dois terços para o Manifesto. Quer dizer, digo eu...

Por isso, eis o quarto axioma do Manifesto Futurista de Marinetti:
"Acreditamos que é preciso varrer todos os assuntos já usados para exprimir a nossa turbilhante vida de aço, de orgulho, de febre, de velocidade."

sexta-feira, outubro 26, 2007

- original soundtrack -


Some people get up at the break of day
Gotta go to work before it gets too late
Sitting in a car and driving down the road
It ain't the way it has to be

But that's what you do to earn your daily wage
That's the kind of world that we're living in today
Isn't where you wanna be
And isn't what you wanna do

Just give me one more day (one more day)
Give me another night (just another night)
I need a second chance (second chance)
This time I'll get it right (This time I'll get it right)

I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
I've got to change your mind (I've got to change your mind)
I'll never let you go

You've got to look at life the way it oughta be
Looking at the stars from underneath the tree
There's a world inside and a world out there
With that on tv you just don't care

They've got violence, wars and killing too
All shrunk down in a two-foot tube
But out there the world is a beautiful place
With mountains, lakes and the human race
And this is where I wanna be
And this is what I wanna do

Just give me one more day (one more day)
Give me another night (just another night)
I need a second chance (second chance)
This time I'll get it right (This time I'll get it right)

I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
I've got to change your mind (change your mind)
I'll never let you go

Just give me one more chance (one more chance)
Give me another night (just another night)
With just one more day (one more day)
Maybe we'll get it right (You know I'll get it right)

I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
If I could change your mind (change your mind)
I'll never let you go

(Krafty, New Order)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Antes e depois ou “provavelmente vai deixar de haver antes e depois devido à repetição: Vik Muniz, Van Gogh e outros. Já não há quase antes e depois dentro da pintura. Hoje parece que tenho de ir buscá-los a fotografia e isso tem para mim muito menos piada. E para saber mais eu precisaria de começar a fazer o doutoramento e sair daqui e voltar a ter vontade de fazer as coisas todas que fazia antes. Mas como para já estamos cá e a net ainda é o meio mais rápido para encontrar os antes e pensar onde estão os depois, ou vice-versa, resta-nos apresentar este post para os leitores do Belogue. Ainda assim fica aqui um Triunfo de Pã, que era o deus da madeira e dos bosques (deve ser por isso que se diz tábua pã). Priapo era o deus dos jardins e ambos estavam associados à fertilidade e aos rituais de Baco. Ambos os deuses estão fundidos aqui num só. Pelo chão podemos ver pandeiretas e vasos associados a este tipo de rituais, bem como máscaras de tragédia e de comédia e instrumentos de pastoreio.

Nicolas Poussin
The Triumph of Pan
1636
National Gallery, Londres


Eleanor Antin
Triumph of Pan
2004
Brooklyn Museum
- o carteiro -

Gogh
Fifteen Sunflowers in a Vase

1888
National Gallery, London

Tinha à janela, com o focinho chapado do vidro, um caniche de porcelana. Todo branquinho, como devem ser os caniches e com os olhos pintados de negro e os lábios rubros como se fosse uma pega. Chegavam com as orelhas à ponta da cortina de renda grossa pois dava-me a sensação que estava mais protegida. Quem, a casa? Não, eu. Eu estava mais protegida com aquele ponto fechadinho e que exigia um grande esforço de polegares, horas de cabeça baixa e pensamentos abstraídos. Eu é que estava mais segura porque marido, estava enterrado há 3 anos e meio, cão há 4 meses (mais coisa menos coisa) no quintal, numa zona onde se acumulavam folhas que vinham da árvore da vizinha e de que eu, por uma questão de princípios nunca quis reivindicar.
O cão era o Pimenta por causa da cor do pelo e um dia fugiu-me de casa enquanto eu varria a soleira da porta e foi atropelado pelo Fiat Uno azul-escuro do meu vizinho, que é casado com a vizinha da árvore. A casa é dos dois, mas o carro é dele e por isso a culpa foi dele. Sofri muito porque não tinha sido a primeira vez que aquele abotoado das 9 às 5 que à noite chamava bebedolas à mulher e dizia “vou contar a toa a gente. Vou contar às tuas irmãs e às tua mãe. Borrachona”. Ela era, mas merecia respeito e nunca lhe ouvi a voz levantada contra aquele canastrão insensível. E foi então que me matou o Peúga, o gato que apareceu lá em casa com os olhos cheios de remela e a lamber-se todo só do cheiro da comida. E eu era frugal que a vida não estava nem está para essas coisas. Às vezes uma massinha à lavrador que dava forças, aos domingos fazia uma ¼ de quilo de lombo de porco assado só com salada por causa do colesterol e o peúga esticava a cauda à porta de casa, do lado de fora. Deixei-o entrar e como acontece com aqueles que amamos, ou nos magoam (o gato era manso), ou nós os magoamos (o que vai dar ao mesmo e eu não era mulher com idade para ofensas nem egoísmos), ou morrem. Ora se eu ainda estava aqui a contar os dias para encontrar o meu marido e o Pimenta no além, quem morreu foi o Peúga. Deu-lhe para ir urinar ao quintal do vizinho (o abotoadinho, o canastrão assassino de cães) fosse por causa de alguma ideia que o gato lá tinha fosse para mandar recados a alguma gata (se bem que eu acho que o Peúga não era gato de recados. Quando queria alguma coisa não pedia, ia buscar. Eu que o diga que fiquei por duas vezes sem postas de pescada!), a verdade é que o abotoadinho enfureceu-se e matou-me o gato. Deitou veneno num pratinho onde tinha colocado restos de comida que a santa da mulher lhe preparava (deviam vir muito temperados com vinho. Imagino que naquela casa ao lado só se comesse peras bêbadas, coelho à caçador e frango com cerveja) e o gato, claro, foi lá. Apareceu-me no quintal muito agoniado e só fui dar com ele ao fim da tarde quando não o ouvi miar para lhe encher o prato e deixar no lombo uma festinha que devia prolongar-se até ao focinho ou atrás da orelha para lhe arrancar o ronron.
É por isto tudo que lhe escrevo Sr.ª. Vereadora da Habitação da Câmara Municipal. Preciso urgentemente que me tire desta casa e me leve para um bairro social. Bem sei que há gente mais necessitada, mas moro ao lado de um assassino e temo que as próximas vítimas sejam os caniches de porcelana. Os pobrezinhos até estão lívidos por causa dessa ameaça que paira no ar.
- o carteiro -

"quem não é bom para comer, não é bom para trabalhar", "para a mesa e para a cama só uma vez se chama", "a beleza não se põe à mesa" and so on...

Caro AM, não é uma pesquisa cabal, mas foi o que se pode arranjar. E o Belogue fica cheio de imagens, o que é sempre bom porque dá o ar que quem escreveu os posts é genial.
Bonnard é a excepção que confirma a regra, ou é a regra que confirma a regra, depende do ponto de vista. Ao contrário da maior parte dos artistas e ao contrário daquilo que acabou por se tornar um mito, o artista não teve uma infância conturbada, uma vida amorosa desastrosa, não sofreu de nenhuma doença, não perdeu nenhum ente querido de forma trágica, nada. Vivia harmoniosamente com a esposa que pintou várias vezes em cenas íntimas na banheira, teve uma infância feliz e como pertencia a um meio social economicamente bem, viveu sem problemas financeiros. Nem mesmo quando no início da Primeira Guerra Mundial fez uma série de viagens por Espanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Alemanha e Tunísia e Algéria, ou quando viu as primeiras tragédias da guerra isso se reflectiu na sua pintura.
No final do século XIX Bonnard e o seu amigo Vuillard, Edouard Vuillard, decidiram explorar os interiores domésticos como temática da sua pintura. Porém, não os pintaram como uma fotografia que pretende dar uma visão geral desse ambiente doméstico. Enquanto a sua forma de pintar permanecia bastante impressionista próxima da de Degas, Bonnard foi aos poucos desenvolvendo um estilo próprio e abriu a paleta impressionista. Bonnard pintava com frequência mesas postas, mas fazia-o de forma claustrofóbica com pouco ênfase na luz e no espaço. O ponto fulcral era a colocação dos objectos e detalhes, bem como a composição. As figuras humanas eram com frequência atiradas para as margens do quadro e mostravam-se enigmáticas na sua expressão, acompanhadas frequentemente por animais de estimação.

Pierre Bonnard
La nappe à carreaux rouges
1910
Colecção Particular


Pierre Bonnard
Dining Room Overlooking the Garden (The Breakfast Room)
1930-31

MoMA, Nova Iorque


Pierre Bonnard
Dining Room on the Garden
1934-1935
Solomon R. Guggenheim Museum


Pierre Bonnard
The Luncheon

1923
The Philip and Janice Levin Foundation


Pierre Bonnard
Après le Repas

1925


Pierre Bonnard
Table Setting under the lamp
1899

Colecção Privada


Pierre Bonnard
The Lunch of the Little Ones
1897
Musée des Beaux-Arts, Nancy, France


Pierre Bonnard
Cherry Pie
1908
Colecção Privada


Pierre Bonnard
Carafe, Marthe Bonnard with Her Dog
1912-15
Colecção Privada
- não vai mais vinho para essa mesa -

este problema com a física, este problema físico...
- não vai mais vinho para essa mesa -

Silogismo Categórico regular de mais de 3 premissas:
- No Belogue posta-se muito sobre arte;
- A Arte compreende a pintura, a escultura, a arquitectura, a fotografia, o cinema...;
- A Pintura desenvolve-se em quadros;
- Os quadros são planos;
- Os planos são superfícies;
Logo, o Belogue é superficial.

quinta-feira, outubro 25, 2007

- o carteiro -

mas esta gente hoje não trabalha? por mim tudo bem, posso ouvir música à vontade, é só que me dava jeito trocar uma receita, falar da novela, ver os labores em ponto cruz...
- original soundtrack -

não é bem verdade, mas é o que há...

(Since I left you, The Avalanches)
- o carteiro -
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte:

Rufino Tamayo
Three Figures

Nas ruas de Manhattan encontramos os chamados respigadores urbanos. Gente que com mais ou menos posses procura naquilo que os outros não querem, o que lhes pode ser muito útil. Mas mesmo nesta actividade, achar nem sempre significa guardar. Foi o que aconteceu com uma escritora Nova Iorquina que há quatro anos atrás encontrou “no lixo” um quadro do pintor e não encontrando nada que a impedisse de levá-lo, pendurou-o na parede da sua sala. Não satisfeita com a imagem das três figuras humanas sob a forma de manchas lilás, amarela e laranja, Elizabeth Gibson começou a investigar a proveniência do quadro e descobriu que pertencia ao pintor mexinaco Rufino Tamayo e que estava desaparecido há cerca de 30 anos. Foi descobrindo que o quadro tinha a assinatura de Rufino, que havia alguns livros que falavam dos seus quadros incluindo aquele que ela possuia e que no mercado de leilões os quadros de Tamayo estavam a ser leiloados por mais ou menos 500.000 libras. O quadro pertencia a um empresário texano que em 1977 havia comprado o “Three figures” de Tamayo por 55.000 libras para oferece-lo à sua mulher. Mais tarde o casal mudou de residência e o quadro foi roubado de um depósito onde se encontrava. Quem roubou o quadro e como é que este foi parar do Texas a Nova Iorque continua uma incógnita, mas uma vez devolvido à viúva do texano e levado ao leilão na Sotheby’s de arte latina no próximo mês, certo certo é que Elizabeth Gibson receberá apenas 15.000 libras da venda.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes e depois ou "Esta fotografia mostra Bush sentado a meditar sobre as suas grandiosas ideias que são representadas por pequenas luzes eléctricas. Tem a mão esquerda pousado no peito de “Condi” que é considerada a mulher mais poderosa à face da Terra, embora aqui seja apenas um destroço. Acima de Bush está a sua mãe, Barbara que está a bronzear-se, em busca da luz; ou seja, o mito dos Neo-Conservadores. Aos seus pés está o secretário de Estado da Defesa, Donald Rumsfeld esmagado pelo desastre que se revelou ser o Iraque. Colin Powell em acessórios militares e coloca a mão no ombro do presidente americano. O Vice Presidente Dick Cheney e a sua mulher abraçados tentam obter ajuda. Cheney está vestido de mulher numa alusão aos homens que se vestiram de mulher no desastre do Titanc para assim serem salvos. Atrás de Barbara estão a Teocracia e os pedófilos, tanto que não se sabe se o rapaz agachado está a orar ou a fazer sexo oral. Acima destes um anjo segura um osso que representa o capitalismo canibal." (link):

Theodore Gericault
The Raft of the Medusa
1819
Musée du Louvre, Paris


Joel-Peter Witkin
The Raft of George W. Bush
2006
- o carteiro -
70 anos de uma burrice monumental
Há 70 anos atrás Munique podia apreciar a exposição da Entartete Kunst; ou seja, a exposição de arte degenerada. O terceiro Reich que tinha uma forma muito eficaz de açambarcar a “boa arte” e desfazer-se da “má arte” de forma sempre lucrativa, organizou a exposição da arte degenerada cirurgicamente. Formavam-se filas intermináveis em redor dos edifícios escolhidos para a exibição que acabou por fazer uma “tournée” devido ao sucesso da mesma. Foram três milhões de visitantes! Sempre achei que o sucesso da mesma dependia da adesão à exposição, do número de visitantes, mas apesar de me confrontar com opiniões contrárias, quem não me garante que as multidões eram movidas mais pelo temor e pelo respeito a uma política que se fazia impor pela força das armas, do que pelo verdadeiro asco a obras de arte fora dos cânones impostos pelo regime nazi?

Os 650 quadros encavalitavam-se uns nos outros nas paredes pouco dignas do local de exposição, isto como forma de punir os seus pintores e destituir as obras da sua dignidade, da oportunidade de serem apreciadas num espaço onde fosse possível respirar. Tal como numa feira o artigo não é valorizado e sozinho numa montra bem iluminada é, o regime nazi conhecia a forma correcta para evidenciar a parte que mais lhe aprazia da questão artística da época. As paredes estavam pintadas com insultos aos artistas e à sua arte.

Com uma máquina que compreendia o Einsatzstab Reichleiters Rosenberg (organismo alemão responsável pela maior parte da pilhagem de obras de arte em França), o Reichmarshall (marechal do Reich), o Kunstschutz e outros organismos cuja denominação e membros foi sendo alterada sempre que se impunha um interesse individual superior, foi possível organizar esta exposição. Compreensivelmente para nós, a arte preferida dos membros do partido nazi focava-se na arte que evidenciava a força e supremacia do Homem perante os elementos da Natureza que se mostrassem adversos, perante a crença sem a razão implícita na religião, na arte que mostrava uma Alemanha no auge do seu primado. Para o regime nazi a Arte deveria ser orientada para reflectir a sua Weltanschauung ; ou seja, a sua maneira de ver o mundo segundo os seus objectivos de dominar o mesmo. Falei já do episódio de o Astrónomo de Vermeer que Hitler tanto cobiçava sem se dar conta que havia um quadro dentro do quadro e esse pequeno quadro pendurado na parede do escritório do astrónomo retrata a cena bíblica de Moisés apanhado das águas. E como se sabe foi Moisés quem escreveu o Pentateuco, os cinco primeiros livros que estão na base do Judaísmo. Numa outra ocasião Hitler apreciou muito Leda e o Cisne de Correggio, mas não conseguia pronunciar uma palavra perante o erotismo da pintura. Falava apenas do jogo de luzes e este tema mitológico acabou por se tornar uma obsessão para o ditador. Ainda de referir que Hitler apreciava o mais transgressor de todos os artistas; Caravaggio. Gostava muito de S. Mateus e o Anjo, mas não compreendia a ironia presente na pintura. Assim, com muita pena nossa (um pouco mais de informação não teria ocupado lugar naquelas cabecinha bélicas), o ditador não tinha o mínimo gosto para arte e era definitivamente preconceituoso.

Otto Dix
The Journalist Sylvia Von Harden
1926
Georges Pompidou Center, Paris


Obras pertencentes a galeristas judeus eram de imediato confiscadas e nem a zona livre de Vichy permitiu que muitos quadros fossem destruídos ou mesmo levados para parte incerta (alguns estão a ser encaminhados para os seus donos, outros ainda estão a ser identificados, enquanto muitos permanecerão para sempre sem rasto isto porque após a crise económica de 1930, o mercado da arte desvalorizou muito. Num cenário de pós-guerra as pessoas ligadas à indústria de guerra tinham muito dinheiro para gastar, mas nenhum sítio ou bem para o fazerem. Assim, compravam o pouco alimento disponível ou compravam arte. Daí que seja muito difícil definir o paradeiro dos quadros.

Os primeiros quadros a serem rotulados de arte degenerada eram os de pintores judeus bem como de pintores que se dedicavam à Arte Moderna: Picasso, Braque, Matisse, Chagall e Max Ernest, entre outros. Todos aqueles que pudessem representar movimentos como o Cubismo, o Dadaísmo, o Surrealismo e o Expressionismo. Hitler dizia: “Qualquer pessoa que pinte e veja um céu verde e uma planície azul devia ser esterilizada”. O ditador que em jovem tinha desejado ser pintor nunca ingressou na Academia de Artes…

Ernst Barlach
The Avenger
1914
Tate Gallery, London

Voltando à exposição, não se sabe o que aconteceu com muitos desses quadros que tão mal ornavam as paredes das salas frias. Uns terão sido destruídos, outros recuperados pelos esquemas paralelos que a resistência efectuava e que permitiu a catalogação e surripianço de obras à fatalidade de um triste destino, outros passaram por um esquema estranho de confiscação, venda e compra – a mesma obra podia ser confiscada, vendida e adquirida de novo pelo Reich. Não que os signatários nazis valorizassem esse tipo de arte, mas era um investimento garantido. É também um sinal da de ordem que reinava nos diferentes organismos encarregues de confiscar as obras de arte: a memória não era suficiente para compreender um objecto extorquido e por vezes que mandava confiscar nem sequer via o que era confiscado. Um outro conjunto de abutres que pairava entre a neutralidade e o apoio à Alemanha, fazia assim o negócio possível em tempo de guerra. Estima-se que somente em França tenham sido roubados cerca de cem mil objectos de arte e cerca de um milhão de livros e manuscritos.


Max Beckmann
The Skaters
1932
Minneapolis Institute of Arts
- não vai mais vinho para essa mesa -

"sinto falta de mim em mim", muito bem, sim senhor. Eu não diria melhor

"Estou sozinho de olhos abertos para a escuridão.
estou sozinho.estou sozinho e nunca aprendi a estar sozinho. estou sozinho.
sinto falta de palavras. estou sozinho. estou sozinho.
sinto falta de uns olhos onde possa imaginar. estou sozinho.
sinto falta de mim em mim. estou sozinho. estou sozinho.
estou sozinho."

José Luis Peixoto; "Estou sozinho de olhos abertos para a escuridão,estou sozinho", in "a criança em ruínas", pág 33 (enviado pela Ana)

quarta-feira, outubro 24, 2007

explosão matinal (o que até nem é o meu género)

- Ó Cláudia, isto assim não pode ser. Eu tenho 5 trabalhos em lista de espera para serem feitos e recebo um mail do professor X para fazer um cartaz para a conferência em Moçambique. Para ontem!
- Ó pá, não sou eu que mando nessas coisas. Eu só cumpro ordens.
- Eu também, mas não estando aqui mais ninguém. Desculpa, explodi!
- Não, eu é que peço desculpa por te sobrecarregar.
- Não, eu é que peço desculpa por ter falado assim.
- Não, eu sei...
- É melhor pararmos senão nunca mais saímos daqui!
- o carteiro -

- Ó Sr. José viu as notícias hoje?
- Não, ainda não tive tempo. Olhe que a minha mulher está doente e tive de andar eu a pôr roupa a secar e a passar umas escadas a pano e temperar os filetes de pescada. Isto é uma vida…
- Sabe o que é que aconteceu?
- Não homem! Pois se lhe estou a dizer que ainda não li o jornal. Mostre lá.
- Diz aqui que a Beluga foi transferida para a Formiga Bargante.
- Mas a época de transferências não tinha fechado.
- É tudo uma cambada de ladrões, de gatunos… São grandes ninguém os apanha. Eu é que não dou dinheiro para o clube.
- Não dá de uma maneira, dá de outra, nos impostos. Mas olhe que eu acho que não é uma transferência, é só um empréstimo.
- Acha?
- Sim, a equipa do Belogue F.C. não ia deixar sair o Special One.
- É esperar para ver.
("presunção e água benta cada qual toma a que quer")

terça-feira, outubro 23, 2007

- original soundtrack -


You got a lotta nerve
To say you are my friend
When I was down
You just stood there grinning

You got a lotta nerve
To say you got a helping hand to lend
You just want to be on
The side that's winning

You say I let you down
You know it's not like that
If you're so hurt
Why then don't you show it

You say you lost your faith
But that's not where it's at
You had no faith to lose
And you know itI

know the reasonT
hat you talk behind my back
I used to be among the crowd
You're in with

Do you take me for such a fool
To think I'd make contact
With the one who tries to hide
What he don't know to begin with

You see me on the street
You always act surprised
You say, "How are you?" "Good luck"
But you don't mean it

When you know as well as me
You'd rather see me paralyzed
Why don't you just come out once
And scream it

No, I do not feel that good
When I see the heartbreaks you embrace
If I was a master thief
Perhaps I'd rob them

And now I know you're dissatisfied
With your position and your place
Don't you understand
It's not my problem

I wish that for just one time
You could stand inside my shoes
And just for that one moment
I could be you

Yes, I wish that for just one time
You could stand inside my shoes
You'd know what a drag it is
To see you

(Positively 4th Street, Bob Dylan)
- não vai mais vinho para essa mesa -

sonho da noite passada 1:
- a Floribella era a nova Bond Girl

sonho da noite passada 2:
- José Castelo-Branco fazia parte da bancada do PSD

sonho da noite passada 3:
- gatos subiam-me pelas pernas.
- ars longa, vita brevis -
hipócrates

antes ou depois ou "não gosto da Kidman, mas gosto do Meisel e do Sargent, por isso aqui fica este antes e depois sem muito para dizer uma vez que nenhuma das imagens diz nada. "sem espírito", como diria o Jimi":

John Singer Sargent
Madame Pierre Gautreau (Madame X)
1884
Metropolitan Museum of Art, New York


Steven Meisel
Nicole Kidman para Vogue

Junho de 1999
- o carteiro -
[exposições]
Antes de fazer esta pesquisa deparei-me com um artigo no The Guardian que falava da necessidade de rever a História da Arte após 1950, pois a arte tal como a concebemos com a sua contextualização geográfica e temporal deixa de fazer sentido numa altura como esta em que as diferentes manifestações artísticas se imiscuem nas áreas umas das outras, sem que isso cause escândalo, estranheza ou rejeição. A própria aceitação de ideias que antes seriam facilmente banidas sem um espaço de tempo muito grande a separar os dois momentos, é um indicador de que a organização da Arte não é linear.

A época das exposições que começou agora por estes dias, apresenta uma novidade. Antes de mais teremos de fazer referência aos habituées: várias exposições de impressionistas que são dinheiro em caixa garantido, Picasso como sempre, nomes do Renascimento Italiano, dois ou três da pintura flamenga, duas exposições dedicadas à cidade de Barcelona (e não são em museus espanhóis) e Hockney (Graças a Deus Nosso Senhor!). A novidade vem do Oriente, uma vez que o que se nota nas exposições que acabaram de abrir nos museus mais visitados do mundo são dedicados à China ou ao Japão bem como, em dois casos que não são particularmente relevantes mas um indício de uma inclinação da arte para seguir a economia, que se dedicam a civilizações antigas. O centro económico já não está no Atlântico nem na Europa tendo deslocado-se para o oriente e a Arte seguiu-lhe os passos.

Em Londres, no British Museum podemos ver a exposição "The First Emperor: China's Terracotta Army.", que foca uma das descobertas arqueológicas mais importantes do século XX; ou seja, mostra 12 guerreiros em terracota de Xian, bem como músicos e acrobatas. Este exército de brincar estava enterrado juntamente com o corpo do Imperador Qin Shihuangdi, o primeiro imperador da China. A exposição também mostra alguns aspectos da vida do imperador. (Até 6 de Abril)
Na China, no Beijing World Art Museum estará patente a exposição "The Great Civilizations." É fruto de uma colaboração entre instituições americanas e europeias e tem como objectivo levar aos museus o público chinês para este ver a sua própria arte, bem como a de civilizações da Mesopotâmia, Egipto, Grécia e Roma, as civilizações Maia e Indiana. (até 2008) .
Também na China, no Capital Museum surge a exposição "Classical Greece at the Louvre: Masterpieces of the 5th and 4th Centuries B.C." que tem um propósito curioso, uma vez que este museu, originário de uma parceria entre a França e a China está entre os vários construídos para inaugurar a tempo dos Jogos Olímpicos de 2008. Foi o próprio Louvre (que não precisa de miudezas) a fornecer ao novo museu cerca de 130 estátuas, vasos e figuras em terracota, bem como objectos de ouro e prata da civilização grega, o berço dos Jogos Olímpicos (até 9 de Novembro).
No Zendai Museum of Modern Art a exposição "Refresh: Emerging Chinese Artists." Irá mostrar muitos artistas contemporâneos que frequentemente não têm lugar em bienais nem em feiras, mas que começam a ser fortes concorrentes perante os artistas ocidentais nos mercados de arte. A aposta em artistas chineses parece fazer parte desta febre pelo exotismo. Esta exposição conta com os trabalhos de 36 artistas chineses da nova vaga (até 8 de Novembro).
A exibição “Chan Ky-Yut: Voix Visibles"patente no Musée Cernuschi em França concentra-se na arte do artista Chan Ky-Yut que aproveitou a sua formação oriental (caligrafia) e trabalhou-a de forma ocidental (até 30 de Dezembro).

Em Munique, na Pinakothek der Moderne a mostra a ver é "Humanism in China: Ein Fotografisches Portrait." que apresenta a China que se esconde atrás da explosão económica e social que a modernização do país tem proporcionado. O mais interessante é que os trabalhos são da autoria de fotógrafos locais que captaram as modificações no país ao longo de cerca de 50 anos. A exposição está dividida em temas: existência, relacionamentos, desejo e tempo, conta com 500 fotografias de 250 artistas. (28 de Outubro).

Em Hong Kong, no Flagstaff House Museum of Tea Ware poderá ser vista a exposição "2007 Tea Ware by Hong Kong Potters." que como o nome indica propõe uma visita por cerca de 90 criações que tentam promover a arte cerâmica e a arte do chá (até 18 de Fevereiro).
No Hong Kong Art Museum pode ver a exposição "Gems of Chinese Ceramics from the Hong Kong Museum of Art." Que tem como objectivo mostrar o desenvolvimento da porcelana chinesa desde o Neolítico até à dinastia Qing, tanto no que diz respeito aos motivos como às técnicas. (até o fim de 2008)
A febre amarela chegou também a Israel, ao Israel Museum of Art com a exibição "Made in China: Contemporary Art from the Estella Collection". Apesar de o Museu de Israel ter vários bronzes da porcelana Ming esta mostra recai na obra de 60 artistas chineses já conhecidos. (até 3 de Janeiro)

No Groninger Museum o nome da exposição é inequívoco: “Japan” e resulta da colaboração entre três museus holandeses. A exposição mostra uma vasta colecção de porcelanas japonesas que acabaram por substituir as chinesas aquando a conquista do século XVII. (até 20 de Janeiro)

Em Singapura, no Asian Civilisations Museum a exposição "Chinese Snuff Bottles." levará ao público mais de 350 garrafas em jade, vidro e marfim pertencentes ao imperador. (até 7 de Novembro)
Na Coreia do Sul, em Seoul, a exposição "Performance Art of Korea 1967 - 2007." apresenta-se no National Museum of Contemporary Arts e relata a performance art na Coreia durante o período referido, colocando a tónica no facto desta nem sempre ter sido bem aceite e da sua efemeridade estar na base do interesse por ela gerado. Nam June Paik estará representado. (até 28 de Outubro)
Já no Seoul Museum of Art a exposição é "City_net Asia 2007”, uma colaboração entre vários museus que tem como objectivo mostrar 60 artistas contemporâneos que lutam nas suas obras por expor a sua identidade artística e as mudanças económicas do país. (até 11 de Novembro)
E por fim, nos Estados Unidos mais concretamente em Boston no Museum of Fine Arts a exibição "Drama and Desire: Japanese Paintings From the Floating World, 1690-1850", uma exposição que mostra a obra de um dos períodos mais prósperos a nível cultural no Japão. (até 16 de Dezembro)
- não vai mais vinho para essa mesa -

como o Belogue tem andado com posts muito aborrecidos, aqui vai um desvario:
[1]


Congratulations! You are Gabrielle Solis, the ex-model with everything she's every wanted a rich husband, a big house and John, the 17-year-old gardener.
Take this quiz!


[2]



You Are Most Like Carrie!



You're quirky, flirty, and every guy's perfect first date.
But can the guy in question live up to your romantic ideal?
It's tough for you to find the right match - you're more than a little picky.
Never fear... You've got a great group of friends and a
great closet of clothes, no matter what!
Romantic prediction: You'll fall for someone this year...

Totally different from any guy you've dated.


[3]



segunda-feira, outubro 22, 2007

o raio da realidade é difícil de aceitar! faz uma pessoa ficar mais rasinha que o chão.
- original soundtrack -

making whoopee, ou "cenas de um casamento":

Another bride, another groom
The countryside is all in bloom;
The flow'rs 'n trees is,
The birds and bees is
Making whoopie.

The choir sings, "Here comes the bride"
Another victim is at her side
He's lost his reason
'Cause it's the season
For making whoopee.

Down through the countless ages,
You'll find it ev'rywhere:
Somebody makes good wages,
Somebody wants her share.
It's so he'll fall for
Making whoopee.

Another year, or maybe less
What's this I hear? Or can't you guess?
She feels neglected,
And he's suspected
Of making whoopee.

She sits alone 'most ev'ry night
He doesn't come home, or even write
He says he's busy
But she says, "Is he
Making whoopee?

"He doesn't make much money
Five thousand dollars per;
Some judge who thinks he's funny
Says, "You pay six to her.
"He says, "Now judge, suppose I fail?
"The judge says, "Bud, right into jail.
You'd better keep her
You'll find it cheaper
Than making whoopee.

Another bride
Another groom
Another sunny
Honeymoon;
Another season,
Another reason
For makin' whoopee.

A quiet service,
A lot of rice,
The groom is nervous
He answers twice.
It's really killing
That he's so willing
To make whoopee.

Picture a little lovenest
Down where the roses cling
Picture that same sweet lovenest
Think what a year can bring.

He's washing dishes
And baby clothes
He's so ambitious
He even sews;
But don't forget, boys
That's what you get, boys
For makin' whoopee.

(Making Whoopee, Michelle Pfeiffer em Os Fabulosos Irmãos Baker)
- não vai mais vinho para essa mesa -

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.

Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue a jorrar nas próprias fontes.

(Eugénio de Andrade, XVIII)
- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Antes e depois ou “sem margem para dúvidas” ou “como Freud não plagiou em nada Cézanne. Ao colocar o termo “after Cézanne” como título, Freud admite o diálogo com Cézanne, apesar de não se terem conhecido, embora ambos os quadros, o do “antes” e o do “depois”, estarem na National Gallery na Austrália. No entanto o diálogo relativamente ao entendimento do tema tem as suas arestas a limar: o quadro “Afternoon in Naples” de Cézanne (estava para chamar-se por sugestão de amigos do pintor “L'Aprés-midi à Naples”) é muito mais intimista que o de Freud. Cézanne apresentava assim a Itália como um país boémio, sensual, dado aos prazeres da carne: a senhora deitada como uma Olímpia de Manet, o senhor a fumar o seu cachimbo, a criada que entra no quarto, a vibração das cores, tudo muito exótico e sugestivo como as pinturas orientalistas de Delacroix. (A própria técnica é sensual: eliminam-se as pequenas batidas de pincel com cores que o olho complementa, para se abreviar a história com largas e lânguidas passagens de tinta e vários sentidos, cores planas, soltas…

Em Freud as personagens estão de costas, nota-se que se trata de um quarto, vemos as paredes em toda a sua altura, e todos os elementos estão à escala. Já com Freud parece que as personagens foram colocadas dentro de um caixote e movem-se com dificuldade, agachadas, desproporcionadas. A cadeira está caída, homem e mulher estão pintados com uma coloração rosa diferente e não há qualquer pudor em mostrar o sexo. Há também uma outra questão: o que faz e quem é a figura que está de pé? Está a entrar na “fotografia” (uma vez que a imagem de Freud capta um momento como numa fotografia), ou está a sair? Pertence ao grupo ou não? Eu cá não sei, mas parece-me a primeira investida de Freud no Universo da História da Arte. Não que Freud não tenha o seu nome lá bem guardado, mas pela primeira vez associa-o a um outro já consagrado. E pensando bem, os “antes e depois” são uma forma de consagração.

Paul Cézanne
Afternoon in Naples
1875
National Gallery of Australia


Lucian Freud
After Cézanne
2000
National Gallery of Australia
- o carteiro -
Naomi Wolf e “The End of America”:
Naomi Wolf fala no Kane Hall da Universidade de Washington sobre o seu novo livro “The End of América que compara a administração Bush com os regimes fascistas. Há um paralelismo de imagens, linguagem e manipulação da opinião pública entre a política que se faz actualmente na América e a que se fazia na Itália dos anos 20 e nos anos 30 na Alemanha. Naomi Wolf estabelece os pontos em comum entre esta administração, Hitler, Mussolini e Estaline. A saber: a criação de um inimigo terrível e que tanto é interno como externo, ter como desígnio nacional uma tarefa árdua, criar um gulag, orientar a luta para alvos individuais, suspender certas leis em nome da segurança, controlo dos media, desenvolver sistemas de segurança e fazer detenções arbitrárias (bem como libertações arbitrárias).
- não vai mais vinho para essa mesa -
A família real egípicia que reclama o direito ao trono pretende celebrar este ano em Dezembro os 2077 anos do nascimento da rainha egípcia Cleópatra.
Um membro da família real entretanto destituída do poder devido à Conquista Romana confessou que a família embora ainda não refeita do luto, continua a usá-lo em memória de Cleópatra. “Este ano o cinzento é o novo preto e o castanho é o novo cinzento, por isso avanço já a novidade da saison: a família real irá usar cinzento ou castanho na comemoração do aniversário de Cleópatra. “
Ptolomeu XIII, irmão e marido de Cleópatra, Ptolomeu XIV também irmão e marido, César, amante que virá enrolado num tapete, Marco António marido que estará acompanhado da outra mulher, os quatro filhos Cesarião, os gémeos Cleópatra Selerie e Alexandre Hélios (cuja banda “Órfãos da Serpente” animará as hostes) e Ptolomeu Filadelfo estarão presentes no mega-evento que terá a organização de Filipe La Féria e contará com a presença de Elton John que cantará “Good-bye egiptian cat”.
A FACES vai acompanhar o evento que se espera ser um dos melhores do ano. O dress code é tapete e o hair code é black com franja.