quarta-feira, julho 18, 2007

- o carteiro -
Arte contemporânea nas igrejas.
A propósito desta notícia e da arte religiosa nas Igrejas (as relíquias, os frescos, as arquitecturas efémeras para casamentos reais, os baldaquinos, a escultura, a própria arquitectura do edifício em si, todas estas áreas já foram visadas pela arte. É conhecida a relação e mesmo a forma como a Igreja se serviu da arte, sendo em alguns dos casos a única mecenas, com vista a alfabetizar religiosamente os crentes).

Depois de um período em que os artistas pareciam afastados da produção artística nas igrejas por o princípio que presidia à sua existência não se coaduar com características e objectivos da arte contemporânea, um novo conjunto de trabalhos dentro e para igrejas foi entregue a artistas. O espnahol Miguel Barceló criou um trabalho em cerâmica para a capela gótica de Palma de Maiorca. Ainda que numa dimensão menor, Barceló passou 3 anos a dedicar-se inteiramente à catedral, tal como Gaudí. Além disso proporcionou, porque o seu trabalho implicava o uso de cerâmica, o desenvolvimento de algumas manufacturas em França e Itália. Gerhard Richter criou um trabalho de vidro para a catedral de Colónia na Alemanha. Ao contrário de Barceló, cujo trabalho era de raiz, Richter teve de reconstruir painéis de vidro destruídos durante a Segunda Guerra Mundial e cujos planos também se perderam. Mas para Richter não era a primeira vez que trabalhava o vidro. Pedro Calapez criou um trabalho para o interior da Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, que tinha como objectivo abrigar os crentes e não-crentes. Não foi a primeira vez que Calapez trabalhou para uma encomenda da Igreja, uma vez que já tinha trabalhado nas pinturas dos Mosteiros de Jerónimos. Há outros exemplos como a artista Alison Watt que irá apresentar uma pintura abstracta de grandes dimensões para a Capela de São Paulo em Edinburgo, ou Susanna Heron que irá conceber uma plataforma reflectora em granito preto para a Catedral de Liverpool. Stephen Cox foi o escolhido para criar o novo altar da Capela de Santo Anselmo. Alexander Beleschenko concebeu uma janela para um edifício religioso do século XII. Jeff Talman colocou uma instalação Sonora na Catedral de Colónia em 2004 e antes já o havia feito na Catedral de St. James em Chicago.
Obviamente os tempos são outros: os artistas têm maior liberdade criativa e verfica-se o contrário da Renascença: não é o artista que se sente honrado com o convite, é a Igreja que se mobiliza para contratar este ou aquele artista pois são um sinal de prestígio.Nota-se igualmente uma aposta nos materiais mais próximos da natureza e de conceitos mais inovadores que não se prendem com o figurativismo sugerido pelos Evangelhos, em detrimento dos matariais tradicionais. Dá-se protagonismo à luz e à água, fingem-se espelhos e novos elementos para a representação de histórias com mais de 2000 anos.

1 Comments:

Blogger João Barbosa said...

E mais um artigo de grande interesse... este blog é, de facto, obrigatório. parabéns!

18/7/07 4:56 da tarde  

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