domingo, fevereiro 19, 2006

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Ao Domingo temos percebes, mão-de-vaca, iscas de fígado, moelas e Belogue na Formiga Bargante.

sábado, fevereiro 18, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Retomados aqui e em directo, os truísmos de Jenny Holzer:

- it's just an accident that your parents are your parents
- it's not good to hold too many absolutes
- it's not good to operate on credit
- it's vital to live in harmony with nature
- just believing something can make it happen
- keep something in reserve for emergencies
- killing is unavoidable but nothing to be proud of
- knowing yourself lets you understand others
- knowledge should be advanced at all costs
- labor is a life-destroying activity
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Uma sósia:


Not quite breakfast, not quite Tiffanys but, who cares?

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

DISCOS PE(R)DIDOS

Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles cantado pela Lena d'Água, por favor. Parola? Já viu o post d'O CARTEIRO de hoje? Então vá lá ver e depois diga qualquer coisa.

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
COISAS QUE EU NÃO COMPREENDO


Caravaggio
The incredulity of Saint Thomas
1601-1602
Neus Palais, Potsdam

[Parque Jurássico]
Rui Rio no Jornal da Tarde da SIC respondia a Clara de Sousa sobre a RAVE. Entre a sua indignação disse qualquer coisa assim (entre aspas embora não tenham sido estas as palavras): "Não compreendo como é que nenhum dos autarcas da área metropolitana do Porto, eleitos pelos habitantes foi contactado para uma reunião..."
(Rui, amigo, se tiveres em atenção que nem todos os habitantes da área metropolitana do Porto têm idade para votar, que muitos não votaram nas últimas autárquicas e que dos que votaram notaram-se muitos votos em branco, quem elegeu quem?)
[Gaiola das Malucas]
Lúcia a Santa, já! Lúcia a Nossa Senhora, já! Graças à trasladação dos restos mortais da irmã Lúcia para Fátima, as televisões podem suspirar de alívio; já têm o que transmitir no Domingo à tarde. Não havendo neve, ficamos com a Irmã Lúcia, pois então. Amén!
[Lost in translation - A vida é um lugar estranho]
Duas semanas depois de ter terminado o prazo (28 de Janeiro) para a entrega dos relatórios anuais dos diferentes museus do país ao IPM, a mesma instituição resolveu alargá-lo. Quer dizer que durante as 15 dias o número de relatórios recebidos foi nulo, ou muito baixo? Não, é só uma pergunta...
[Zoolander]
- Oi gatinha. Vem cá, vem - disse um senhor com sotaque brasileiro, encostado a uma esquina e a mexer na zona genital.
- Buff - disse a gatinha.
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Votem caramba!

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas. Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês.

A votação pode ser feita nos comentários deste post, isto para evitar que as pessoas se retraiam, como provavelmente aconteceria se os votos apenas fossem aceites por e-mail. Também são aceites por mail, pois este já foi corrigido. Está mesmo aqui em cima, no cabeçalho. Todos os posts, mesmo os mais recentes contam, por isso cada pessoa pode fazer várias escolhas. Mais uma vez digo que este blog não tem um counter, por isso nunca saberemos quem votou e em quê.

Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
O CARTEIRO
Pequena comédia sobre uma má obra de arte
Numa sala branca vazia, Manet e Degas admiram um quadro de Renoir. A pintura é Les Baigneuses.
Pierre Auguste Renoir
Les Baigneuses
1918
The Barnes Foundation, Pennsylvania
Manet – Ó Degas, olha bem para isto! O tipo está doido!
Degas (esticando o óculo para a pintura) – Isto é muito mau… Muito mau mesmo.
Manet – Não diria tanto Degas. Tem o seu valor artístico, tem técnica, é expressivo, tem noção da realidade…
Degas (guardando o óculo) – Não estou a falar disso Sr. Manet. Estou a falar…
Edgar Degas
1895
Fogg Art Museum

Manet (batendo nas costas de Degas) – Eu sei pá. Da falta de gosto. Isto é tão saloio, tão parolo que até me dá vómitos.
Degas – Exactamente. Isto revela mau gosto. Um artista que deseje pertencer ao restrito grupo dos impressionistas não pode fazer isto: privilegia a técnica e deixa o tema ao acaso.
Manet – Tens razão, isto é mau…
Degas – Não é o ser parolo, é que dá mau nome aos impressionistas.
Manet – Ah, isso…
Degas – “Ah, isso” o quê? O Sr. Manet também é um impressionista, ou esquece-se? Essa medalha de Chevalier de la Légion d’Honneur (enquanto leva a mão à medalha e a faz saltitar na palma da mão), denuncia-o.

Manet
Self Portrait with skull cap
1879
Bridgestone Museum, Tokyo

Manet – Mas eu nunca expus com vocês! O Renoir sim, eu não!
Degas – Isso não conta.
Manet – Ai conta sim. E a medalha… Olha pá, a medalha foi no fim da vida.
Degas – Mesmo assim… O seu apreço pelos temas do quotidiano e a sua pincelada rápida e curta fazem de si um impressionista…
(Entra Renoir de rompante)


Pierre Auguste Renoir
Self portrait
1875
Sterling and Francine Clark

Renoir – O Mantegna estava na sala ao lado e ouviu-vos falar mal das minhas banhistas.
Manet – Banhistas ou banheiras?
Degas – Sr. Manet, comporte-se!
Manet – É uma piada ó Degas. Large Bathers, Banhistas largas, Banheiras…
Renoir – Mas raios, será que vou ter de explicar isto muitas vezes? Estive em Itália, apreciei Rafael e achei por bem aplicar o tema.
Degas – Caro Renoir, a gente compreende.
Manet – Na boa Renoir! Eu também tive o meu período espanhol!
Degas – Pois…
Manet – Só que foi muito melhor que o teu período italiano.
Degas – Sr. Manet, então?
Renoir – Eu estrafego esse pulha, esse, esse…
Manet – Esse quê?
Renoir – Esse copiador de composições clássicas de Ticiano!
Degas – Ena, ena! Isto agora é que vai ser!
Manet – Eu não aguento mais. Tu segura-me ó Degas.
Degas (separando os dois e afastando Manet) – Ora acalmem-se. Acalme-se Manet. Caro Renoir, essa é uma acusação muito séria. Sabe que depois do romantismo, acusar alguém de copiar é ultrajante, principalmente para um artista.
Renoir (sacudindo as roupas e ajeitando-as) – Eu sei, mas aquilo que disseram das minhas banhistas também é ultrajante.
Manet – Elas são de um mau gosto pá!
Degas – Elas são de um mau gosto!
Manet – Diz “pá”!
Degas – Eu sou um senhor.
Renoir – Um senhor cegueta, ou pensas que eu não sei que agora para o final já não vias nada. Estavas cegueta, é o que é.
Manet – Agora já o tratas por tu, ó parolo?!
Renoir – “Se a pintura não fosse um prazer para mim, por certo não a faria!
Degas – Isso é tudo muito bonito, mas o quadro não deixa de ser de mau gosto.
Renoir – Deixem a História decidir.
Manet – A gente deixa… Mas tu já ouviste o que andam a dizer do Fragonard e do outro, do…
Degas – do Boucher.
Manet – Pois, esse… Parolos! Vão ficar para a História como parolos.
Renoir – E tu como pornógrafo. O Larry Flynt inspirou-se em ti, ó copiador pornográfico?
Manet – É agora Degas, é agora! Eu vou-me ao tipo…
Degas – Senhores, então?! Tenham respeito pelos mortos e pela arte. Já estou a perder a paciência. Esse quadro é uma mancha nos impressionistas, Sr. Renoir. Aliás, esse e “O Balouço”.
Renoir – Deixe a História falar Sr. Degas! A História vai-me colocar nos impressionistas sem mácula. A História não fará distinções entre quem pinta mais ao estilo italiano e é francês, e quem pinta mais cenas espanholas.
Degas – Temo por si.
Manet – Devia temer por nós.
Degas e Renoir – Por nós?!
Renoir – Pensava que não eras um dos nossos…
Manet – É uma maneira de falar. Por nós, pelos consagrados.
Renoir – Ah, agora já te consideras um consagrado. Não queres esperar um bocadinho mais de Eternidade? Mais um século ou dois para depois poderes dizer se és consagrado ou não.
Manet – Tenho o meu Déjeuner sur l’herbe, tenho a minha Olímpia…
Degas – Mulheres nuas, mulheres nuas…
Manet – As Histórias de Arte falam de mim, figuro nos dicionários de Arte, que mais posso querer?
Renoir – Que o futuro legitime a tua arte.
Manet – Mais futuro? Já estamos aqui há tanto tempo, temos todo o futuro do mundo e não podemos fazer nada com ele.
Aproxima-se sorrateiramente Andy Warhol, a andar junto às paredes e a fazer desenhos no chão com o pé.


Andy Warhol
Self portrait
1967

Renoir – Mas quem é você?
Degas – Quem? Onde? Não vejo nada.
Manet – Senta-te Degas que ainda tropeças em ti. Está ali um tipo com cara de puto traquina.
Renoir – Quem é o senhor? O que faz para estar aqui no círculo dos pintores? Acabou de chegar?
Warhol – Olá. O meu nome é Warhol, Andy Warhol.
Renoir – Nunca ouvi falar.
Manet – Eu já. Um dia destes estava à varanda…
Degas e Renoir – À varanda?
Degas – Caro Manet, não sabe que não deve andar a espreitar lá para baixo?
Manet – Eu sei, mas queria saber como andam as coisas na vida.
Renoir – Então e conheces este tipo da varanda?
Manet – Não, ele não estava na varanda; estava lá em baixo. Parece que está a ter sucesso na América. Só não compreendo o que faz aqui. O que faz aqui cavalheiro?
Renoir – Sim, o que faz aqui?
Warhol – Não sei bem?! Levei um tiro de uma senhora chamada Valerie Solanos em Junho do ano passado, fui operado à vesícula e de lá para cá vou e venho, vou e venho…
Renoir – Como assim?
Warhol – Nos meus sonhos venho até cá acima, vou até à sala de escultura da Renascença, mas quando acordo estou lá em baixo.
Renoir – Então sabe o que a história pensa das minhas banhistas! Diga-lhes, diga-lhes o que todos pensam: tenho a certeza que é bom.
Warhol – Teria muito gosto, mas eu estou vivo, só venho cá de passagem.
Manet – Estás a ver?!!!
Degas – Deixe-o falar! Que diz a História cavalheiro?
(Entra o Mercúrio de Jean Boulogne)


Jean Boulogne
1585
Mercúrio
Kunsthistorisches Museum, Viena

Mercúrio – A História diz que a operação de ontem à vesícula correu mal e o Sr. Andy Warhol… é assim que se diz?
Warhol – É, sou eu. O que foi?
Mercúrio – Olhe, está morto. Assine aqui no X. E bem-vindo, escolha uma sala que ainda não temos uma para a Pop Arte. Mas da maneira como vocês se metem em coisas estranhas, muito em breve teremos uma. Ora bem vindo e boa estadia.
Warhol – Então estou morto? A operação correu mal?
Mercúrio – Correu muito mal.
Renoir – Então quer dizer que como “os mortos não falam” nunca vamos saber o que é que a História pensa das minhas Banhistas?
Mercúrio – O que a História pensa não, mas o que Ele pensa (apontando para cima)…
Degas – Ele?
Manet – Ele?
Renoir – Ele?
Warhol – Ele quem?
Mercúrio – Ele!
Warhol – Ah, Ele!
Mercúrio - … Isso vamos!
Renoir – E o que é que ele pensa?
Mercúrio desembrulhando um papel – Ele manda dizer para o Irmão Renoir retirar o quadro da sala porque está a ficar indisposto, com mau estar matinal, diarreia…
Manet – Ugh!
Degas – Ugh!
Warhol – Ugh!
Mercúrio - … já há moscas cá em cima…
Manet – São as moscas mortas. Vêm muitas das pastelarias e dos talhos.
Mercúrio – E isto não é uma loja de Cd’s pimba.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

27.
Obrigado.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

*


Bernini
Medusa
1630
Palazzo dei Conservatori, Roma

* Vai-se-me a cabeça por dentro como a da Medusa por fora.
COISAS QUE EU NÃO COMPREENDO

Reuniões ou como eu não compreendo mesmo:



Neste Portvgálius fazem-se reuniões para tudo. Duas reuniões no espaço de um mês e não se avançou mais do que aquilo que se podia ter avançado num dia.
Chega um novo paceiro, muda-se tudo; sai um parceiro, muda-se tudo; o dia está de sol, há verba; o dia está de chuva, há ideias mas não há verba; se há bolachas e chá, já não há reunião; o que era para acabar às 13h, acaba às 14h; o que era para ser feito às 14h é feito às 16h; o que era para ser assinado às 17h sem falta, só pode ser assinado no dia seguinte; o que era para seguir hoje pelo correio, segue amanhã. E amanhã é a mesma coisa.
Copinhos de plástico, garrafas de água, PDA's, portáteis, folhas de papel com meia dúzia de rabiscos e muito desenho automático, nenhuma conclusão. Entram os dinheiros comunitários já castrados e com objectivos para cumprir a longo prazo, as reuniões sucedem-se com os "palavrões-chave" do costume: cooperação, plataformas de interacção, mais valias, equipamentos, velocidade de cruzeiro, disponibilizamo-nos a pensar no projecto, então e o lettering?, não foste aos saldos?...).
E alguém escreve este texto porque as reuniões, se não cumprem o seu papel, pelo menos potenciam a criatividade. E os blogs. E os blocos de nota que graças a isto andam muito cheios. Quando é a próxima?
O CARTEIRO

Things change:


Bar Mitzvah - é uma idade e não um ritual. Quando um jovem judeu atinge os 13 anos passa a ser responsável por si segundo a lei judaica. A partir daqui a sua vida torna-se um Bar Mitzvah. A palavra Bar quer dizer em aramaico, "filho" e a palavra Mitzvah em Hebreu quer dizer compromisso.


Bar Refaeli - nova namorada israelita de Leonardo di Caprio após Gisele Bundchen; ou seja, como trocar um Mercedes Classe A por um Taurus...
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA



terça-feira, fevereiro 14, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

... e dados ao sentimento (como dizia Goethe "o sentimento é tudo"). O Beijo*. Para quem pode.


Auguste Rodin
The kiss
1886
Musee Rodin

*Acompanhado de "My Funny Valentine" por Gerry Mulligan e Chet Baker ao vivo.
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas. Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês.

A votação pode ser feita nos comentários deste post, isto para evitar que as pessoas se retraiam, como provavelmente aconteceria se os votos apenas fossem aceites por e-mail. Também são aceites por mail, pois este já foi corrigido. Está mesmo aqui em cima, no cabeçalho. Todos os posts, mesmo os mais recentes contam, por isso cada pessoa pode fazer várias escolhas. Mais uma vez digo que este blog não tem um counter, por isso nunca saberemos quem votou e em quê.

Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
sem título

LOVE IS IN THE AIR



NOT ANYMORE.
O CARTEIRO

Para quem não fez a escolinha toda ou "quem é amiguinho, quem é?":


O Tetramorfo é a representação simbólica dos quatro Evangelistas. Até à invenção da imprensa, divulgação e ensino sistemático, os fiéis assistiam de uma forma cega à celebração eucarística; ou seja, como não sabiam ler nem escever, liam a estatuária. Certas figuras bíblicas são substituídas pelo seu símbolo, sendo essa uma forma mais simples para reconhecer o santo em questão. Às vezes, recorrendo apenas às insígnias dos santos era possível contar a sua vida.
S. João Evangelista (canto superior esquerdo) é representado com uma águia ao lado como símbolo da elevada espiritualidade que os seus textos transmitem. A águia é o símbolo da inspiração e do Espírito Santo em S. João Evangelista.
Hans Burgkmair
Saint John Evangelist in Patmos
1508
Alte Pinakotek, Munique

O símbolo de S. Mateus (canto superior direito) é o Homem porque o seu Evangelho começa pela genealogia de Cristo. Também é identificado pela bolsa de publicano (cobrador de impostos).
Caravaggio
The calling of Saint Matthew
1599-1600
Contarelli Chapel, Churche of Saint Luigi dei Francesi, Roma

S. Lucas (canto inferior esquerdo) foi o primeiro iconógrafo e por isso é o patrono dos pintores. O seu símbolo é o touro, o animal dos sacrifícios (veja-se o Minotauro que nasce de Pasífae e de um grande touro branco sacrificial), porque Lucas começa o seu Evangelho com a evocação do sacerdote Zacarias, oficiante do Templo de Jerusalém.
Guercino
Saint Luke displaying a painting of the Virgin
1652-53
Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas

O símbolo de S. Marcos (canto inferior direito) é o Leão, animal do deserto porque o seu Evangelho começa pela pregação de João Baptista no deserto. É o símbolo da cidade de Veneza para onde os seus restos mortais terão sido levados.

Vittore Carpaccio
The Lion of Saint Mark
1516
Palazzo Ducale, Veneza
O CARTEIRO
Podemos ver isto como uma moeda, com dois lados, ou como um triângulo, do qual nenhuma dos vértices é o “vértice”. Na polémica dos cartoons, já muito foi escrito e dito: tanto e tantas coisas que por vezes me é difícil saber de onde vem esta ou aquela informação. Em blogs, em jornais, em revistas de todos os tipos, toda a gente emite a sua opinião (uma das faces do problema), às vezes usando da agressividade verbal, outras de forma mais moderada, mas toda a gente tem algo a dizer, mesmo quando nada nos é dado a perceber. O Belogue, que chega sempre tarde e que não debita a matéria como alguns arautos convidados para fazerem a crítica fazem, vem hoje dizer o que por aqui se pensa acerca da polémica. Muitas coisas nos escaparão e para muitos leitores (não muitos, visto que não somos lidos por muitas pessoas), aquilo que aqui será escrito não corresponde à verdade. Será concerteza apenas um grão de areia para o deserto de ideias que há acerca desta questão, mas não será certamente, impermeável às opiniões dos outros. Cá vai:
A Cara
A liberdade de imprensa não é um direito absoluto. O facto de eu estar aqui a escrever sobre a liberdade de imprensa e outras coisas, não me confere o direito de atentar contra a libedade dos outros. Ainda que organizados e profundamente radicais, os islâmicos que têm vindo a protestar e que se sentem atingidos na sua identidade, na sua liberdade de abdicarem da liberdade, têm o direito (e ao que parece, a liberdade) de mostrar a sua indignação. Ninguém, cristão ou muçulmano gostaria de se sentir ofendido dentro desse campo. E se cada um de nós colocar a mão na consciência, vê também que não gostaria de ver o seu líder religioso ridicularizado por outros que não nós próprios. O nosso pequeno meio, os nossos códigos legitimam as facadas que damos às convicções. Aceitamos ser contrariados por um dos nossos pares, mas nunca por ninguém exterior a nós, ao “nosso mundo”. A liberdade não pode ser invocada por “dá cá aquela palha”, nem serve de desculpa para invocá-la o facto de haver uma série de incongruências no discurso acusatório do Islão: não se pode retratar Maomé, muito menos com aquele tipo de analogias, mas pode-se invocar o seu nome para matar; não se pode retratar Maomé, mas pode-se retratar símbolos judeus. A morte como palavra de ordem, independentemente da proporção daquilo que pode provocar esse ódio. Os cartoons sobre o Papa têm piada para mim porque… têm! E porque foram feitos por outros iguais a mim. Se no Islão, em qualquer país, em qualquer jornal ou papel mal parido circulasse a mesma imagem, a mesma piada, repetida, rida sem conta e sem um pedido de desculpa (que no caso do jornal dinamarquês chegou e no caso da diplomacia do país, chegou; ao princípio não percebia porquê meter o governo ao barulho, depois pareceu-me mais notória a noção de que esta era uma questão também e muito política), também eu iria protestar. De outra forma, com outra proporção, adequada ao caso, mas claro está, isso é…
A Coroa
O que é assustador nos protestos islamistas, é a forma como atingiu uma dimensão que nos parece exagerada: qualquer ataque, do mais básico ao mais premeditado é sempre encarado como um ataque digno de pena grande e bem aplicada; e geralmente, de morte. Não me parece que uns bonecos num jornal na Dinamarca sejam razão suficiente para a promessa suspensa de derramamento de sangue, ainda que esse jornal seja de extrema direita (ou apenas de direita e conservador, tal é a variedade daquilo que se pode ler por aí). Ao mesmo tempo, como pode um deus/profeta ser tão “etéreo” e diferente dos mortais de forma que não pode ser retratado, desmistificado, mas pode ser o ponto de partida para a matança. Não podemos compreender esta “cultura de morte”, mas temos de lhe manter a distância de segurança e o devido respeito. Não nos podemos imiscuir da questão, e não nos podemos eximir dela. Ao contrário do que é possível ler no Independente desta semana, não “somos todos dinamarqueses”. Eu não sou dinamarquês, porque não é esse o ponto de partida: ao retratar Maomé, e não um líder religioso temos antes de dizer “Somos todos cristãos”, ou no caso da Dinamarca “Somos todos protestantes”. Sim, já sei, foram “eles” que começaram quando incendiaram embaixadas atingiram diretamente a diplomacia dinamarquesa, transformando assim esta questão numa questão política que envolveu pedidos de desculpa e partidarização. Agora que sabemos que as caricaturas não são recentes, mas do ano passado e que só há pouco tempo tiveram visibilidade graças à reunião da OCI, (Organização da Conferência Islâmica), compreendemos melhor as manifestações organizadas. Não quererá o mundo muçulmano chamar as atenções sobre si? E não o fará pela pior forma que conhece; ou seja, graças à violência? Não acredito que a revolta, após anos de repressão não seja motivada pelas circunstâncias: vitória do Hamas, Sharon em estado de coma, declarações (?) do presidente do Irão que se demarca assim de uma política de coexistência pacífica com o Ocidente… (Até Le Pen “ajuda à missa” apoiando a indignação muçulmana e o líder do Hamas propor-se moderar o debate.)
"Nem bem, nem mal, muito pelo contrário"
Que fazer então? Se ignorarmos vamos continuar a viver no medo e na ignorância: no medo de sermos atacados, na ignorância face a uma cultura que não se quer dar, mas que não deve por isso ser penalizada. Se negociarmos com os moderados teremos sempre e apenas uma parte do problema resolvido; podemos retirar legitimidade à sua causa, mas nunca erradicá-la porque às gerações futuras será sempre ensinada uma história de ódio. Seja qual for o passo a dar, já nada deterá um povo que terá, na Europa futura um número representativo muito grande, uma vez que não se depara com problemas como Natalidade, e se une sob o mesmo princípio. Mesmo que este nos pareça descabido.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

DISCOS PE(R)DIDOS

Sr. D.J. era para pedir o "It's midnight" do Elvis Presley. Sim, eu bem sei que não é meia-noite e que o Elvis não está na moda mas Sr. D.J., um tipo que diz: "I even hate myself for loving you" merece estes instantes. Feche a porta que vem muito frio daí de fora.

Maybe it’s too late. sometimes I even hate myself for loving you
Trying to be strong then night
time comes along and I start loving you
Wanting you. where is all my selfcontrol I’m burning way down in my soul
And needing you, and wishing I could be the man, I try to
Hating me for wanting you to be with you knowing you don’t love me like you used to
But it’s midnight, ohh and I miss you

(...)
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas. Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês.

A votação pode ser feita nos comentários deste post, isto para evitar que as pessoas se retraiam, como provavelmente aconteceria se os votos apenas fossem aceites por e-mail. Também são aceites por mail, pois este já foi corrigido. Está mesmo aqui em cima, no cabeçalho. Todos os posts, mesmo os mais recentes contam, por isso cada pessoa pode fazer várias escolhas. Mais uma vez digo que este blog não tem um counter, por isso nunca saberemos quem votou e em quê.

Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
O CARTEIRO

1940 - No livro "A Conspiração contra a América", uma personagem ao apoiar Lindebergh fala nestes termos: "Esta não é a guerra da América (...). Esta é a guerra da Europa. (...) É uma sequência de mil anos de guerras europeias que remontam ao tempo de Carlos Magno".

2006 - Neste link (abrir em seguida o o vídeo à esquerda denominado "Bush on cartoon conflit"), Bush e Condoleezza Rice nada dizem. Neste, que é a tradução do anterior, já dizem alguma coisa. "Paninhos quentes", "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço", ou "como sacudir a água do capote".
TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Gente a dançar ou "As posições mais improváveis do mundo"


Gustave Boulanger
La danse amoureuse
Colecção Privada


Jean Baptiste Carpeaux
La Danse
Fachada da Ópera de Paris


Henri Matisse
La danse (I)
1909
The Museum of Modern Art, Nova Iorque


Nicolas Poussin
The dance to the music of time
1640
Wallace Collection, Londres
sem título

Eu mereço!!! Aqui ao lado alguém ouve músicas de Natal. Oh God, make me good, but not yet.
COISAS QUE EU NÃO COMPREENDO
Caravaggio
The incredulity of Saint-Thomas (detalhe)
1601-1602
Neus Palais

["I wanna sex you up"]
Entrou no elevador, fechou a porta atrás de si, carregou no botão e descansou as mãos no varão do cubículo. Sentiu qualquer coisa e olhou. Penduradas e fechadas no varão estavam uma algemas, e não eram de plástico!
["Let's talk about sex"]
- Olhem este conjunto de roupa interior que eu comprei. Não é lindo? Principlamente nos pormenores: preto transparente às bolinhas pretas em veludo. É uma combinação de texturas mesmo estranha! Mas resulta...
A loira enquanto põe a mão:
- Tu mal sabes...
(Eu mal sei o quê?)
A morena:
- Ai texturas! Deixa estar que ele vai mesmo reparar nisso!
(Ele quem? Será ele com letra maiúscula? Será Deus? Será que Deus é travesti?)
- Eles até comem rebuçados com papel?
(Papel? Mas não estávamos a falar de Deus e de roupa interior?)
- Se vestires isso, não demora muito a tirares. Ele nem vê o embrulho. Tanto faz estarem com um fato de neve como com papel celofane...
(Cá está, papel outra vez...Lapso freudiano?)
...que para ele é igual...
(Mas quem é ele?)
... come-te e nem repara.
(Mau!)
- Os homens são assim!
- Ah pois são! Quando a relação vai no início ainda reparam nessas coisas...
- Depois, nem reparam no que vestes. Só querem que o dispas. E muito menos em texturas.
- Porque isto das relações...
(Papel? Mas que papel? Que mal têm as texturas? Mãe, anda-me buscar que estas senhoras avariaram e eu não sei onde está o botão para desligá-las.)

["My favourite mistake"]
- Olha, acho que devias ler este livro. É do Pearl Buck.
Aproximo-me para me certificar que estão a falar da Pearl S. Buck. O livro era "Onde mora a felicidade"
- Sim parece-me giro. O que é que ele escreveu mais?
- Ora vamos ver aqui na contracapa.
Afastei-me para a secção de autores proibidos. O risco de me deparar com erros destes era muito menor. Não imaginava um senhor a dizer à sua esposa: "Lê aqui a Fernando Pessoa. É muito boa escritora."

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

terça-feira, fevereiro 07, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

"Pode o deus que em mim vive mover profundamente todo o meu ser; mas nem mesmo ele, que comanda todas as minhas forças, pode mudar o que quer que seja à minha volta."

(in Fausto, Goethe, versão em prosa)
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Perdeu-se um alfinete de peito com laço e lágrima com pedra verde. Quem não o vir pode sempre oferecer este:


Réne Lalique
Pendente Rosto Feminino
1498-1890
Museu Gulbenkian, Lisboa
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Não votem, não...

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas. Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês.
A votação pode ser feita nos comentários deste post, isto para evitar que as pessoas se retraiam, como provavelmente aconteceria se os votos apenas fossem aceites por e-mail. Também são aceites por mail, pois este já foi corrigido. Está mesmo aqui em cima, no cabeçalho. Todos os posts, mesmo os mais recentes contam, por isso cada pessoa pode fazer várias escolhas. Mais uma vez digo que este blog não tem um counter, por isso nunca saberemos quem votou e em quê.
Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
O CARTEIRO

Todos os caminhos vão dar ao Médio-Oriente



Aqui no Belogue não somos alheios ao que se passa no mundo: não vivemos em galerias de arte a teorizar a possibilidade do infinito vertical, nem habitamos no nosso umbigo, embora pareça. Serve isto para explicar que o silêncio do Belogue à volta do que se passa no mundo israelo-árabe é tratado hoje porque só hoje o carteiro conseguiu reunir todas as peças do puzzle. Uma dessas peças foi a vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinianas a 26 de Janeiro deste ano., que surpreendeu pelo perigo de que parece ser portadora para um (ainda???) possível processo de paz.

No ano de 1930, após um governo minoritário, que não tinha o apoio dos alemães, o Parlamento elegeu cento e sete nazis onde antes só havia 12. Não havia maioria para governar os nazis juntaram-se à direita. Daí para a eleição de Hitler foi uma sucessão de infelizes acontecimentos. De lá para cá muito mudou e esta não é uma brincadeira Bush-Chavez para ver “Quem é mais parecido com o ditador”. Na altura o partido de Hitler ganhou, não porque apresentasse propostas para uma Alemanha desmoralizada com a derrota na Primeira Guerra Mundial, mas porque apresentava essa nação como a nação destinada a vencer. Incutiu no povo alemão uma espécie de orgulho, de desígnio nacional para a vitória que agora vemos com alguma sobranceria. Quem vota fá-lo consciente da responsabilidade que o conjunto em que o seu voto se insere pode ter no futuro, ou deposita num papel e numa caneta (visão ocidental das eleições que quem quiser pode substituir pelo carimbo na mão) o seu descontentamento pessoal. O voto pode não ser 100% o voto do nosso contentamento, mas pode ser 100% o voto do nosso descontentamento. Quem fez o Hamas ganhar fê-lo porque não tinha alternativa (o que é mau) ou porque acreditava nos ideais do partido, entre eles o não reconhecer o Estado de Israel (o que é pior)? Aliás, o não reconhecimento do Estado israelita bem como os constantes ataques e pressões a “quintais” palestinianos colocam o gato e o rato a correr um atrás do outro alternadamente: quem é hoje a vítima, amanhã vitima.

Para nos confundir mais e para agitar bem a pólvora surge (just in time for the oscar), um filme como Munique. Não vi o filme, mas pelo que sei, não conta a história com toda a veracidade com que se passou, correndo assim o risco de passar uma mensagem omissa quanto à verdade, ou não fosse Spielberg o arauto da verdade em Hollywood. Esperava-se de Spielberg, o menino bonito da Academia que não permite uma visão diferente do Holocausto (veja-se a forma como reagiu a “A vida é bela”), um chorrilho de clichés que nos remetesse para o eterno êxodo judeu, à semelhança do que conseguiu desencadear com “A Lista de Schindler”. Esperava que Spielberg na sua condição de judeu e fortemente apoiado na sua produção pelos judeus ortodoxos americanos, retratasse mais o ataque palestiniano do que a vingança israelita. E assim temos de novo os dados lançados: o povo israelita que começa como vítima e acaba como carrasco.

E da minha leitura da crítica do filme, passei para a leitura do livro “A conspiração contra a América”, que retrata a hipotética história de uma América governada por Charles Lindbergh, um célebre aviador americano com simpatia republicana anti-semita que se referia aos judeus americanos (apenas 3% da população da época) como os “mais vigorosos e eficazes empenhados em empurrar os EUA para um envolvimento na guerra”. No livro (e ainda vou no começo) a indignação perante a eleição de Lindbergh como candidato republicano à Casa Branca (e vencedor face a um confronto com Roosevelt), é comparada com o terror do progrom de 1907.

E justamente ontem passaram 103 anos dessa noite de 6 para 7 de Fevereiro em que se deu o primeiro progrom ou progrom de Kishinev. (Como já foi dito aqui num post antigo, os progroms eram perseguições e matanças perpetradas contra judeus e que aconteciam na Páscoa). Davam-se na Páscoa porque foi nesse dia 6 de Fevereiro, dia em que se comemorava a Páscoa Russa, que uma criança foi encontrada morta perto de Kishinev. Na altura, um jornal anti-semita avançou com a notícia de que a criança tinha sido morta por judeus (até se disse que para lhe retirar sangue para um ritual judeu), embora todos soubessem que tinha sido morta por um familiar, e que não se tratava de uma família judia. Gerou-se uma espiral de violência contra judeus que durou três dias: durante três dias foram mortos cerca de 47 judeus e houve cerca de 500 feridos ligeiros, fora os feridos graves e a destruição das casas pertencentes a judeus. Durante 3 dias a polícia nada fez.

Também ontem se comemorou uma triste data: os 48 anos do desastre aéreo de Munique. O avião em que seguia a equipa do Manchester United despenhou-se após três tentativas de descolar do aeroporto de Munique devido a uma tempestade de neve.

Chamem-nos pitagóricos ou vicidados em “pescadinhas de rabo na boca”, pero que las hay, las hay.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

A 6 de Fevereiro de 1918 morria Gustav Klimt.


Em 1902 participou, juntamente com outros artistas da Secessão Vienense numa exposição de homenagem a Beethoven. Para a exposição Klimt criou vários frisos, ou um friso com vários temas.

O que está na fotografia corresponde às Forças hostis, representadas por um gigante de olhos de madre-pérola contra quem até os deuses têm dificuldades de lutar. As filhas do monstro (cujo nome não sei) são as Górgonas (figuras da esquerda): doença, loucura e morte. Elas parecem mulheres bonitas, mas estão a ser manipuladas por uma figura horrenda. Atrás dela podemos ver máscaras cadavéricas.


A outra imagem diz respeito à lascívia, devassidão e intemperança. A Intemperança usa uma saia azul adornada de anéis de bronze e aplicações de madre-pérola, tem o tronco descoberto e é gorda.


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas. Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês.
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Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Para além do palavrão, este blog tem igualmente alergia a palavras como bejinhos, quiducha, fofinha, fofucha, e por aí...
sem título


Vanessa Redgrave no filme "The loves of Isadora"
Alguém com motorista que morre num carro?!!

Reprovada

- Obviamente!
- Obviamente porquê!?
- Vou dizer isto, mas não leves a mal: "Eu bem avisei".
- Perdeste uma boa oportunidade para ficar calado.
Neurónio 1 - Eu cá acho que isto não te diminui em nada.
- Fomos apresentados?
Neurónio 1 - Neurónio número 1, muito prazer.
- Eu diria o mesmo se estivesse a perceber isto. Então o outro é quem?
Neurónio 2 - Menina... nós somos muitos, andamos por todo o lado.
Neurónio 1 - E temos números como os jogadores de futebol.
Neurónio 3 - Mas o número das camisolas pode não corresponder ao número de neurónios que tem dentro de si. Como no futebol...
Neurónio 2 - Não sei se é bem assim! Não há jogadores com o número 453, e aqui há. Deve ser só de 1 a 99 no futebol.
Neurónio P - Se calhar não devíamos ter feito esta comparação.
- Neurónio P? Não tens um número como os outros? P de quê?
Neurónio P - P de precavido, ou como quem diz, sou o Advogado do diabo.
Neurónio 62 - Somos vários...
Neurónio 1 - Todos para te ajudar a perceber o Reprovada.
- Eu compreendo o Reprovada. Evidentemente tenho um défice de destreza no que diz respeito a carros.
Neurónio 1 - É como eu digo, não te diminui em nada.
- Gosto de ti. Podíamos sair um dia destes!
Neurónio P - Mas de carro não.
- Isso era uma piada?
Neurónio 31 - Ele bem tentou que fosse.
Neurónio 4- Esquece, é só uma máquina! Além disso sabes nadar.
Neurónio 2 - Sim, ela quer visitar o Porto e apanha o Douro, quer visitar Lisboa e apanha o Tejo. "Olhe, como é que eu faço para ir ter à Rua Mouzinho de Albuquerque? Apanha a próxima maré e vai".
Neurónio P - Maré é no mar.
Neurónio 1 - Chegou...
- Deixem-me estar. Reprovada é Reprovada. Há algo de errado comigo e escusam de chamar o resto dos vossos amiguinhos para me darem palmadinhas nas costas e passar a mão pela cabeça.
Neurónio P - Preferes ficar sozinha?
- E em silêncio, por favor...
Neurónio 31 - E o que é isto que a gente está a ouvir?
- Depeche Mode, porquê?
Neurónio 62 - Em silêncio para umas coisas e não para outras.
- Adeus!!!
Neurónio 4 - Ainda nos vais desejar na ponta dos teus dedos quando estiveres com as mãos num volante.
Neurónio 1 - Isso não altera nada em ti.
Neurónio 4 - Pois, pois. Não altera nada nela, mas altera na forma como ela se vê.
- Desamparem-me a loja.

domingo, fevereiro 05, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Na Formiga Bargante está um dos melhores (na opinião aqui do Belogue, o melhor) post dominical da Beluga. Vão lá ver. É sobre a caixa de Pandora. Para hoje, e porque a vida não são só blogs, fica aqui Marc Chagall (o casario ao fundo, um casal, um casamento, provavelmente). Bom Domingo


Marc Chagall
Sunday
1952-1954
Los Angeles County Museum of Art

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Um dia não muito longe não muito perto

Às vezes sabes sinto-me farto
por tudo isto ser sempre assim
Um dia não muito normal um dia quotidiano
um dia não é que eu pareça lá muito hirto
entrarás no quarto e chamarás por mim
e digo-te que tenho pena de não responder
de não sair do meu ar vagamente absorto
farei um esforço parece mas nada a fazer
hás-de dizer que pareço morto
que disparate dizias tu que houve um surto
não sabes de quê não muito perto
e eu sem nada pra te dizer
um pouco farto não muito hirto vagamente absorto
não muito perto desse tal surto
queres tu ver que hei-de estar morto?

"Um dia não muito longe não muito perto", Ruy Belo
O CARTEIRO



Joyce: Criei uma obra onde o Tempo é o tempo individual, o tempo de uma vida. É "Ulisses".
Woolf: Eu também. Criei "Orlando". O Tempo do meu narrador é o tempo de várias gerações, mas só visto por ele.
Joyce: Digo individual porque a obra dura um dia, um dia na vida da personagem principal, Ulisses.
Woolf: Tal como numa Odisseia mas concentrado?
Joyce: Sim. Acima de tudo, não é o Tempo que passa, mas a consciência dele.
Woolf: Percebo-o totalmente, Orlando também tem consciência do Tempo, mas mais do que isso, das mudanças que o tempo operou em si.
Joyce: Rugas?
Woolf: Antes fosse! O Tempo mudou-lhe o sexo e os gostos inerentes a essa mudança. Orlando começa homem e acaba mulher.
Joyce: Muitas páginas?
Woolf: Não as desejáveis para quatro séculos de história de vida.
Joyce: Curioso... O meu Ulisses é um vaidoso que se descreve em muitas páginas. Eu utilizei muitas páginas para descrever um só dia, você utilizou poucas para descrever quatro séculos.
Woolf: Sabe, às vezes penso que rematei a obra depressa demais, como um pintor que se esmera nos estudos preparatórios e depois cansa-se.
Joyce: Mas se Orlando tem consciência de si, que importa?
Woolf: O futuro não nos perdoará.
Joyce: Tudo se renova. O futuro guardará para si, caso a gente o mereça, o melhor das nossas obras. Outros virão que farão tudo de forma diferente. O futuro é uma semi-recta: tem princípio mas não tem fim.
Woolf: Tudo em mim me parece tão pouco...
Joyce: Não se subestime, todos somos pouco ou mesmo nada, mas por vezes superamo-nos. Ulisses superou-se no seu 16 de Junho.
Woolf: Curioso... Para Orlando o 16 de Junho de 1712 marca o momento em que passa do gosto de ser mulher para o desgosto.
Joyce: Sinto-a amargurada. Não quer dar uma volta?
Woolf: Não confio em si. Não confio no sexo masculino* assim como não confio no feminino.
Joyce: E não confia em si?!
...
Woolf: Vou caminhar...

Joyce voltou costas e Woolf caminhou em direcção ao rio Ouse de mãos nos bolsos a agarrar, como se fossem sapos vivos prontos a saltar, pedras.

* Virginia Woolf e a sua irmã Vanessa foram vítimas de abuso sexual por parte de dois meio-irmãos.
TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Sinto tanto a tua falta que até dói.
Dói sim.
Aqui no topo das costas,
na base da nuca.


Michelangelo Merisi da Caravaggio
Judith beheading Holofernes (pormenor da cabeça de Judite)
1598
Galleria Nazionale dell' Arte Antica, Roma
sem título



James Joyce nasceu há 124 anos. Fica aqui uma foto e um poema, Tutto è sciolto, que faz parte dos Pomes Pennyeach, poemas oferecidos a Erza Pound e que mais tarde foram editados em livro.


A birdless heaven, seadusk, one lone star
Piercing the west,
As thou, fond heart, love's time, so faint, so far,
Rememberest.

The clear young eyes' soft look, the candid brow,
The fragrant hair,
Falling as through the silence falleth now
Dusk of the air.

Why then, remembering those shy
Sweet lures, repine
When the dear love she yielded with a sigh
Was all but thine?
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

O Belogue vem por este meio convidar todos os seus leitores, comentadores, curiosos, simpatizantes, antipatizantes e outros que não me lembro para votarem nos prémios BELOGUE – 6 meses. O Belogue vai atribuir um Sevruga (medalha de bronze), um Osetra (medalha de prata) e um Beluga (medalha de ouro), a cada um dos posts escolhidos nas categorias: “Tão líricos que nós estamos”, “Coisas que eu não compreendo”, “O Carteiro”, “Discos Pe(r)didos” e, caso se justifique, para uma rubrica já terminada “Eu sou assim” e uma outra recorrente que se chama “Sem título”. Ou seja, vamos atribuir um Beluga, um Osetra e um Sevruga para o “Tão líricos que nós estamos”, e assim sucessivamente para as outras rubricas.
Para votar basta dar uma volta pelo Belogue (nos meses passados também, claro) e escolher aquele que acham o melhor post em cada uma das categorias, indicando a denominação, o dia e o mês. A votação pode ser feita nos comentários deste post, isto para evitar que as pessoas se retraiam, como provavelmente aconteceria se os votos apenas fossem aceites por e-mail.
Também são aceites por mail, pois este já foi corrigido. Está mesmo aqui em cima, no cabeçalho. Todos os posts, mesmo os mais recentes contam, por isso cada pessoa pode fazer várias escolhas. Mais uma vez digo que este blog não tem um counter, por isso nunca saberemos quem votou e em quê. Haverá igualmente um Belogue Carreira para os posts Beluga colocados na formiga Bargante e que podem ser consultados lá nos arquivos da Formiga.No dia 13 de Março, dia em que o Belogue faz 6 meses de existência (e acreditem que foi muito difícil chegarmos até aqui), os resultados da votação serão publicados.
TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

O que fazer quando Orlando acaba?



[sobre o amor]
"Perguntou-se quem até então amara. Que seres lhe haviam despertado a paixão? Uma velha, nada mais que pele e osso. Uma vasta comitiva de prostitutas de faces rosadas. Uma freira rezingona. Uma aventureira de boca cruel. Um monte de rendas e boas maneiras mas sem vontade própria. Para ele, o amor outra coisa não fora senão pó e cinza. Os prazeres que experimentara sabiam-lhe agora a nada. Admirava-se como fora capaz de passar por tudo aquilo aem bocejar." (pág. 25)

" (...) qual seria a forma mais simples de explicar o que é o amor. «Uma composição semelhante à que acabei de fazer é completamente falsa», argumentava, «pois não há libelinha capaz de viver no fundo do mar, salvo em circunstâncias excepcionais, claro. E, se a literatura não for a noiva e a amante da verdade, então que poderá ser? Mas isto é tudo muito confuso»" (...) (pág. 61)
"Pois o amor...bom, o melhor será pô-lo de parte por alguns instantes e contar as coisas tal como elas se passaram." (pág. 69)
"Pois o amor, ao qual podemos de novo regressar, tem duas faces: uma branca, outra negra, e dois corpos: um macio, outro áspero. Tem duas mãos, dois pés, duas unhas, para dizer a verdade, possui sempre dois exemplares do mesmo membro, e um é o oposto do outro. Contudo, encontram-se de tal forma ligados que é impossível separá-los." (pág.69)
"(...) Ao ouvir estas palavras, sentiu-se percorrida de um arrepio. As aves cantaram, as águas rolaram. Lembrou-se do prazer que sentira ao ver Sasha pela primeira vez, há centenas de anos. Nessa altura fora a sua vez de perseguir; agora competia-lhe fugir. Qual dos êxtases é o maior? O do homem, ou o da mulher? Serão eles equivalentes? Não, concluiu depois de ter agradecido e recusado o capitão. O feminino era mais deliciosa: recusar e vê-lo franzir a testa." (pág.90)
"Tentaram-se todos os subterfúgios para conseguir transmitir um pouco de calor aos sentimentos. Amor, nascimento e morte, tudo foi envolto nas mais belas frases. O abismo entre os sexos cavou-se ainda mais. Deixaram de se tolerar conversas abertas. Ambas as partes praticavam a dissimulação e as evasivas." (pág. 130)
"Terá Orlando feito alguma destas coisas? Oh, não, mil vezes não, Orlando nunca fez nada disto. Deveremos então admitir tratar-se ela de um desses monstros que não conhecem o amor? Gostava de cães, era fiel aos amigos, a generosidade em pessoa para com uma dúzia de poetas esfomeados, e revelava possuir uma enorme paixão por poesia. Mas o amor (...) nada tem a ver com ternura, fidelidade, generosidade ou poesia. O amor é deixar as roupas deslizar e ...." (pág. 152)

[sobre o enfado da vida]
"Depois vai ao canil do rei e compra-me o mais belo casal de galgos que encontrares. Trá-los sem demora. É que...», murmurou ele quando se voltava de novo para os livros, «já estou farto dos homens»." (pág. 58)
"(...) um homem capaz de não pensar duas vezes antes de encabeçar uma carga ou de se envolver num duelo - era dado à letargia própria do pensamento, sendo-lhe de tal forma susceptível que sempre que vinham à baila os problemas da poesia ou da sua competência nesse campo, se mostrava tão tímido como uma qualquer jovenzinha escondida atrás da saia da mãe." (pág. 61)
[sobre as mudanças]
"Orlando transformara-se em mulher - não vale a pena negá-lo" (...) "Para nós basta constatarmos o seguinte: Orlando pertenceu ao sexo masculino até aos 30 anos, depois do que se transformou em mulher, assim permanecendo." (pág. 81)
"(...) há o ter que ser casta todo o ano...»" (pág. 91)
"O certo é que não precisou de muito tempo para começar a perguntar-se a si mesma, pois só o cão, Pippin, lhe fazia companhia, o que poderia haver de errado consigo. Estava-se então numa terça-feira, 16 de Junho de 1712; acabara de regressar do grandioso baile realizado em Arlington House; (...)" (pág. 111)
"«É um lindo menino, 'minha' senhora» diz Mrs. Banting, a parteira, colocando o primeiro filho nos braços de Orlando. Por outras palavras, às 3 horas da manhã do dia 20 de Março, terça-feira, Orlando deu à luz um menino." (pág. 166)
"E então soou a décima segunda badalada da meia noite; a décima segunda badalada da meia-noite de quinta-feira, 11 de Outubro de 1928." (pág. 184)
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Devido aos últimos comentários na Formiga Bargante feitos em meu nome, venho por este meio dizer que assino SEMPRE como blogger. Nunca o fiz como anónima porque desde que criei o Belogue decidi o que queria e não queria da blogosfera. Não me maça nada que anónimos comentem no Belogue, espero é que não o façam no meu nome, nem em minha "casa", nem em casa dos outros. Juntamente com a restrição do uso do palavrão, esta é uma regra que espero ver cumprida. Ok?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Já recompostos, vamos a banhos:


Henri Matisse
Three Bathers
1907
Minneapolis Institute of Arts


Walter Richard Sickert
Bathers, Dieppe
National Museums, Liverpool


Sidney Nolan
Bathers
1943
Heide Museum of Modern Art, Austrália


Edward Henry Pothast
The Bathers
1915-1920
Wichita Art Museum
Para ler



[ao telemóvel]
- Qual foi o livro que pediste?
- Philip Roth, "A Conspiração Contra a América".
- "A Constipação contra a América"?
- Não. "A Conspiração..." Pi, pi... Conspiração.
- Constipação?
- Conspiração! Não estás a ouvir?
- É alguma coisa com a gripe das aves? Escolhes cada livro!
- Conspiração!! Onde é que estás? Não estás a ouvir ou estás a ficar tótó?
- Pronto, está bem. Até logo. Ela diz que é a "Constipação contra a América".
...
- Não!... Mas que caramba! Estás a ouvir? "Conspiração". Esse e o do Mao Tse Tung! Esquece, traz o que quiseres e o que na loja forem capazes de te vender.
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Hoje, e como é habitual há um texto do Belogue e da Beluga na Formiga Bargante. É sobre a Entartete Kunst e a Kunstkammern. Vá, vão lá ver. Tem muitas letras, mas também tem "bonecos"...