domingo, dezembro 18, 2005

O CARTEIRO

Os labirintos e o saber

Sei que tenho uma obsessão pel' "O Nome da Rosa" do Umberto Eco, mas é porque o livro está cheio de referências que por si davam um Carteiro. Uma vez numa conferência sobre o futuro da Europa ouvi um Carlos magno reverente a dizer em relação ao seu parceiro de conferência José Pacheco Pereira: "Eu gosto do Eco, como diria o Pacheco num dos seus livros". E gosto!
Alguém ainda se lembra do filme, de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery e o jovem Christian Slater no papel de Adso (Elementar meu caro Watson, elementar meu caro Adso). Se sim, podem continuar. Lembro-me que quando o jovem e o seu mentor finalmente conseguiram entar na parte vedada da biblioteca, aquela que supostamente escondia "A comédia" de Aristóteles, era em tudo semelhante a isto, de Escher:


Escher
Relativity

E que a planta da biblioteca era octogonal. Esta ideia de associação da área de conhecimento ao número parece estar igualmente relacionada com o mito de Teseu e do labirinto de Cnossos. O herói perdido no labirinto chega a um centro (o centro do problema onde se encontra o Minotauro) e de lá só sai com a ajuda exterior do fio de Ariane, ou seja, a ajuda do Amor. Eco foi influenciado pela "Biblioteca de Babel" de Jorge Luis Borges escrita em 1941, que apresenta o Universo; ou seja, a Biblioteca como uma relação infinita de galerias hexagonais. (Penso que Eco utilizava como forma base da planta da sua biblioteca o octógono).

A Biblioteca de Eco está repleta de referências platónicas e pitagóricas como por exemplo na disposição do espaço associado à ordem do Universo e esta ao número. Porém, nenhuma das personagens saiu de lá de dentro graças à força do Amor, como Teseu, mas antes graças ao poder da Inteligência.

Este post é uma chatice, não é?